“Assim,
tomou Boaz a Rute, e ela passou a ser sua mulher; coabitou com ela, e o Senhor
lhe concedeu que concebesse, e teve um filho. Então, as mulheres disseram a
Noemi: Seja o Senhor bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que será
teu resgatador, e seja afamado em Israel o nome deste. Ele será restaurador da
tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e
ela te é melhor do que sete filhos. Noemi tomou o menino, e o pôs no regaço, e
entrou a cuidar dele. As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A Noemi nasceu um
filho. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi. São estas,
pois, as gerações de Perez: Perez gerou a Esrom, Esrom gerou a Rão, Rão gerou a
Aminadabe, Aminadabe gerou a Naassom, Naassom gerou a Salmom, Salmom gerou a
Boaz, Boaz gerou a Obede, Obede gerou a Jessé, e Jessé gerou a Davi.”
Rute
4:13-22
Esta
é a narrativa final do livro de Rute. Um extraordinário desfecho para um dos
mais belos livros da Escritura. Nele vemos uma poética e tipológica narrativa
da história da redenção! Seu final não poderia ser mais apoteótico! O último
nome registrado neste livro é Davi!
Nosso
foco, porém, aqui, não será a pessoa de Davi, mas Obede, seu avô! Os dez
versículos acima apresentam o nascimento do avô de Davi. Obede, cujo nome
significa “servo” tem o seu nascimento narrado a partir de bela descrição
bíblica. Três pontos devem ser destacados aqui:
[1]
Seu nascimento foi obra das mãos divinas. O texto bíblico afirma “e o Senhor lhe concedeu que concebesse, e
teve um filho” [Rute 4:13]. Como imagem do resgate de uma geração, como um
belo quadro que evidencia o modo extraordinário como Deus resgatou a história
de Noemi, sogra de Rute, o nascimento de Obede somente poderia ter sido, como
de fato foi, uma obra das mãos de Deus!
[2]
Seu nascimento foi caracterizado por um magnífico conteúdo profético. Feliz é
aquele que está cercado por pessoas que carregam a palavra profética do Senhor!
Noemi estava cercada por pessoas assim, as quais disseram: “Seja o Senhor bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que
será teu resgatador, e seja afamado em Israel o nome deste. Ele será
restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama,
o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos” [Rute 4:14-15]. A
palavra profética consola [“um neto que
será teu resgatador ... Ele será restaurador da tua vida e consolador da tua
velhice”] e confirma as mais íntimas convicções da alma humana [“tua nora, que te ama ... ela te é melhor do
que sete filhos”].
[3]
Quem discerne a obra de Deus na história e tem a sua vida marcada por um forte
conteúdo profético será inexoravelmente despertado para o cuidado da semente de
uma geração! O texto é enfaticamente revelador ao afirmar que “Noemi tomou o menino, e o pôs no regaço, e
entrou a cuidar dele.” [Rute 4:16].
A
palavra cuidar tem sua origem no hebraico אָמַן
[‘aman], cujo sentido está amplamente carregado
de belas significações espirituais: apoiar, confirmar, ser fiel, manter, nutrir.
Por vezes era usada para designar os pilares e suportes da porta. Tem ainda o
sentido de ser estável, ser fiel, firmar, acreditar, confiar, crer. Há casos em
que esta palavra descrevia o ato de ser carregado por uma enfermeira. Quem foi
cuidado adquire a condição de estar firmado, certificado, confirmado, estável,
seguro, ser duradouro. Quem foi adequadamente cuidado é digno de confiança, é fiel,
permanece firme, é capaz de confiar, tem convicções firmes, está apto para acreditar.
Todas estas acepções foram extraídas do conteúdo semântico do vocábulo hebraico
אָמַן.
A.
M. Cunha
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