sexta-feira, 7 de junho de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE JOÃO - Capítulo 3

Todo nascimento é uma oportunidade para a expansão de uma família. De fato, a casa nunca mais será a mesma quando nasce um novo membro. Quando uma nova pessoa surge em nossas famílias, todas as coisas sofrem uma radical transformação: os gastos, a agenda, os compromissos, o tempo, as tarefas, etc. Mas, sobretudo, os sentimentos, a visão de mundo, a experiência da renúncia e a capacidade de servir sem esperar retribuição, todas estas coisas serão transformadas e intensificadas! Sem dúvida o nascimento provoca mudanças!

O capítulo 3 do Evangelho Segundo João registra o diálogo de Jesus com Nicodemos, um dos principais líderes religiosos entre os judeus. O cerne desse diálogo foi o que Jesus chamou de “novo nascimento”. Jesus afirmou “que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” [João 3.3]. No entanto, a religiosidade de Nicodemos era um forte impedimento em sua capacidade de perceber as realidades espirituais, por isso ele era incapaz de discernir com clareza as palavras de Jesus.

Jesus, no entanto, não deixa aquele que O busca no escuro. Por isso Ele foi mais enfático em Suas palavras, dizendo: “É necessário nascer de novo” [João 3.7]! E no decorrer daquele diálogo, as coisas vão ficando bem mais claras para Nicodemos. Como falamos anteriormente, o nascimento natural provoca mudanças a nossa volta. O novo nascimento também provoca mudanças. Porém, as mudanças provocadas pelo nascimento espiritual são imensamente superiores e radicalmente muito mais transformadoras do que aquelas provocadas pelo nascimento natural. Sem dúvida, as mudanças provocadas pelo novo nascimento decorrem de uma poderosa ação do Espírito Santo em nossa vida! Tudo mudou quando nascemos de novo!

É por isso que devemos estar atentos para a seguinte realidade: Se mudanças profundas e transformadoras não são constatadas em nossa vida, isso significa que, muito provavelmente, o novo nascimento não aconteceu em nossa história! As mudanças são, portanto, uma formidável consequência e uma magistral evidência do novo nascimento!

Porém, o novo nascimento não provoca apenas mudanças em nossa vida, mas também promove a expansão da família de Deus, pois, de acordo com as Escrituras, todo aquele que nasceu de novo passa a fazer parte da família de Deus [João 1:12 e Efésios 2:19 comprovam esta realidade]! Quem experimenta o novo nascimento acaba por descobrir que não é o único a ter esta gloriosa experiência, mas descobrirá que ao seu lado existe uma multidão de outras pessoas que igualmente experimentaram o novo nascimento, e agora, juntamente com você, fazem parte da família de Deus!

Não nos esqueçamos, porém, que, à luz do capítulo 3 do Evangelho Segundo João, o novo nascimento promove duas singulares transformações na vida de uma pessoa:

[1] O novo nascimento concede àquele que o experimenta a capacidade para “ver o reino de Deus” [João 3.3];

[2] O novo nascimento concede àquele que o experimenta a capacidade para “entrar no reino de Deus” [João 3.5].

Observe a progressão: Primeiro “ver”, depois “entrar”. O Reino é primeiramente visto, contemplado, admirando, vislumbrado. Depois, irresistivelmente, aquele que o vê, desfruta da inigualável virtude de entrar no Reino de Deus. Assim, por meio do novo nascimento, o Reino de Deus passa a ser a nossa visão e o nosso ambiente! Ele é a nossa visão, porque ele é tudo o que vemos! Ele é o nosso ambiente, porque ele é o recinto onde nos sentimos agasalhados e que nos faz desfrutar a benção de pertencer à mais profunda realidade espiritual de nossa história: A família de Deus! Como é glorioso o novo nascimento!

A. M. Cunha


quinta-feira, 6 de junho de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE JOÃO - Capítulo 2


O capítulo 2 do Evangelho Segundo João apresenta a narrativa do primeiro milagre que Jesus realizou. Nesse Evangelho, os milagres de Jesus são chamados de sinais. É necessário que eu faça um importante destaque quanto ao propósito dos sinais realizados por Jesus. Todo milagre divino é composto por, pelo menos, três elementos:

[1] A situação, a circunstância ou o problema que é solucionado pelo milagre;

[2] Aquele que é o destinatário do milagre; e, por fim,

[3] Aquele que realiza o milagre.

Por mais que pensemos que nós, como destinatários, sejamos o foco do milagre, ou ainda, por mais que pensemos que a mera transformação da situação, circunstância ou problema que nos assolava seja o destino último das ações de Jesus em nosso favor, a Bíblia nos dá conta de que os milagres não possuem este propósito. O próprio evangelista é bem direto quando esclarece o propósito dos milagres realizados por Jesus. Ele diz o seguinte: “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” [João 20:30].

Embora os milagres realizados por Jesus possuam, como afirmamos acima, pelo menos três elementos, apenas um deles pode ser definido como o propósito dos milagres, ou seja, os milagres apontam para Aquele que os realiza: Jesus Cristo! Os milagres destinam-se a fazer com que creiamos em Jesus como o Cristo e, consequente, tenhamos vida em Seu nome!

É muito significativo, contudo, que o primeiro sinal realizado pelo Senhor Jesus tenha ocorrido na Galileia. O profeta Isaías afirmou que a Galileia seria conhecida como “Galileia dos Gentios”, “povo que andava em trevas” e “região da sombra da morte” [Isaías 9.1-2]. A Galileia era, portanto, uma região de abundante pecado! Porém, as Escrituras lançam um brilho de esperança quanto a isso, pois, nas palavras do apóstolo Paulo, “onde abundou o pecado, superabundou a graça” [Romanos 5.20].

No capítulo 1º, Jesus foi apresentado como uma luz – única, universal e vencedora –, cujo brilho resplandeceu com uma fulgurante intensidade, de modo que “as trevas não prevaleceram contra ela” [João 1.5]. A respeito do povo da Galileia o profeta Isaías disse: “O povo que andava em trevas viu grande luz” [Isaías 9:2]. Jesus não poderia ter escolhido um lugar melhor para realizar o Seu primeiro milagre! A Galileia, sendo a “região da sombra da morte”, cujo “povo que andava em trevas”, era, não apenas um lugar físico, mas uma esplêndida representação deste “mundo tenebroso”. Sim, nós vivemos na “região da sombra da morte” e fomos contados como o “povo que andava em trevas”, mas Jesus é “a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” [João 1:9]. Louvado seja Deus, pois Jesus “habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória” [João 1:14].

O apóstolo João nos diz que Jesus, “em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” [João 2.11]. No capítulo 1º desse evangelho nós fomos apresentados ao primeiro princípio: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” [João 1:1] E quanto a este primeiro princípio, Jesus foi exaltado sobremaneira, pois a Seu respeito se diz: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” [João 1:3]. No capítulo 2, no entanto, nós somos apresentados a um novo princípio – o princípio dos sinais realizados pelo Senhor Jesus, por isso se diz: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais” [João 2:11].

Vejamos um pouco sobre este primeiro “sinal” realizado por Cristo – Nele “a água foi transformada em vinho”. Aquela água, por ter adquirido uma nova natureza, foi, por conseguinte, transformada em vinho! A água possui uma natureza e o vinho, outra. Para que a natureza da água fosse transformada noutra natureza, foi necessária a ação de um poder superior, um poder capaz de penetrar nos seus minúsculos componentes, imprimir-lhes uma poderosa ação modificadora, e, desta forma, transformá-la noutra substância, o vinho!

Todo aquele que experimentou o novo nascimento, foi transformado da água para vinho! Este é o primeiro e o mais glorioso sinal que Cristo realiza na vida daquele que vivia na “região da sombra da morte”, o novo nascimento!

Quando Cristo realizou seu primeiro “sinal” na vida daquele que nasceu de novo, essa pessoa foi submetida a um poder superior que exerceu sobre si uma maravilhosa ação modificadora, que por fim, o transformou numa nova criatura! Isso se deu porque Cristo concedeu-lhe uma nova natureza. Nas palavras do apóstolo Paulo esse milagre é assim descrito: “se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” [1 Coríntios 5.17]. De acordo com Romanos 6:22, fomos libertados do pecado e transformados em servos de Deus. Essa gloriosa transformação encheu-nos de vida, a vida que, conforme João 1:4, é a luz dos homens”!

A. M. Cunha

quarta-feira, 5 de junho de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE JOÃO - Capítulo 1


A visão, num certo sentido, pode ser entendida como resultado da interação de, pelo menos, três elementos:

[1] Um órgão visual que seja funcional, portanto, capaz de ver;

[2] Uma substância para ser vista; e

[3] A existência de luz em limites minimamente capazes de proporcionar uma visibilidade eficaz.

O capítulo 1 do Evangelho Segundo João, em suas iniciais palavras, faz uma breve narrativa acerca da pessoa de Jesus Cristo, como o Verbo Divino que se tornou humano. A respeito de Jesus o evangelista diz que a “vida estava nele e a vida era a luz dos homens” [João 1.4]. Portanto, Jesus foi comparado a uma luz – única, universal e vencedora –, pois o evangelista João diz que o Seu brilho resplandeceu com intensidade tal que “as trevas não prevaleceram contra ela” [João 1.5].

Por fim, um elemento humano é introduzido nessa narrativa: Refiro-me a João, o batista, a respeito de quem se diz que era “um homem enviado por Deus”, que ele “veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz” e que “Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz” [João 1.6-8].

Jesus Cristo é apresentado, nas letras iniciais deste Evangelho, como “a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” [João 1.9].

Este Evangelho, como toda Escritura Bíblica, tem Sua origem em Deus e é destinado ao homem. A Bíblia Sagrada, por ter sido escrita por Deus para o homem, pode ser compreendida como uma magnífica carta do amor divino para a humanidade.

Como falamos inicialmente, a visão é o resultado da interação de três elementos singulares. Os três elementos que falamos no início desta reflexão estão presentes na introdução do Evangelho Segundo João:

[1] O órgão visual é o “olho divino”, plenamente capaz de ver;

[2] A humanidade, por sua vez, é a substância a ser vista; e, por fim,

[3] Jesus é a verdadeira luz.

Este é, portanto, o maravilhoso quadro da “visão celestial” que alcança toda a humanidade, pois esta luz, Jesus Cristo, “ilumina a todo homem” [João 1.9]. A introdução do Evangelho Segundo João é, por assim dizer, uma extraordinária narrativa acerca do modo como Deus vê a história humana, uma singular descrição da “visão celestial” que pode ser assim resumida: Deus vê, a humanidade é vista e Jesus é a verdadeira luz que transforma aquele que crê, pois, como já falamos, a “vida estava nele e a vida era a luz dos homens” [João 1.4]!

Um último detalhe dessa introdução não pode ser esquecido. Existem duas classes de pessoas descritas neste Evangelho:

[1] Aqueles que, uma vez tendo sido iluminados, tornam-se filhos de Deus mediante a fé; e

[2] Aqueles que, por não possuírem fé e, portanto, serem cegos espiritualmente, continuam em trevas.

Jesus Cristo é a luz que contém a vida que humanidade necessita. Tudo neste Evangelho gravita em torno dessa vida e dessa luz! A “visão celestial” contempla toda a humanidade com o propósito de conceder-lhe vida mediante a fé e a partir da iluminação de Jesus Cristo.

A. M. Cunha