Uma das características
do ministério de Jesus foi a escolha de seguidores. Levi, conhecido como
Mateus, por exemplo, foi alvo do seguinte chamado de Jesus: “Segue-me!” [Mateus 5.27]. O conteúdo
das palavras desse chamado, em sua essência, revelava o fato de que o seguidor,
caso pretendesse seguir Jesus adequadamente, deveria manter-se perto o
suficiente dele para, de fato e com constante aprendizado, ouvir os Seus
ensinamentos, obedecer as Suas ordens e seguir o Seu exemplo. Tal fato pode ser
adequadamente percebido na expressão “junto
dele”, contida no texto de Marcos 3.13, que nos diz: “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram
para junto dele”. O capítulo 22 do Evangelho de Lucas, no entanto, demonstra
que um dos seguidores de Jesus, o apóstolo Pedro, não observou à risca este
princípio, pois o texto bíblico afirma que “Pedro
seguia de longe” [Lucas 22.54]. Manter-se longe de Jesus é uma conduta
perigosa que, inclusive, poderá fazer com que o seguidor de Cristo trilhe os tortuosos
caminhos do esfriamento espiritual que culminam com a trágica atitude de negá-lo.
Foi exatamente isso o que Pedro fez, e o fez por três vezes: “Mulher, não o conheço” [Lucas 22.57], “Homem, não sou” [Lucas 22.58] e “Homem, não compreendo o que dizes”
[Lucas 22.60]. A cruel negação de Pedro foi drasticamente interrompida pelo
canto do galo. O silêncio que se seguiu reverberava com inquietante estrondo na
vulnerável alma do apóstolo. Dois foram os reflexos que se seguiram: Em
primeiro lugar, Pedro lembrou-se da Palavra do Senhor que previamente havia
sido proferida para revelar a fragilidade das suas convicções no que se refere
a sua disposição em seguir o divino mestre. Em segundo lugar, Pedro,
abandonando o lugar da queda [por isso se diz “Então, Pedro, saindo dali”], vê-se imerso no amargo choro de uma
alma que percebeu o seu próprio fracasso.
Caso tais momentos de
afastamento nos atinjam, que o Senhor nos dê abundante graça para sermos
sensíveis o suficiente, a ponto de percebermos o Seu olhar, e, a partir dele,
lembrarmo-nos de Sua Palavra e assim, arrependidos de fato de Tê-lo negado,
corrermos velozmente ao encontro do Seu abraço acolhedor.
A. M. Cunha
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