Os teólogos costumam
fazer uso do vocábulo “encarnação” para descrever o processo por meio do
qual Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores! Nesta breve Série,
nós faremos uso da ideia por trás deste do vocábulo “encarnação”, para
transmitirmos algumas reflexões em torno do processo da encarnação de Cristo,
que aqui denominaremos de “humanização de Cristo”, tudo com o propósito
de identificar algumas posturas por Ele adotadas e, a partir de tais posturas, tentarmos
extrair algumas lições que possam orientar qual deve ser a nossa postura nesta
vida! Ressaltamos, ainda, que nesta Série, denominaremos essas posturas de “Aspectos
Práticos da Vida Cristã”!
Sendo assim, para
compreendermos os aspectos práticos da vida cristã, será imprescindível e
extremamente revelador seguirmos os passos de Cristo, pois Ele é o nosso modelo!
O que Ele fez é a expressão de tudo aquilo que nós devemos fazer! Por
conseguinte, identificaremos, ao longo desta Série, algumas posturas adotadas
por Cristo para que compreendamos qual deve ser a nossa postura Cristã durante
os dias em que estamos peregrinando nesta Terra!
Inicialmente, faremos uma
breve análise do modo como as ações ocorreram durante o processo de humanização
de Cristo! Vejamos, portanto, alguns preciosos versículos da Palavra de Deus:
“No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele,
e, sem ele, nada do que foi feito se fez.”
João 1:1-3
Cristo foi apresentado
nestes versículos com “O Verbo Divino”, como “Deus”, como “Criador de todas as
coisas”. Sem ele, nada do que existe existiria! Este texto mostra onde Cristo
estava no princípio: No melhor ambiente para se viver – Na presença do Pai e em
comunhão com o Espírito Santo. A escritura denomina este lugar de “Pátria
Celestial”!
Enquanto Cristo
desfrutava deste glorioso ambiente de comunhão, a humanidade estava vivenciando
um profundo estado de perdição, o extremo oposto desta “Pátria Celestial”! O
texto de Romanos 3:23, assim descreve a condição humana: “pois todos pecaram e
estão destituídos da glória de Deus”.
A humanidade, sem nenhuma
exceção, foi descrita neste versículo como sendo formada por pecadores que
estão afastados da glória de Deus! A humanidade, portanto, foi descrita como imersa
no pecado, cujo salário, conforme Romanos 6:23, é a morte!
Cristo, porém, não se
manteve em estado de inércia diante do deplorável estado espiritual no qual a
humanidade se encontrava. Os textos de João 1:14 e Filipenses 2:5-8 são extremamente
reveladores quanto o que Cristo fez diante deste deplorável estado:
“E
o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos
a sua glória, glória como do unigênito do Pai.”
João 1:14
“Tende
em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele,
subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes,
a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança
de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se
obediente até à morte e morte de cruz.”
Filipenses 2:5-8
De acordo com estes textos,
Cristo abandonou o lugar onde estava, esvaziou-se a Si mesmo e assumiu uma nova
forma, a forma humana. Por que Cristo tomou tal decisão? A resposta é, porque Ele
contemplou a situação da humanidade caída e compadeceu-se do seu deplorável
estado espiritual.
Outro texto bíblico que é
muito importante para a nossa análise é o texto de Gálatas 4:4-5, que nos diz o
seguinte:
“vindo,
porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a
adoção de filhos.”
Esse precioso texto
bíblico anuncia que o homem seria resgatado por Cristo e receberia uma nova natureza:
A natureza de filho de Deus! O homem seria, portanto, libertado da
escravidão de pecado! Isso somente foi possível porque Cristo tomou a decisão
de esvaziar-se a Si mesmo e assumir a forma humana, com o propósito de morrer
para que todo aquele que nele cresse pudesse obter a vida eterna!
Vejamos mais um importante
texto bíblico:
“Nisto
conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida
pelos irmãos.”
1
João 3:16
Este texto possui duas
cruciais informações: Em primeiro lugar, vemos que Cristo deu a Sua vida por
nós. Em segundo lugar, somos confrontamos com o mandamento de que nós devemos
dar a nossa vida pelos irmãos! Noutras palavras, o texto bíblico apresenta a
seguinte orientação: Se agirmos do mesmo modo como Cristo agiu, nós seguiremos
os Seus passos!
Sim irmãos, todo este
conjunto de textos bíblicos serviu de base para que pudéssemos compreender que
Cristo é o nosso modelo! Há uma crucial informação em tudo isso: Para mudar
a nossa vida, Cristo mudou a dele! Ele saiu do lugar onde estava, mudou a
Sua forma, esvaziou-se a Si mesmo: Tudo para mudar a nossa vida! Por conclusão,
podemos inferir que se quisermos mudar a vida de alguém, precisamos mudar a
nossa própria vida!
A essa radical e
importante mudança denominaremos de “humanização”. A humanização de
Cristo está muito claramente descrita em Filipenses 2:5-8, onde se diz que Ele
esvaziou-se a Si mesmo, assumiu a forma de homem. Noutras palavras, Ele
penetrou na vida cotidiana dos homens! Foi desta forma que Cristo humanizou-se,
pois passou a fazer parte da vida dos homens, tudo com o propósito de lhes
oferecer uma oportunidade para serem transformados para sempre!
Quando olhamos para a
nossa vida, o que percebemos? Normalmente, desfrutamos de uma vida espiritual
particular, pois ficamos presos em nosso cantinho individual – vivendo de nós
para nós mesmos! Se continuarmos assim, nossa visão será limitada. Veremos
apenas o que está em nosso “mundo particular” e jamais veremos as outras
pessoas, ou sentiremos necessidade de ajudá-las, ou de compartilhar suas
alegrias e suas dores! É por isso que precisamos de humanização! Precisamos
sair de nosso mundo particular e penetrar na vida cotidiana das pessoas que
estão ao nosso redor! Em resumo, DEVEMOS PRATICAR JOÃO 1:14. O
nosso “mundo particular” é a nossa vida, a nossa casa, o nosso templo, o nosso
cantinho de vida. Porém, assim como Cristo, nós devemos experimentar o processo
de humanização, e, por conseguinte, experimentarmos uma mudança em nossa
vida para que possamos auxiliar na mudança da vida de outras pessoas. Se
fizermos isso, tornaremos João 1:14 uma realidade em nossa vida!
A.
M. Cunha