Os lugares sempre nos trazem recordações. O
mesmo ocorre com os lugares bíblicos. Pense um pouco nos seguintes lugares:
Sinai, Egito, Belém, Nazaré, Jerusalém. Se você tem um razoável conhecimento
bíblico, posso imaginar que um turbilhão de pensamentos inundou a sua mente, à
medida que você pensava nestes lugares. O Getsêmani é um destes lugares que
fazem a nossa mente ser inundada por vários pensamentos e indagações. Neste
lugar, dentre tantas percepções que podemos ter, é possível discernir que ali
ocorreu o encontro de dois reinos: O Reino das Trevas e o Reino de Deus. Esta
importante narrativa pode ser conferida em Mateus 26:36-56.
O Reino das trevas encontrou no Getsêmani um
terreno fértil para se manifestar. Vejamos uma pequena demonstração da
expressão deste reino do Getsêmani:
a) Este jardim foi um lugar onde os discípulos fugiram, no
exato momento em que Jesus fora preso. Observe a narrativa contida em Mateus
26:56, que nos diz: “Tudo isto, porém, aconteceu para que se cumprissem as
Escrituras dos profetas. Então, os
discípulos todos, deixando-o, fugiram.”
b) Este jardim foi um lugar de angústia e tristeza. A totalidade
do peso da pecaminosidade humana fora lançada sobre Cristo, em decorrência do
que um ambiente de angústia e tristeza tornava-se palpável e agudamente
agressivo. De acordo com Mateus 26:27 podemos observar o seguinte: “e, levando
consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a
angustiar-se.”
c) Este jardim foi um lugar de traição. O beijo, que
sempre foi uma demonstração de afeto e carinho, foi duramente transformado num
símbolo de traição. Foi assim que Judas traiu Jesus neste jardim. De acordo com
Mateus 26:48, vemos que “o traidor lhes tinha dado este sinal: Aquele a quem eu
beijar, é esse; prendei-o.”
d) Este jardim foi um lugar onde a força humana tornou-se o
recurso para a defesa da fé. De acordo com Mateus 26:51, Pedro “estendendo
a mão, sacou da espada e, golpeando o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe a
orelha.” a) A espada utilizada aqui
foi a espada do homem e não a espada do Espírito, conforme vemos em Efésios
6:17.
e) Este jardim foi um lugar onde as pessoas não conseguem orar.
Muito embora tenham sido convocados por Jesus para orar e vigiar com Ele
(Mateus 26:38), Pedro, Tiago e João não conseguiram orar. Observemos, em Mateus
26:40-41, a oportuna constatação de Cristo e sua firme orientação aos seus
discípulos, com as seguintes palavras: “E, voltando para os discípulos,
achou-os dormindo; e disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestes vós vigiar
comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na
verdade, está pronto, mas a carne é fraca.”
Este é um triste quadro que pode ser verificado na
jornada de muitos de nós. Assim, nossa vida torna-se um ambiente onde o reino
das trevas parece prevalecer. Que o Senhor nos ajude a discernir os sutis
ataques e as ocultas ciladas deste reino de trevas. Apesar de todas essas
negativas constatações, Jesus não abandonou sua jornada para a Cruz. Ele
presenciou estas expressões do reino das trevas na vida de Seus discípulos, mas
isso não lhe retirou Seu foco.
Sigamos o exemplo do divino mestre! Assim como
Ele não abandonou o Seus discípulos, nós não devemos abandoná-lO! Ainda que
vejamos rastros do reino das trevas em nossa vida, perseveremos em seguir a Cristo,
pois neste mesmo Jardim, vemos a divina centelha do reino de Deus manifestando
Sua luz na vida destes mesmos discípulos. Cristo é nosso supremo exemplo, pois
naquele jardim, Ele manifestou o Reino de Deus!
Aquele jardim foi também um lugar onde podemos
ver sinais do Reino de Deus. Vejamos estes sinais:
a) Este jardim foi um lugar onde Jesus preferiu estar presente
com os Seus discípulos a abandoná-los. Apesar de toda a trágica conduta dos
Seus discípulos, Jesus não os abandonou. Notemos a presença do Senhor nas
seguintes palavras: “foi Jesus com eles (...) disse a seus discípulos:
Assentai-vos aqui (...) e, levando consigo a Pedro e aos dois filhos de Zebedeu”
Mateus 26:36-37. O jardim é um lugar onde não seremos abandonados pelo Senhor!
b) Este jardim foi um lugar de confissão de angústias. É
maravilhoso perceber que, mesmo diante de homens falhos e sem compromisso com a
oração, o Senhor os achou dignos de compartilhar suas angústias. Notemos, em
Mateus 26:38, as seguintes palavras do Senhor: “Então, lhes disse: A minha alma
está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo.” a) O jardim é um lugar
onde podemos compartilhar nossas angústias!
c) Este jardim foi um lugar onde podemos estar submissos à
vontade de Deus. O Senhor Jesus deixou evidente Sua submissão à vontade do
Senhor. Devemos fazer o mesmo. Observemos, em Mateus 26:39, 42 e 44, as
seguintes palavras do Senhor: “Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice!
Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres. (...) Meu Pai, se não é
possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
(...) Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas
palavras.”
d) Este jardim foi um lugar onde podemos chamar de amigo
aquele que nos traiu. Este é uma das mais profundas aptidões que o Senhor
confere aos Seus discípulos. Ele viveu assim, nós, por pertencermos a Ele,
também podemos viver com tal qualidade de vida. De acordo com Mateus 26:50, o
brilho deste comportamento de Cristo pode ser percebido nas seguintes palavras:
“Jesus, porém, lhe disse: Amigo, para que vieste? Nisto, aproximando-se eles,
deitaram as mãos em Jesus e o prenderam.” a) Esta é uma nítida e
profunda resposta que os filhos do Reino devem dar ao reino das trevas. Vivamos
esta vida com qualidade celestial.
Bom desfrute a todos.
Em Cristo!
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