Quando nos deparamos com
alguém que está desanimado demais para prosseguir e cansado o bastante para
continuar esperando, não raro costumamos dizer que a vida é um processo. Contudo,
quantos de nós já paramos para verificar o que realmente significa a palavra “processo”?
Uma das definições que o Dicionário
Michaelis apresenta para a palavra “processo” é a seguinte: “Sequência
contínua de fatos ou fenômenos que apresentam certa unidade ou se reproduzem
com certa regularidade; andamento, desenvolvimento”. Noutras
palavras, “processo” é o conjunto de fatos ou fenômenos que ocorre ao longo do
tempo fazendo com que determinado resultado aconteça.
Nosso objetivo com a
lição de hoje é compreender como aconteceu o processo de humanização de Cristo.
Portanto, precisamos ter em mente que uma das nossas tarefas como discípulos de
Jesus é reproduzir, em nosso viver cristão diário, um processo de humanização semelhante
ao que Cristo experimentou! Como se processou a humanização de Cristo? Este é o
questionamento que pretendemos responder nesta lição. Ousamos afirmar que o
processo de humanização de Cristo foi concluído porque três importantes
fenômenos ocorreram em sua biografia: A visão da necessidade, a convicção da
necessidade e o suprimento da necessidade! Vejamos uma breve exposição de cada
um desses fenômenos:
A VISÃO DA NECESSIDADE: Cristo
contemplou a miserável situação da humanidade. O diagnóstico da Escritura é
incisivo: Todos, sem qualquer exceção, pecaram e carecem da glória de Deus [Romanos
3:23]! Jesus Cristo teve a visão da necessidade humana. Ele
não apenas contemplou o pecado, mas contemplou o efeito do pecado na vida
humana.
De acordo com Isaías
59:1-2, o efeito imediato do pecado é a separação, o rompimento da comunhão
entre o homem e Deus! Aos olhos de Cristo, a real necessidade da humanidade é a
comunhão! Assim como Cristo, nós também devemos erguer os nossos olhos e
contemplar esta necessidade. A grande necessidade da humanidade é viver em
comunhão! As pessoas a nossa volta têm uma grande necessidade. E eu gostaria de
reiterar aqui: A grande necessidade da humanidade é Comunhão.
Assim, por exemplo,
quando alguém estiver enfrentando o desafio do sofrimento, o que elas mais
necessitam é da nossa presença, muito mais do que das nossas palavras! A
comunhão requer que a erva daninha da desunião seja eliminada. O apóstolo Paulo
discorre sobre isso em 1 Coríntios 12:25-26, com as seguintes palavras: “para
que não haja divisão no corpo, mas para que os membros cooperem, com igual
cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre,
todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, todos os outros se alegram com
ele.”.
O primeiro fenômeno, como
vimos, foi a visão da necessidade. O segundo fenômeno é A CONVICÇÃO DA
NECESSIDADE: Ao contemplar a necessidade humana e os nefastos efeitos do
pecado na vida humana, Cristo assumiu o compromisso de apresentar um escape
para a humanidade perdida. Eis a razão por que Cristo assumiu o compromisso de
esvaziar-se a Si mesmo! Cristo viu a necessidade humana, mas não apenas isso, Ele
estava plenamente convicto de que a restauração da comunhão com Deus era a real
necessidade da humanidade! Por isso, Ele esvaziou-se a Si mesmo e veio a este mundo
com o propósito de apresentar um escape para a necessidade humana!
Portanto, apenas a visão
da necessidade não é suficiente para a manifestação de uma autêntica vida
cristã. Será indispensável que aquele que contempla a necessidade esteja
absolutamente convencido de que aquela necessidade é real e que algo precisa
ser feito para que a necessidade seja suprida! Esse convencimento deve ser muito
profundo, a ponto de provocar um forte e intransferível incômodo na vida na
vida daquele que contempla a necessidade. Este incômodo, por sua vez, despertará
a necessidade de que mudanças ocorram na vida daquele que contempla a
necessidade, transformando-o num instrumento divino para que o necessitado
tenha as suas necessidades finalmente supridas. Esta é uma poderosa dinâmica
que fará com que a vida cristã autêntica saia da teoria e penetre no cotidiano dos
relacionamentos humanos.
O terceiro fenômeno, por
fim, é O SUPRIMENTO DA NECESSIDADE: Cristo não desistiu enquanto não apresentou
o escape para a necessidade humana! O mecanismo utilizado pelo Senhor Jesus
para desfazer a separação que havia entre o homem e Deus foi a promover a
comunhão. Como Ele fez isso? Tornando-se homem! Isto somente foi possível,
porque Ele experimentou mudanças no Seu estilo de vida: Ele esvaziou-se a Si mesmo,
assumiu a forma de servo, tornou-se em semelhança de homens, foi reconhecido em
figura humana e a Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e
morte de Cruz! A humanidade estava devastada pelo pecado e irremediavelmente
condenada a viver sem Deus, num eterno estado de sofrimento e dor! Cristo não
ficou indiferente a esse estado de miséria humana! Usando a linguagem da
parábola do bom samaritano, nós poderíamos dizer: Cristo não passou de largo em
relação àquele que estava à beira do caminho da miséria. Ao contrário, Ele envolveu-se
com o homem caído à beira do caminho – João 10:30-35.
Somente assim, a
necessidade foi suprida. A humanização somente estará completa quando a
necessidade for enfim suprida! Este foi o conjunto de fenômenos que Cristo
vivenciou ao longo do tempo para providenciar o escape para a necessidade
humana! Primeiramente, Ele viu a necessidade humana. Em seguida, Cristo compreendeu
que a restauração da comunhão da humanidade com Deus era, de fato, a real
necessidade que pesava sobre a história humana. Por fim, Ele agiu para suprir
esta necessidade!
Ver a necessidade,
convencer-se dela e, enfim, supri-la: Eis o caminho que devemos percorrer para
experimentarmos o mesmo processo de humanização que Cristo experimentou! Deus
deseja que vejamos a necessidade das pessoas que estão a nossa volta. O
Espírito de Deus nos envolverá com uma poderosa convicção acerca da real
necessidade das pessoas. O que elas mais precisam é ter a sua comunhão com Deus
restaurada. Isso não ocorrerá sem que nos envolvamos com as pessoas e lhes
apresentemos o Glorioso Evangelho de Jesus Cristo! De acordo com o texto de 2
Coríntios 5:20, nós falamos em nome de Cristo quando dizemos às pessoas: “Reconciliem-se
com Deus!”.
Cristo experimentou a
humanização para transformar a vida daqueles que estavam separados de Deus.
Assim também nós devemos experimentar a humanização para que sejamos auxiliares
de Cristo na gloriosa tarefa de restaurar a comunhão dos homens com Deus!
A.
M. Cunha
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