sábado, 22 de junho de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE JOÃO - Capítulo 8


Aquele que possui um olhar que é capaz de ver o que ninguém consegue ver: Esta é uma extraordinária forma de expressar a capacidade de percepção de Jesus Cristo! Por exemplo, quem seria capaz de vislumbrar que um pecador contumaz poderia, enfim, ser alcançado com o perdão divino? Jesus Cristo, sem dúvida, possui tão singular e aguçada percepção!

Aos olhos humanos, aquela mulher descrita nos versículos de 1 a 11 do capítulo 8 do Evangelho Segundo João, e que fora trazida aos pés de Jesus para julgamento, jamais seria merecedora de perdão. A Escritura, no entanto, nos diz: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” [Provérbios 28.13]. Não se sabe o que aconteceu com aquela mulher no trajeto entre o seu flagrante e sua apresentação a Jesus. Mas o singular e amoroso olhar de Jesus contemplou o que ninguém conseguiu ver! Teria aquela mulher se arrependido durante aquele trajeto? Sem dúvida, não temos um registro expresso acerca disso neste texto do Evangelho Segundo João, mas, o certo é que no desfecho dessa narrativa, Jesus perguntou: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” [João 8.10]. O evangelista prossegue apresentando-nos a seguinte resposta proferida por aquela anônima mulher: “Ninguém, Senhor!” [João 8.11]. Jesus, então, escreveu um magnífico epílogo para aquela narrativa ao fazer a seguinte afirmação: “Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” [João 8.11].

Esta afirmação de Cristo foi uma aguda e contundente declaração de que o perdão para aquela mulher, não era apenas uma possibilidade, mas uma gloriosa, profunda e transformadora realidade! O perdão concedido, porém, não significava que Jesus havia aprovado o ato pecaminoso cometido por aquela mulher! Mas, sem dúvida, o perdão concedido apontava para o fato de que aquela mulher estava diante de uma extraordinária oportunidade para construir uma nova biografia em sua história pessoal!

No desfecho daquela narrativa, Jesus proferiu uma advertência final, ao dizer: “vai e não peques mais” [João 8.11]. O perdão concedido não é um salvo-conduto para que se continue na prática do pecado, mas é, por um lado, o atestado de que o arrependimento, que é a força atrativa do perdão, foi real, efetivo e verdadeiro, e, por outro lado, é a plataforma a partir da qual aquele que foi perdoado é amorosamente convidado a não mais pecar!

Mão isso não é tudo o que vislumbramos nesta narrativa. É bom que se diga também, que nem de longe conseguiremos explorar toda a riqueza que este texto bíblico nos oferece. Mas há algo mais que precisamos abordar aqui. O texto diz: “Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo” [João 8:6]. Existem, pelo menos, três ocasiões em que as Escrituras registram Deus escrevendo algo:

[1] De acordo com Êxodo 31:18, Deus escreveu as tábuas dos Dez Mandamentos. Este texto, portanto, é o registro de que Deus escreveu para conceder a Lei;

[2] O livro do profeta Daniel descreve a queda do rei Belsazar, que ocorreu quando uma majestosa mão começou a escrever na parede onde estava ocorrendo um grande baquete oferecido pelo Rei. Aquela escrita era o juízo de Deus sobre aquele reino. Este texto, portanto, de que Deus escreveu para aplicar a justiça da Lei;

[3] A terceira ocasião em que Deus novamente escreve está registrada no capítulo 8 do Evangelho Segundo João, ocasião em que levaram até Jesus uma mulher surpreendida em adultério. Enquanto os acusadores daquela mulher desejam condená-la à morte, Jesus, com o Seu dedo, pacientemente escrevia algo na terra. Não sabemos ao certo o que Ele escreveu, mas sabemos que o resultado final foi a demonstração do Seu amor para com aquela mulher. De acordo com Romanos 13:10, o apóstolo Paulo afirmou o seguinte: “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor”. Assim, num certo sentido, podemos afirmar que a terceira vez em que Deus escreveu algo, Ele o fez para cumprir a Lei, pois o cumprimento da Lei é o amor!

Portanto vemos três ocasiões em que Deus escreveu: A primeira, Ele escreveu para conceder a Lei; na segunda, Ele escreveu para aplicar a justiça da Lei; e na terceira, Ele escreveu para cumprir a Lei, ou seja, demonstrar o Seu infinito, inefável e majestoso amor!

A. M. Cunha

quinta-feira, 20 de junho de 2019

UM MAGNIFÍCIO LOUVOR ENTRE OS DOIS LADOS DA ETERNIDADE



“Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.”
Mateus 25:21

Enquanto estamos “do lado de cá da eternidade”, é reconhecidamente nobre a conduta de todo aquele que dá glória a Deus, ou seja, que voluntariamente lhe oferta o que as Escrituras denominam de “sacrifício de louvor” [Hebreus 13:15]. Isso se dá, como dito, “do lado de cá da eternidade”! Mas um dia, todos os autênticos filhos de Deus estarão “do lado de lá da eternidade”! Oh! Falta-nos pouco para que a nossa história receba o timbre desta gloriosa passagem! Sim, um dia os filhos de Deus estarão do “lado de lá da eternidade”! Mas entre o lado de lá da eternidade e o lado de cá existirá um especial louvor. Mas eu não me refiro ao louvor cantado pelos homens, por mais belas que sejam as suas vozes. É normal que “do lado de cá da eternidade” os filhos de Deus O louvem. Deus é, portanto, o destinatário do louvor. Mas aquele louvor especial, aquele que será entoado entre os dois lados da eternidade, não terá Deus como destinatário, e não será o homem que o entoará. Deus mesmo entoará este louvor! E nós, os Seus verdadeiros filhos, seremos os destinatários deste magnífico louvor! Deus majestosamente o entoará, dizendo: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor” [Mateus 25:21]. Que magnífico início será vivenciado por nós quando estivermos entrando “do lado de lá da eternidade”! C. S. Lewis, olhando para o texto de Mateus 25:21, refere-se a este episódio como uma parábola que contém “o divino louvor” que jamais poderá ser eliminado!

A. M. Cunha

domingo, 16 de junho de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE JOÃO - Capítulo 7


Três festas possuíam um singular valor para o povo de Israel: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos. O capítulo 7 do Evangelho Segundo João apresenta uma dessas festas, a Festa dos Tabernáculos! O evangelista João diz o seguinte: “Ora, a festa dos judeus, chamada de Festa dos Tabernáculos, estava próxima.” [João 7:2]. Mais adiante, o evangelista diz: “Depois que seus irmãos tinham ido à festa, Jesus também foi, não publicamente, mas em segredo.” [João 7:10]. Agora aquela festa estava completa, pois Jesus estava presente!

A ordem acerca da celebração da Festa dos Tabernáculos está contida em Deuteronômio 16:13-15. Essa festa durava sete dias. E entre os sete dias de celebração dessa festa havia um ápice, o apogeu da sua celebração, o grande dia, que era o último dia da festa! O evangelista refere-se a este dia fazendo uso das seguintes palavras: “No último dia, o grande dia da festa [...] [João 7:37]. O grande e último dia, era, a um só tempo, majestoso, por ser grande, e saudoso, por ser o último! Sendo o último, portanto, aquele dia era, na verdade, a declaração acerca do fim daquela majestosa festa, pois a Festa dos Tabernáculos estava chegando ao fim! Isso implicava dizer que somente no próximo ano os judeus a celebrariam novamente!

Jesus, no entanto, fez uma sublime afirmação, cujo sentido apontava para uma festa que jamais se acabaria: A Festa do Espírito Santo! Jesus declarou: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” [João 7:37-39]. A eternidade dessa fonte está claramente descrita neste Evangelho nas seguintes palavras: [...] aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.” [João 4:14]. Que maravilhosa festa, inesgotável, interminável e inextinguível festa! De fato, uma festa infinita!

No último dia dessa festa singular, Jesus faz um inesquecível convite: [...] Se alguém tem sede, venha a mim e beba.” [João 7:37]. Sem dúvida, trata-se de um convite feito para aqueles que têm sede! O sedento que vem a Cristo saciará a sua sede, e não apenas isso, mas do seu interior fluirão rios de água viva!

Somente em Cristo nossa festa não terá fim! Não precisaremos esperar o próximo ano para celebrá-la novamente, pois todo dia é dia de Festa! Esta é uma autêntica festa do amor. O amor de Deus pelo homem e do homem para com Deus encontram-se nessa majestosa festa! Jesus disse algo maravilhoso acerca do amor do homem para com Deus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” [João 14:21]. O Cristo da Festa dos Tabernáculos faz morada em todo aquele que O ama. É por isso que existe “uma fonte a jorrar para a vida eterna”. Eis a razão porque do seu interior fluirão rios de água viva.”. A eternidade é o fim último de todo aquele que ama a Cristo e Cristo é a fonte dos rios que emanam do seu interior!

A. M. Cunha