No livro de Números Deus fala com
Seu povo dando-lhes instruções sobre o serviço e a vida durante o deserto, no
que se refere ao acampamento e à marcha do povo em direção à Terra Prometida.
Neste livro, somos apresentados ao fracasso do povo de Israel em ouvir a voz de
Deus, em razão do qual, o povo passaria a peregrinar pelo deserto por 40 anos,
até que duas coisas acontecessem: A primeira delas, seria a morte de toda
aquela geração incrédula e a segunda, por sua vez, seria o surgimento de uma
nova geração que, por fim, entraria na Terra Prometida.
Deus, ao falar com o Seu povo,
deu-lhes valiosas instruções quanto ao serviço e à vida enquanto estivessem
peregrinando pelo deserto, que, sem dúvida, era um lugar inóspito e que
oferecia condições severas e perigosas para aqueles que por ele peregrinavam.
Como deveria ser a relação do povo com o deserto, uma vez que este lugar era
apenas uma etapa em sua jornada para a Terra Prometida? Deus mesmo se encarregou
de oferecer valiosas instruções ao Seu povo.
Nós, assim como o povo de Israel,
não temos neste mundo nossa morada final, pois Deus preparou para nós uma Terra
Prometida, assim como prometeu ao povo Hebreu. Qual deve, portanto, ser nossa
relação com este mundo, uma vez que este lugar não é nossa morada final? Penso
que devemos observar com especial cuidado, as mesmas orientações que Deus
ofereceu ao povo de Israel quanto ao modo como eles deveriam se relacionar com
o deserto.
Com isso em mente, gostaria de
apresentar quatro preciosas lições extraídas das orientações de Deus ao Povo de
Israel quanto ao modo como deveriam se relacionar com o deserto.
1.
O DESERTO, EMBORA NÃO SEJA UM LUGAR PARA MORADA DEFINITIVA, É O LUGAR ONDE DEUS
FALA:
“No
segundo ano após a saída dos filhos de Israel do Egito, no primeiro dia do
segundo mês, falou o Senhor a Moisés,
no deserto do Sinai, na tenda da congregação”.
Números
1:1
A Tenda da Congregação passou a
ser o lugar a partir do qual o Senhor falava com Moisés. O lugar onde Deus
começou a falar com o Seu povo foi o deserto, no ardor de uma sarça solitária
no deserto. Depois o Senhor passou a falar do monte que fumegava. Mas agora,
conforme o registro do livro de Números, o Senhor fala a partir da tenda da
congregação. Atualmente somos o tabernáculo do Senhor, por isso Ele fala a
partir de nós. Somos todos falhos e imperfeitos instrumentos. Assim, temos a
Palavra divina que se nos torna o guia diário de nosso falar. Nada do que se
fala pelo Senhor pode contrariar o que o Senhor já nos falou em Sua Palavra.
2.
O DESERTO, EMBORA NÃO SEJA UM LUGAR PARA MORADA DEFINITIVA, É UM LUGAR DE
BATALHA:
“Levantai
o censo de toda a congregação dos filhos de Israel, segundo as suas famílias,
segundo a casa de seus pais, contando todos os homens, nominalmente, cabeça por
cabeça. Da idade de vinte anos para cima, todos os capazes de sair à guerra em
Israel, a esses contareis segundo os seus exércitos, tu e Arão. [...] todos os
contados foram seiscentos e três mil quinhentos e cinquenta”.
Números 1:2-3 e 46
A quantidade de israelitas
capazes de sair à guerra e que estavam peregrinando no deserto era de
seiscentos e três mil quinhentos e cinquenta. Isto revela que Deus cumpriu Sua
promessa registrada em Gênesis 22:17 – Cumpriu o aspecto quantitativo
[descendência multiplicada] da Sua promessa e também cumpriu o aspecto
qualitativo [descendência capacitada para a guerra] dessa promessa.
3.
O DESERTO, EMBORA NÃO SEJA UM LUGAR PARA MORADA DEFINITIVA, É UM LUGAR ONDE
PODEMOS E DEVEMOS CONSIDERAR DEUS COMO O CENTRO DE NOSSAS VIDAS:
“Disse o
Senhor a Moisés e a Arão: Os filhos de Israel se acamparão junto ao seu
estandarte, segundo as insígnias da casa de seus pais; ao redor, de frente para
a tenda da congregação, se acamparão.”
Números 2:1-2
Os israelitas estiveram
peregrinando pelo deserto, numa exaustiva, porém, transformadora jornada,
durante 40 anos. Nesse período eles passaram a habitar em tendas, que poderiam
ser facilmente montadas e desmontadas enquanto eles seguiam, dia após dia, com
sua jornada pelo deserto. Havia também um centro de adoração, a tenda da
congregação, de onde Deus, de acordo com Números 1:1, falava com o Seu povo. O
capítulo 2 de Números demonstra que Deus estabeleceu como seria o acampamento
dos israelitas durante sua vida no deserto. Números 2:2 afirma que os “filhos
de Israel se acamparão junto ao seu estandarte, segundo as insígnias da casa de
seus pais; ao redor, de frente para a tenda da congregação, se acamparão”. De
acordo com essa descrição, a tenda da congregação, o lugar de onde Deus falava,
seria o centro do acampamento dos israelitas. Hoje, enquanto peregrinamos por
este mundo, que é o deserto onde nós peregrinamos, temos o mesmo arranjo
divino. O modo mais seguro por meio do qual seremos bem sucedidos em nossa
jornada neste mundo, assim como os israelitas em sua jornada no deserto, será
tendo Deus e Suas verdades como o centro de nossas vidas!
4.
O DESERTO, EMBORA NÃO SEJA UM LUGAR PARA MORADA DEFINITIVA, É UM LUGAR ONDE
ENCONTRAMOS OPORTUNIDADE E A CONDIÇÃO PARA ABENÇOAR:
“O Senhor
te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha
misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.”
Números
6:24-26
O versículo 23 contém um
mandamento grandioso: “Assim abençoareis os filhos de Israel”. Porém, trata-se
de uma benção mediante uma declaração, por isso se diz: “e dir-lhes-eis”. Em
outras palavras, as gerações futuras do povo de Deus seriam abençoadas a partir
dos lábios do próprio povo de Deus. A benção somente seria efetivada a partir
de declarações, ou seja, de pronunciamentos proferidos pelo povo de Deus. O
conteúdo da benção era tríplice: proteção [“O [...] te guarde”]; misericórdia
[“o Senhor [...] tenha misericórdia de ti”]; e paz [“o Senhor [...] te dê a
paz.”]. O povo que habitará na Terra Prometia é o povo protegido, alcançado
pela misericórdia e que desfruta a verdadeira paz.
A.
M. Cunha