“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na
terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas
dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes
cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória
para sempre. Amém”.
Mateus 6.9-13
O texto de Mateus 6.9-13 tem sido conhecido com “A oração do Pai Nosso”. De
acordo com Mateus 5.1, o Senhor Jesus subiu ao monte e, assentando-se, começou
a ensinar os seus discípulos. A oração, conhecida como “O Pai Nosso”,
encontra-se inserida neste contexto. Assim, melhor seria chamá-la de “A oração
dos discípulos” ou, considerando que os discípulos são filhos de Deus, chamá-la
de “A oração dos Filhos”.
O Senhor Jesus ensina seus discípulos a orarem ao único Deus e Pai de todos
(Efésios 4.6).
“A oração dos Filhos” encontra-se
estruturada em duas partes principais: uma vinculada a Deus e a outra vinculada
aos homens. Assim é a nossa vida: de um lado, somos peregrinos nesta terra -
vinculados a Deus (Salmo 119.19) e de outro, somos luz do mundo e sal da terra
- vinculados aos homens (Mateus 5.13-14).
Como peregrinos, sabendo que nossa pátria não é aqui e
confessando que somos estrangeiros na terra, manifestamos nossa procura por uma
pátria celestial (Hebreus 11.13-16). Como luz do mundo e sal da terra, vivemos
neste mundo manifestando uma singular marca espiritual, qual seja, o bom
perfume de Cristo (II Coríntios 2.14-16). Como peregrinos estamos vinculados a
Deus e como luz do mundo e sal da terra, estamos vinculados aos homens.
Esta oração é a oração da nossa vida. Na parte em que estamos
vinculados a Deus, “A Oração
dos Filhos” apresenta três
súplicas importantes: 1) Santificado seja o nome do Pai; 2) Venha o Reino do
Pai; e 3) Prevaleça a vontade do Pai.
Na parte em que estamos vinculados aos homens, “A Oração dos Filhos” apresenta, igualmente, três
súplicas: 1) Dá-nos o pão de cada dia; 2) Perdoa as nossas ofensas; e 3) não
nos deixes cair em tentação. Nesta parte, a oração afasta a individualismo
próprio da humanidade. Observe que não se ensina a pedir o pão para um, o
perdão para um e a libertação da tentação para um. O pedido é plural, inclui
outras pessoas. Na parte em que nos vincula aos homens, a oração nos libera do
egoísmo, do individualismo e nos estimula a chorar com os que choram, a ter o
mesmo sentimento uns para com os outros (Romanos 12.15-16).
A estrutura da “Oração
dos Filhos” pode ser resumida
na síntese que Jesus fez dos mandamentos: 1) “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus,
de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda
a tua força.”, e 2) “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Marcos 12.28-34).
“A Oração dos Filhos” é a
oração do amor a Deus e ao próximo.
Que Deus nos ajude a incluir em nossas orações as petições
voltadas para o Seu Reino e para os homens. Que sejamos livres que nos
aprisionarmos nas orações egoístas e individualistas e que possamos contemplar
o Reino de Deus e os destinatários deste Reino.
A.
M. Cunha