sábado, 30 de março de 2019

O ÁRBITRO QUE JÓ ESTAVA PROCURANDO ERA SEU REDENTOR PESSOAL


“Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo. Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos. Tire ele a sua vara de cima de mim, e não me amedronte o seu terror; então, falarei sem o temer; do contrário, não estaria em mim”
Jó 9:32-35

Neste extraordinário texto, Jó reconhece a Supremacia de Deus, ao proferir as seguintes palavras: “Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo” [Jó 9:32]. É como se Jó declarasse: [a] Deus não é homem, e por isso eu não posso responder-lhe de qualquer maneira; e [b] Deus não é homem, e por isso Ele não poderá, como os homens, ser submetido a julgamento.

Jó finaliza seu argumento sobre a Supremacia de Deus afirmando que “Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos.” [Jó 9:33]. É como se Jó perguntasse: É possível que exista alguém que seja capaz de unir o homem moribundo e indigno com esse Deus Supremo?

O árbitro a que Jó buscava seria um intermediário entre Deus e os homens. A resposta nós já sabemos, pois “há [...] um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus” [1 Timóteo 2:5]. Jó argumentava que se existisse tal mediador, a vara do juízo de Deus não mais estaria sobre ele e, como consequência, ele não seria amedrontado pelo terror do juízo divino. Com um mediador assim, Jó poderia falar com Deus sem temor.

Jó finaliza suas palavras com a seguinte expressão: “do contrário, não estaria em mim” [Jó 9:35]. O que o patriarca quis dizer com essa expressão? Em outras palavras, Jó estava afirmando que sem o mediador, qualquer atitude sua de responder a Deus ou de intentar falar com Ele, seria como se ele, Jó, estivesse fora de si.

Por tais palavras, conclui-se que Jó estava afirmando que seria loucura qualquer tentativa humana de falar com Deus sem o mediador! Um pouco mais adiante no seu livro, Jó chama de redentor o árbitro que ele estava procurado: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra” [Jó 19:25]. Assim, o redentor que Jó procurava, não apenas existia, mas estava vivo, e não apenas estava vivo, mas era o “seu” redentor pessoal!
A. M. Cunha

sexta-feira, 29 de março de 2019

A DURABILIDADE DA MISERICÓRDIA DO SENHOR SOBRE OS QUE O TEMEM


“A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.”
Lucas 1:50


As conexões bíblicas entre o Senhor e Sua misericórdia são extremamente reveladoras. A Bíblia, por exemplo, afirma que o Senhor faz misericórdia até mil gerações daqueles que amam e guardam os Seus mandamentos [Êxodo 20:6]. O verbo “fazer”, contido neste versículo, a partir do original hebraico tem aqui o sentido de trazer à existência, de ser a origem e a fonte primária da misericórdia do Senhor.

Noutro lugar, a Escritura assegura que o Senhor guarda a misericórdia até mil gerações aos que o amam e cumprem os Seus mandamentos [Deuteronômio 7:9]. Novamente, a raiz hebraica auxilia-nos a compreender a dimensão desta porção bíblica. No hebraico, o verbo “guardar”, contido neste versículo, não tem o sentido de proteger ou salvaguardar, mas o sentido de executar, fazer acontecer, cumprir o que prometeu. Noutras palavras, o Deus que criou a misericórdia e a prometeu aos que O temem é extremamente zeloso para assegurar que Sua misericórdia será de fato exercida em favor dos seus destinatários.


O texto de Lucas 1:50, por outro lado, não parece voltar-se para declarar a origem ou a fonte primária da misericórdia, ou mesmo anunciar a garantia divina de que ela, de fato, será cumprida na vida daqueles que temem o Senhor. As palavras do evangelista, no entanto, parecem destinar-se a declarar a extensão da misericórdia do Senhor: Ela “vai de geração em geração sobre os que o temem”. A expressão “de geração em geração” transmite a ideia de durabilidade ou perenidade. Assim, os benefícios inerentes à misericórdia do Senhor têm caráter duradouro sobre aqueles que O temem!

Ademais, outro valioso conteúdo semântico acerca da misericórdia salta do Evangelho para a nossa história. Por estar a misericórdia do Senhor voltada para os que O temem, é possível concluir que o temor do Senhor exerce atratividade sobre a misericórdia divina, de modo que, todo aquele que teme o Senhor terá sua história invariavelmente beijada pela misericórdia do Senhor!
A. M. Cunha

quarta-feira, 27 de março de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE LUCAS - Capítulo 3


No terceiro capítulo do Evangelho Segundo Lucas, as duas crianças que haviam sido anunciadas no primeiro capítulo têm seu segundo encontro. No primeiro encontro, por ocasião da visita que Maria fez a Isabel, o Espírito Santo veio sobre João Batista, enquanto ainda estava no ventre materno [Conferir Lucas 1:15 e 41].

Agora, no capítulo 3, Jesus e João Batista novamente se encontram, desta vez por ocasião do batismo de Jesus. Neste segundo encontro, logo após ter sido batizado por João, Jesus orava e “estando ele a orar, o céu se abriu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea como pomba” [Lucas 3:21–22]. A descida do Espírito Santo, sem dúvida, foi a marca característica dos encontros espirituais de Jesus com João Batista! E não apenas isso, pois neste segundo encontro, logo após ter sido cheio do Espírito Santo, Jesus ouviu a voz do Pai Celestial que lhe disse: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo” [Lucas 3:22]. Jesus não havia ainda iniciado o Seu ministério. Ele não havia realizado nenhum milagre e Seus ensinamentos ainda não haviam sido proferidos. No entanto, o amor do Pai, em sua origem, não estava vinculado ao desempenho do Seu Filho. Antes mesmo de qualquer realização miraculosa, antes mesmo de qualquer ensino transformador, o Pai já manifestava o Seu incondicional amor para com Seu Filho! É assim também conosco: O amor do Pai para conosco não  depende do nosso desempenho, pois o Seu amor é, essencialmente, incondicional!

Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”, essa declaração exerceu extraordinária influência ministerial sobre Jesus! É maravilhoso saber que o nosso ministério é exercido, não apenas porque amamos o Senhor, mas, sobretudo, porque nós somos amados por Aquele a quem servimos!
A. M. Cunha

terça-feira, 26 de março de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE LUCAS - Capítulo 2


Quem nunca se sentiu feliz ao ver um idoso dedicando-se ao serviço que presta a Deus? É próprio do avançar da idade que algumas limitações privem os idosos do pleno exercício da vida. Mas, é especialmente gratificante perceber que alguns deles, ainda que se sentido limitados, empenham-se no serviço cristão! Esta é uma das revelações especiais do capítulo 2 do Evangelho Segundo Lucas. Se duas crianças têm o seu nascimento angelicalmente predito no capítulo primeiro, dois idosos têm o seu serviço cristão destacado no capítulo 2 deste Evangelho.

O primeiro idoso era Simeão [Vide observação abaixo (*)]. A Bíblia o descreve como um homem “justo e piedoso que esperava a consolação de Israel” [Lucas 2:25]. A expressão “esperava a consolação de Israel” foi usada para referir-se ao nascimento do Messias Prometido. Simeão é também descrito como um homem que mantinha comunhão com o Espírito Santo, pois “o Espírito Santo estava sobre ele” [Lucas 2:25], recebia revelações do Espírito Santo [Lucas 2:26] e era movido pelo Espírito Santo [Lucas 2:27]. Quando Jesus foi apresentado no templo, “Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus” [Lucas 2:28]. Somente um homem em comunhão com o Espírito Santo poderia desfrutar de tal privilégio!

Ana era o segundo idoso mencionado no capítulo 2 do Evangelho Segundo Lucas. Ela é descrita como “uma profetisa [...] avançada em dias” [Lucas 2:36]. Ana vivera mais tempo no estado de viuvez do que na constância do casamento, estando com 84 anos quando Jesus foi apresentado no templo [Lucas 2:36 e 37]. O empenho de Ana em servir a Deus é admirável, pois ela “não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações” [Lucas 2:37]. Quando Ana viu Jesus, o texto bíblico assim narra a sua atitude: “dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém” [Lucas 2:38]. Somente uma mulher em comunhão com o Espírito Santo poderia desfrutar de tal privilégio!

Tanto Simeão como Ana, apesar de suas idades avançadas, estavam experimentando uma renovação espiritual em suas vidas. É isto o que aguarda os que esperam no Senhor, mesmo que estejam com idades avançadas, pois “os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam” [Isaías 40:31]. “Juventude espiritual” é o que aguarda os que esperam no Senhor, mesmo que estejam com idade avançada!

(*) OBSERVAÇÃO: A idade de Simeão não é descrita expressamente no Evangelho Segundo Lucas. Mas, há fortes indicativos do estado avançado de sua idade quando ele declara “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação” [Lucas 2:29 e 30], e quando se diz que “Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor” [Lucas 2:26].
A. M. Cunha

segunda-feira, 25 de março de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE LUCAS - Capítulo 1

Quem nunca achou lindo o sorriso de uma criança? Quem nunca se rendeu às peraltices próprias de um bebê? Como seria possível ter um exato vislumbre do futuro de uma criança? O Evangelho Segundo Lucas começa com duas crianças que revolucionariam o mundo para sempre! O futuro delas não foi anunciado por um singelo exame de sangue! Anjos foram cuidadosamente selecionados por Deus para anunciarem o nascimento e o futuro daquelas crianças!

A primeira delas foi João Batista. O anjo assim falou a seu respeito: “Pois ele será grande diante do Senhor, [...] será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do Senhor [...] para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.” [Lucas 1:15-17].

A segunda dela foi Jesus de Nazaré. A Seu respeito o anjo diz: “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim.” [Lucas 1:32-33].

Ambas as crianças são descritas como grandes; no entanto, de acordo com o que falaram os anjos, vemos claramente que uma delas, João Batista, foi descrito com sendo apenas grande e a outra, Jesus de Nazaré, por outro lado, foi apresentado como aquele que é infinitamente maior! João Batista seria grande diante do Senhor, Jesus de Nazaré não apenas seria, mas Ele era e é o Grande e Supremo Senhor! João Batista era um servo do Grande Rei, Jesus de Nazaré era, é e continuará sendo o próprio Grande e Eterno Rei!

O primeiro capítulo do Evangelho Segundo Lucas, portanto, não nos apresenta apenas duas crianças, mas expõe diante de nós aqueles que serão responsáveis por escrever um novo capítulo na história deste mundo! João Batista entrou na história para converter o coração de muitos dos filhos de Israel ao Senhor; mas Jesus de Nazaré, o Senhor da história, por outro lado, é a razão e o fundamento último da conversão de todos aqueles que por Ele se chegam a Deus!
A. M. Cunha