sábado, 9 de julho de 2022

EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - CAPÍTULO 19

A conversão a Cristo sempre será real. Uma conversão que não seja real não é digna sequer de ser chamada de conversão. Por ser real, a conversão sempre será legítima e radical, pois dela emergirá um discípulo radical.

John Stott, em seu livro “O Discípulo Radical”, editora Ultimato, cuja leitura é altamente recomendável, “apresenta oito características do discipulado cristão que são comumente esquecidas, mas ainda precisam ser levadas a sério: inconformismo, semelhança com Cristo, maturidade, cuidado com a criação, simplicidade, equilíbrio, dependência e morte”.

Um discípulo radical será sempre fruto de uma conversão radical que, como dito acima, nada mais é do que uma conversão legítima e real. O capítulo 19 do Evangelho Segundo Lucas apresenta um maravilhoso exemplo de uma legítima e radical conversão a Cristo. Zaqueu enfrentou muitos obstáculos até que conseguisse ver quem era Jesus. A esse respeito o texto bíblico afirma que “Zaqueu [...] procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por ser ele de pequena estatura” [Lucas 19.3]. É claro que estes obstáculos eram meramente físicos; o maior obstáculo, porém, estava em sua alma, era o seu pecado que estava profundamente conectado às entranhas do seu ser interior! A despeito daqueles obstáculos físicos, a multidão e a sua pequena estatura, ainda assim, Zaqueu correu adiante e “subiu a um sicômoro” com o específico propósito de ver Jesus, ou seja, ele superou aqueles obstáculos físicos com o propósito de ver Jesus, pois ele sabia que Jesus haveria de passar por aquele lugar. Mal sabia ele que o encontro com Jesus, que aconteceria naquele momento, seria poderoso o suficiente para superar, não apenas aqueles obstáculos físicos, mas o obstáculo que estava alojado nos recônditos da sua alma!

Sua busca foi maravilhosamente recompensada, pois Zaqueu não apenas viu Jesus, mas se encontrou com Ele e teve sua vida radicalmente transformada! Uma busca radical é parceira de uma conversão radical! Sem dúvida, sua busca e o encontro que se seguiu foi um reflexo das palavras do profeta Jeremias, que havia dito: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” [Jeremias 29:13]!

A prova, contundente e inequívoca, de que aquela foi uma conversão legítima e radical pode ser percebida nas palavras de Jesus: “Hoje, houve salvação nesta casa” [Lucas 19.9]. Sim, de fato, o obstáculo mais poderoso, o pecado, havia sido superado pelo autor e consumador da fé, Jesus Cristo! Enquanto Zaqueu conseguia apenas subir numa árvore, Jesus havia subido nas entranhas da alma de Zaqueu e, com o Seu penetrante e poderoso olhar, contemplou toda a imundície que ali estava alojada, e transformou radicalmente o cenário que ali existia e proferiu as palavras que toda alma sedenta e desesperadamente perdida necessita ouvir: A salvação chegou!

A. M. Cunha


domingo, 3 de julho de 2022

EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - CAPÍTULO 18

Normalmente, os que estão à frente são aqueles que têm mais chances de se tornarem campeões numa corrida. Se, por acaso, desejarmos obter conselhos sobre o que podemos fazer para sermos vencedores numa corrida, a melhor opção que temos, muito provavelmente, será buscar aconselhamento com aqueles que costumeiramente ocupam os primeiros lugares nas corridas. Isso também se aplica em outras áreas da vida, não apenas no que se refere às corridas. Assim, sempre será uma boa opção buscar aconselhamento com aqueles que costumeiramente estão ocupando as primeiras colocações.

O capítulo 18 do Evangelho de Lucas, no entanto, mostra um estranho comportamento de algumas pessoas que haviam sido qualificadas como os que estavam na frente. Quando Jesus aproximou-se de uma cidade chamada Jericó, ali “estava um cego assentado à beira do caminho, pedindo esmolas” [Lucas 18.35]. Ao ser informado de que Jesus passava por ali, aquele cego “clamou: Filho de Davi, tem compaixão de mim!” [Lucas 18.38]. A narrativa bíblica nos dá conta de que um número significativo de pessoas acompanhava Jesus naquele momento, inclusive alguns que haviam sido qualificados como aqueles “que iam na frente” [Lucas 18.39].

Porém, estes que estavam mais à frente não foram bons conselheiros para aquele cego; ao contrário, diz o texto que eles “o repreendiam para que se calasse” [Lucas 18.39]. Aquele cego, no entanto, não seguiu a repreensão daqueles homens que iam na frente. Agarrando-se naquela que poderia ser sua mais preciosa oportunidade, aquele cego “cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” [Lucas 18.39].

A ousadia daquele cego foi determinante para que uma das mais extraordinárias manifestações da compaixão de Jesus fosse registrada nas Escrituras. O texto bíblico diz: “Jesus parou e mandou que trouxessem o cego. E, tendo ele chegado, Jesus perguntou: — O que você quer que eu lhe faça? Ele respondeu: — Senhor, que eu possa ver de novo. Jesus lhe disse: — Pois, então, veja! A sua fé salvou você. Imediatamente ele passou a ver de novo e seguia Jesus, glorificando a Deus” [Lucas 18:40-43]! A expressão “Jesus parou” é uma linguagem extremamente poética, e revela o intenso grau da compaixão de Jesus para com a dor daquele que clama pelo Seu auxílio!

O clamor daquele cego fez Jesus parar, e aquele parada, uma extraordinária parada, foi poderosa o suficiente para aniquilar a cegueira daquele homem! O sol da justiça brilhou na vida daquele cego! Bastou-lhe uma palavra do divino mestre, e “Imediatamente ele passou a ver de novo”! Aquele homem, agora restaurado em sua visão, passou a ser um seguidor de Jesus, mas não um seguidor qualquer, mas um seguidor que glorificava a Deus enquanto seguia o seu caminho com Jesus!

A. M. Cunha