O sol entra sorrateiramente em
minha sala enquanto medito nas Escrituras. Há pouco menos de duas horas, nesta
mesma sala, o sol não irradiava a sua luz. O ambiente estava tomado pela escuridão.
A vida é repleta destes encontros de opostos: alegria e tristeza, saúde e
doença, riqueza e pobreza, entre tantos outros. Até mesmo no ambiente da
espiritualidade estes opostos podem ocorrer. O capítulo 9 do Evangelho do
Evangelho Segundo Marcos revela-nos um destes encontros, quando um pai, aflito
com seu filho possesso por um espírito mudo, procura Jesus. Tomado por cruéis
angústias, aquele pai disse a Jesus: “Roguei
a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam.” [Marcos 9:18].
Após fazer um breve relato sobre o tempo e as condições suportadas pelo jovem
desde a possessão, o aflito pai dirigiu a Jesus as seguintes palavras: “se tu podes alguma coisa, tem compaixão de
nós e ajuda-nos.” [Marcos 9:22]. Em resposta, Jesus lhe disse: “Se podes! Tudo é possível ao que crê.”
[Marcos 9:23]. Foi exatamente neste ponto que o Pai exclamou, em lágrimas: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!”
[Marcos 9:24]. É como se ele dissesse: “Eu
creio, mas não o bastante”! Aquele pai somos nós, pois, por vezes, a nossa
existência sofre o impacto da descoberta de que “cremos, mas falta-nos fé”! Eis
o paradoxo: Promover uma declaração de fé, desprovida de fé! Calma, é confuso
mesmo! É paradoxo, é luz e trevas, é dia e noite! Somos assim mesmo: nossos
lábios podem declarar uma fé que não temos! Resta-nos, portanto, uma coisa:
Achegarmo-nos a Cristo e clamar: Ajuda-me
na minha falta de fé! O glorioso Cristo, pleno em ternura e amor há de nos socorrer!
A.
M. Cunha
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