segunda-feira, 27 de julho de 2009

A ORAÇÃO DOS FILHOS


“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém”.
Mateus 6.9-13

O texto de Mateus 6.9-13 tem sido conhecido com “A oração do Pai Nosso”. De acordo com Mateus 5.1, o Senhor Jesus subiu ao monte e, assentando-se, começou a ensinar os seus discípulos. A oração, conhecida como “O Pai Nosso”, encontra-se inserida neste contexto. Assim, melhor seria chamá-la de “A oração dos discípulos” ou, considerando que os discípulos são filhos de Deus, chamá-la de “A oração dos Filhos”. O Senhor Jesus ensina seus discípulos a orarem ao único Deus e Pai de todos (Efésios 4.6).

“A oração dos Filhos” encontra-se estruturada em duas partes principais: uma vinculada a Deus e a outra vinculada aos homens. Assim é a nossa vida: de um lado, somos peregrinos nesta terra - vinculados a Deus (Salmo 119.19) e de outro, somos luz do mundo e sal da terra - vinculados aos homens (Mateus 5.13-14).

Como peregrinos, sabendo que nossa pátria não é aqui e confessando que somos estrangeiros na terra, manifestamos nossa procura por uma pátria celestial (Hebreus 11.13-16). Como luz do mundo e sal da terra, vivemos neste mundo manifestando uma singular marca espiritual, qual seja, o bom perfume de Cristo (II Coríntios 2.14-16). Como peregrinos estamos vinculados a Deus e como luz do mundo e sal da terra, estamos vinculados aos homens.

Esta oração é a oração da nossa vida. Na parte em que estamos vinculados a Deus, “A Oração dos Filhos” apresenta três súplicas importantes: 1) Santificado seja o nome do Pai; 2) Venha o Reino do Pai; e 3) Prevaleça a vontade do Pai.

Na parte em que estamos vinculados aos homens, “A Oração dos Filhos” apresenta, igualmente, três súplicas: 1) Dá-nos o pão de cada dia; 2) Perdoa as nossas ofensas; e 3) não nos deixes cair em tentação. Nesta parte, a oração afasta a individualismo próprio da humanidade. Observe que não se ensina a pedir o pão para um, o perdão para um e a libertação da tentação para um. O pedido é plural, inclui outras pessoas. Na parte em que nos vincula aos homens, a oração nos libera do egoísmo, do individualismo e nos estimula a chorar com os que choram, a ter o mesmo sentimento uns para com os outros (Romanos 12.15-16).

A estrutura da “Oração dos Filhos” pode ser resumida na síntese que Jesus fez dos mandamentos: 1) “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.”, e 2) “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Marcos 12.28-34). “A Oração dos Filhos” é a oração do amor a Deus e ao próximo.

Que Deus nos ajude a incluir em nossas orações as petições voltadas para o Seu Reino e para os homens. Que sejamos livres que nos aprisionarmos nas orações egoístas e individualistas e que possamos contemplar o Reino de Deus e os destinatários deste Reino.

A. M. Cunha