domingo, 25 de dezembro de 2022

ASPECTOS PRÁTICOS DA VIDA CRISTÃ - EPISÓDIO 3

Quando nos deparamos com alguém que está desanimado demais para prosseguir e cansado o bastante para continuar esperando, não raro costumamos dizer que a vida é um processo. Contudo, quantos de nós já paramos para verificar o que realmente significa a palavra “processo”?

Uma das definições que o Dicionário Michaelis apresenta para a palavra “processo” é a seguinte: “Sequência contínua de fatos ou fenômenos que apresentam certa unidade ou se reproduzem com certa regularidade; andamento, desenvolvimento. Noutras palavras, “processo” é o conjunto de fatos ou fenômenos que ocorre ao longo do tempo fazendo com que determinado resultado aconteça.

Nosso objetivo com a lição de hoje é compreender como aconteceu o processo de humanização de Cristo. Portanto, precisamos ter em mente que uma das nossas tarefas como discípulos de Jesus é reproduzir, em nosso viver cristão diário, um processo de humanização semelhante ao que Cristo experimentou! Como se processou a humanização de Cristo? Este é o questionamento que pretendemos responder nesta lição. Ousamos afirmar que o processo de humanização de Cristo foi concluído porque três importantes fenômenos ocorreram em sua biografia: A visão da necessidade, a convicção da necessidade e o suprimento da necessidade! Vejamos uma breve exposição de cada um desses fenômenos:

A VISÃO DA NECESSIDADE: Cristo contemplou a miserável situação da humanidade. O diagnóstico da Escritura é incisivo: Todos, sem qualquer exceção, pecaram e carecem da glória de Deus [Romanos 3:23]! Jesus Cristo teve a visão da necessidade humana. Ele não apenas contemplou o pecado, mas contemplou o efeito do pecado na vida humana.

De acordo com Isaías 59:1-2, o efeito imediato do pecado é a separação, o rompimento da comunhão entre o homem e Deus! Aos olhos de Cristo, a real necessidade da humanidade é a comunhão! Assim como Cristo, nós também devemos erguer os nossos olhos e contemplar esta necessidade. A grande necessidade da humanidade é viver em comunhão! As pessoas a nossa volta têm uma grande necessidade. E eu gostaria de reiterar aqui: A grande necessidade da humanidade é Comunhão.

Assim, por exemplo, quando alguém estiver enfrentando o desafio do sofrimento, o que elas mais necessitam é da nossa presença, muito mais do que das nossas palavras! A comunhão requer que a erva daninha da desunião seja eliminada. O apóstolo Paulo discorre sobre isso em 1 Coríntios 12:25-26, com as seguintes palavras: “para que não haja divisão no corpo, mas para que os membros cooperem, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, todos os outros se alegram com ele.”.

O primeiro fenômeno, como vimos, foi a visão da necessidade. O segundo fenômeno é A CONVICÇÃO DA NECESSIDADE: Ao contemplar a necessidade humana e os nefastos efeitos do pecado na vida humana, Cristo assumiu o compromisso de apresentar um escape para a humanidade perdida. Eis a razão por que Cristo assumiu o compromisso de esvaziar-se a Si mesmo! Cristo viu a necessidade humana, mas não apenas isso, Ele estava plenamente convicto de que a restauração da comunhão com Deus era a real necessidade da humanidade! Por isso, Ele esvaziou-se a Si mesmo e veio a este mundo com o propósito de apresentar um escape para a necessidade humana!

Portanto, apenas a visão da necessidade não é suficiente para a manifestação de uma autêntica vida cristã. Será indispensável que aquele que contempla a necessidade esteja absolutamente convencido de que aquela necessidade é real e que algo precisa ser feito para que a necessidade seja suprida! Esse convencimento deve ser muito profundo, a ponto de provocar um forte e intransferível incômodo na vida na vida daquele que contempla a necessidade. Este incômodo, por sua vez, despertará a necessidade de que mudanças ocorram na vida daquele que contempla a necessidade, transformando-o num instrumento divino para que o necessitado tenha as suas necessidades finalmente supridas. Esta é uma poderosa dinâmica que fará com que a vida cristã autêntica saia da teoria e penetre no cotidiano dos relacionamentos humanos.

O terceiro fenômeno, por fim, é O SUPRIMENTO DA NECESSIDADE: Cristo não desistiu enquanto não apresentou o escape para a necessidade humana! O mecanismo utilizado pelo Senhor Jesus para desfazer a separação que havia entre o homem e Deus foi a promover a comunhão. Como Ele fez isso? Tornando-se homem! Isto somente foi possível, porque Ele experimentou mudanças no Seu estilo de vida: Ele esvaziou-se a Si mesmo, assumiu a forma de servo, tornou-se em semelhança de homens, foi reconhecido em figura humana e a Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de Cruz! A humanidade estava devastada pelo pecado e irremediavelmente condenada a viver sem Deus, num eterno estado de sofrimento e dor! Cristo não ficou indiferente a esse estado de miséria humana! Usando a linguagem da parábola do bom samaritano, nós poderíamos dizer: Cristo não passou de largo em relação àquele que estava à beira do caminho da miséria. Ao contrário, Ele envolveu-se com o homem caído à beira do caminho – João 10:30-35.

Somente assim, a necessidade foi suprida. A humanização somente estará completa quando a necessidade for enfim suprida! Este foi o conjunto de fenômenos que Cristo vivenciou ao longo do tempo para providenciar o escape para a necessidade humana! Primeiramente, Ele viu a necessidade humana. Em seguida, Cristo compreendeu que a restauração da comunhão da humanidade com Deus era, de fato, a real necessidade que pesava sobre a história humana. Por fim, Ele agiu para suprir esta necessidade!

Ver a necessidade, convencer-se dela e, enfim, supri-la: Eis o caminho que devemos percorrer para experimentarmos o mesmo processo de humanização que Cristo experimentou! Deus deseja que vejamos a necessidade das pessoas que estão a nossa volta. O Espírito de Deus nos envolverá com uma poderosa convicção acerca da real necessidade das pessoas. O que elas mais precisam é ter a sua comunhão com Deus restaurada. Isso não ocorrerá sem que nos envolvamos com as pessoas e lhes apresentemos o Glorioso Evangelho de Jesus Cristo! De acordo com o texto de 2 Coríntios 5:20, nós falamos em nome de Cristo quando dizemos às pessoas: “Reconciliem-se com Deus!”.

Cristo experimentou a humanização para transformar a vida daqueles que estavam separados de Deus. Assim também nós devemos experimentar a humanização para que sejamos auxiliares de Cristo na gloriosa tarefa de restaurar a comunhão dos homens com Deus!

A. M. Cunha