“E certo
estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de
bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos
outros”
Romanos
15:14
A
Escritura claramente prescreve a necessidade de que os membros do Corpo de
Cristo pratiquem a mútua admoestação.
O critério eleito pela Escritura, à luz de Romanos 15:14, para esta aptidão é o
seguinte: o discípulo de Cristo apto para admoestar deve ser “possuído de bondade” e “cheio de todo conhecimento”. Assim, o
limite da admoestação é a bondade e o conhecimento. Não se deve promover
admoestação se o coração não estiver motivado pela bondade, bem como, não se
deve promovê-la além do conhecimento obtido, por uma dupla razão:
1) A
admoestação sem bondade promoverá o surgimento de feridas e rupturas na
comunhão cristã; e
2) A
admoestação não será eficaz se for promovida sem o devido conhecimento.
Quanto ao
limite da admoestação pelo conhecimento obtido, nunca é demais lembrar que a
Escritura apresenta a busca do conhecimento de Deus como uma atividade contínua
do discípulo de Cristo [Colossenses 1:10], pois tal busca é uma expressão da
vontade de Deus, conforme podemos observar em I Timóteo 2:4.
A
Escritura ordena que cresçamos no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo [II Pedro 3:18]. Assim, a ausência de conhecimento não pode servir de
desculpa para não promover a admoestação bíblica, pois o discípulo de Cristo é
chamado a crescer no conhecimento de Jesus Cristo. Portanto, o cristão não pode
ser relapso na busca do conhecimento, caso contrário, não adquirirá a aptidão
para admoestar e, por fim, não promoverá a edificação do Corpo de Cristo.
O próprio
apóstolo Paulo aplicava em sua vida estes dois limites; senão vejamos: 1) Ele
promovia sua admoestação a partir do conhecimento que obteve ao longo de sua
jornada espiritual. É isto o que entendemos da leitura de Romanos 15:18, que
nos diz o seguinte: “não ousarei
discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu
intermédio”; e 2) Paulo promovia sua admoestação a partir de um coração
cheio de bondade. É o vemos em Romanos 15:1, quando Paulo afirma que “nós que somos fortes devemos suportar as
debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos”. O que é isto, senão
a expressão de um coração cheio de bondade? Por fim, devemos alertar que tais
limites não devem ser observados apenas por aquele que admoesta, mas também por
aquele que recebe a admoestação. Desta forma, a recusa em receber uma
admoestação pode revelar a existência de um duplo problema na vida do discípulo
de Cristo: 1) Ausência do domínio da bondade; e 2) Ausência de conhecimento. Um
coração bondoso e cheio de conhecimento está apto para receber a admoestação. É
por isso que o apóstolo Paulo utiliza a expressão “uns aos outros”.
A admoestação,
no entanto, não deve ser apenas oferecida aos outros, deve também ser recebida
por nós, pois não fomos chamados apenas para oferece-la, mas também para recebe-la.
É exatamente nesta dupla via, quanto a admoestação vai e vem, que a igreja
experimenta uma poderosa e vívida edificação, pois uma das evidências da saúde
de uma igreja é a existência de uma mútua atmosfera de admoestação. Os limites
para a admoestação recebida são os mesmos adotados na admoestação oferecida, ou
seja, estar “possuído de bondade” e “cheio de todo conhecimento”!
A. M.
Cunha