O
monte da transfiguração, conforme narrativa contida no capítulo 17 do Evangelho
Segundo Mateus, foi o local para o qual Jesus convidou três dos Seus
discípulos: Pedro, Tiago e João. A expressão “tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em
particular, a um alto monte” [Mateus 17:1], sugere que aquele local havia
sido escolhido para ser o ambiente onde os discípulos escolhidos experimentariam
uma particular, intensa e profunda
comunhão com Jesus. Eles presenciaram a transfiguração, ocasião em que o rosto
de Jesus “resplandecia como o sol, e as
suas vestes tornaram-se brancas como a luz” [Mateus 17:2]
Duas
figuras singulares do Velho Testamento apareceram nesse ambiente: Moisés,
representante do Pentateuco, portanto, da Lei Divina e Elias, representante dos
Profetas. O texto de Mateus 17:3 assegura que Moisés, Elias e Jesus dialogavam
entre si. O evangelista Lucas apresenta-nos um vislumbre daquele diálogo ao
assinalar que “Eles falavam com Jesus a
respeito da morte que, de acordo com a vontade de Deus, ele ia sofrer em
Jerusalém” [Lucas 9:31]. Dessa narrativa emerge o entendimento de que o
Pentateuco e os Profetas apontam, a um só tempo, para a morte de Jesus,
anunciando-a como estando em conformidade com a vontade de Deus.
Em
meio ao cenário da transfiguração, Pedro começou a falar [Mateus 17:4].
Aparentemente, ele interrompeu do diálogo celestial entre Cristo e os
representantes do Velho Testamento, Moisés e Elias. O conteúdo do discurso de
Pedro tinha aparência de piedade, pois ele ofereceu seus esforços para
edificarem três tendas: Uma para Cristo, uma para Moisés e uma para Elias. Nenhum
assunto humano, ainda que tenha a mais vistosa aparência piedosa, poderia
interromper um diálogo celestial. A expressão “Falava ele ainda” [Mateus 17:5], juntamente com a expressão “e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia:
Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” [Mateus 17:5] foi
o sinal de que Deus desejava restabelecer o diálogo celestial que havia sido
interrompido, conferindo ao Seu filho a primazia no direito de ser ouvido. Dessa
forma, os discípulos foram desafiados a ouvir apenas a Jesus [Mateus 17:5].
O
pavor tomou conta dos discípulos ao ouvirem a voz como de muitas águas vinda da
nuvem [Mateus 17:6]. Eles “caíram de
bruços, tomados de grande medo”. O maravilhoso Jesus, porém, não os deixou sozinhos:
Ele se aproximou, tocou-lhes com ternura e anunciou-lhes uma preciosa palavra
de encorajamento: “Erguei-vos e não
temais!”.
Sob
a influência do toque divino e protegidos pelo consolo que adveio do divino
falar, os discípulos ergueram os seus olhos e “a ninguém viram, senão Jesus” [Mateus 17:8].
A.
M. Cunha
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