O capítulo 19 do Evangelho Segundo João relata os
últimos momentos de Jesus antes de sua morte. Ele estava diante de Pilatos:
Havia sido acoitado [João 19.1], tornou-se alvo de zombaria por parte dos
soldados [João 19.2], tendo, inclusive sido esbofeteado [João 19.3]. Após isto,
Pilatos, não encontrando em Jesus crime algum, o apresentou ao povo com as
seguintes palavras: “Eis o homem!”
[João 19.4-5]. Com medo de que Jesus fosse solto, os judeus clamavam: “Se soltas a este, não és amigo de César!
Todo aquele que se faz rei é contra César!” [João 19.12]. Diante disso,
Pilatos o apresenta aos judeus com as seguintes palavras: “Eis aqui o vosso rei.” [João 19.14]. Meras palavras, porém, se
dissolvem como as nuvens. Pilatos registra por escrito este título de Jesus. O
anúncio é claro: “Jesus Nazareno, o rei
dos judeus” [João 19.19]. E ele o faz em hebraico, latim e grego [João
19.20]. O título é, portanto registrado na língua da religião [hebraico], na
língua do Império [latim] e na língua da intelectualidade [grego]. O mundo
inteiro estava representado nestes três idiomas. É como se todos devessem saber
que Jesus Cristo é o Rei dos Judeus! Este título, no entanto, é pouco para a
grandiosidade do crucificado. O apóstolo Paulo, de acordo com Filipenses
2.10-11, o amplia ainda mais, ao afirmar que todo joelho, nos céus, na terra e
debaixo da terra, há de se dobrar diante do nome de Jesus e toda língua
confessará que Jesus Cristo é Senhor! Muito mais do que homem, muito mais do
que rei, Jesus é Senhor! Um mero homem, ou mesmo um rei pode ser crucificado,
mas não um Senhor Soberano! Esta ideia está implicitamente compreendida nas
seguintes palavras de Jesus: “[...] porque eu dou a minha vida para a reassumir.
Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou.”
[João 10.17-18]. O Cordeiro de Deus, muito além do que homem, muito mais do que
rei, não foi meramente crucificado. Como Senhor que é, Todo-Poderoso Senhor, Jesus
deixou-se ser crucificado! Sim, este foi um ato do amor divino, pois “[...] Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” [Romanos
5.8].
A. M. Cunha