Os capítulos de 5 a 8 do
Evangelho Segundo Mateus formam um conjunto de 4 capítulos muito interessantes.
No capítulo 5 somos apresentados ao que se pode chamar de a teoria do Reino de
Deus. O capítulo 6, focado na justiça do Reino de Deus, lista uma série de
condutas que norteiam e capacitam os cristãos a se tornarem sal da terra e luz
do mundo. O capítulo 7 é concluído com a ideia de que os ensinamentos de Jesus
podem e devem ser praticados pelos cristãos. O capítulo 8, por fim, mostra o
modo como o poder de Deus interfere na esfera humana.
No capítulo 8 do Evangelho
Segundo Mateus somos apresentados a vários exemplos de intervenção poderosa de
Deus na esfera humana: [a] A cura de um leproso – Mateus 8:1-4; [b] A cura do
criado do centurião de Cafarnaum – Mateus 8:5-13; [c] A cura da sogra de Pedro
– Mateus 8:14-15; [d] Jesus acalma a tempestade – Mateus 8:23-27; [e]
Libertação dos endemoninhados gadarenos – Mateus 8:28-34; e [f] Jesus realiza
muitas outras curas – Mateus 8:16-17.
Entre estas intervenções divinas
na esfera humana, abordaremos alguns aspectos da cura do leproso, conforme
registro contido em Mateus 8:1-4.
Sem dúvida, esta é uma vívida
demonstração, não apenas da derrota da enfermidade, no caso a lepra, pelo “poder curador de Deus”,
como também, da derrota do preconceito e da indiferença pelo “poder da
compaixão divina”. O leproso, afastado do convívio com familiares, vizinhos e
amigos, era alvejado pela crueldade da segregação social que a lepra lhe
impunha. A ação do “poder curador de Deus” e do “poder da compaixão divina”
nessa cura foram admiráveis!
O leproso, de acordo com o livro de Levíticos, não poderia ser tocado sem que aquele que o tocasse se tornasse
impuro. Assim, conforme a lei mosaica, Jesus não poderia tocar naquele
homem sob pena de se contaminar. No entanto, sabendo que aquele leproso seria
imediatamente curado, Jesus intencionalmente tocou naquele homem antes mesmo da
realização da cura. O princípio revelado aqui é especialmente maravilhoso:
Jesus agia no tempo presente de acordo com os efeitos futuros de suas Palavras
e Ações! Jesus, pela lei mosaica, não poderia tocar num leproso, mas poderia
tocar num ex-leproso! Aos olhos de Jesus, Seu toque foi, não num homem leproso,
mas num homem que invariavelmente seria curado!
Aquele toque não foi, tão
somente, o toque do “poder curador de Deus”, mas o toque do “poder da compaixão
divina”. Por isso se pode afirmar que aquele toque era o selo do amor e do poder de Cristo
sobre aquele homem que, em decorrência daquela enfermidade, enfrentava longos
anos de rejeição social, a ponto de achar-se privado de ser tocado, inclusive
por aqueles a quem amava e por quem era amado. O glorioso Cristo, porém, contra
todas as expectativas humanas, toca, não apenas a pele enferma daquele homem,
mas sua própria alma e modifica sua história para sempre!
A.
M. Cunha
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