sábado, 29 de junho de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE JOÃO – Capítulo 10


Certa ocasião Jesus fez a seguinte pergunta aos Seus discípulos: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?” [Mateus 16.15]. Com esta pergunta, os discípulos de Jesus foram provocados a revelarem qual era o seu testemunho a respeito dele. A resposta do apóstolo Pedro foi a seguinte: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” [Mateus 16.16].

Todo testemunho envolve, pelo menos, três importantes perspectivas: [a] Quem promove o testemunho; [b] o conteúdo do testemunho; e [c] a consequência do testemunho. Na breve narrativa bíblica que apresentamos aqui, podemos identificar duas destas três perspectivas: Quem promove o testemunho, no caso, o apóstolo Pedro e o conteúdo do seu testemunho, ou seja, quem Jesus é.

É importante que destaquemos o fato de que o conteúdo do testemunho respeito de Jesus, num certo sentido, envolve “quem Ele é” e “o que Ele faz”.

O Evangelho de João, no que se refere ao testemunho de João Batista a respeito de Jesus, é bem didático e, numa certa medida, bem completo, pois podemos identificar as três perspectivas que abordamos até aqui. É possível identificar [a] Quem promove o testemunho, no caso João Batista; [b] o conteúdo do testemunho; e, por fim, [c] a consequência do testemunho.

E é exatamente no final do capítulo 10 do Evangelho Segundo João que podemos ver a gloriosa consequência do testemunho de João Batista a respeito de Jesus Cristo!

O Evangelho Segundo João, descreve pormenorizadamente o cuidadoso testemunho de João Batista a respeito de Jesus. No que se refere ao conteúdo desse testemunho, mencionaremos alguns textos do Evangelho Segundo João, a partir dos quais conseguimos identificar certos aspectos do conteúdo do testemunho de João Batista que, por sua vez, enfatiza “quem Jesus é” e “o que Ele faz”.

[1] O primeiro aspecto encontra-se no seguinte trecho do Evangelho: “João dá testemunho a respeito dele e exclama: — Este é aquele de quem eu dizia: ‘Ele vem depois de mim, mas é mais importante do que eu, pois já existia antes de mim.’” [João 1.15]. Embora João Batista tenha iniciado o seu ministério antes de Jesus iniciar o Seu, o mestre divino já existia antes de João Batista, sendo, portanto, mais importante do que João. O testemunho de João Batista, de acordo com este texto, enfatiza “Quem Jesus é”, ou seja, Ele é aquele que sempre será mais importante que o Seu mensageiro!

[2] O segundo aspecto encontra-se no texto de João 1.26-27, que nos diz o seguinte: “João respondeu: — Eu batizo com água, mas no meio de vocês está alguém que vocês não conhecem. Ele vem depois de mim, mas não sou digno de desamarrar as correias das suas sandálias.” Desatar as sandálias de alguém era, nos dias do Novo Testamento, uma das mais vis atividades humanas. João, ao contemplar os atributos inerentes à pessoa de Jesus, achava-se indigno até mesmo de lhe desatar as sandálias dos pés. O testemunho de João Batista, de acordo com este texto bíblico, enfatiza “Quem Jesus é”, ou seja, Ele é aquele que é absolutamente digno de receber glória, honra e poder!

[3] O terceiro aspecto está contido na seguinte porção do testemunho de João Batista: “No dia seguinte, vendo que Jesus vinha em sua direção, João disse: — Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” [João 1.29]. Esta porção bíblica enfatiza tanto “Quem Jesus é”, quanto “O que Jesus faz”. De acordo com este texto, Jesus é o Cordeiro a quem se referiu Abraão no texto de Gênesis 22.8. Ele é também o Cordeiro anunciado por Isaías, o profeta messiânico, de acordo com Isaías 53.7. Esse texto também enfatiza “O que Jesus faz”, ou seja, Jesus é aquele que tira o pecado do mundo. Portanto, à luz do texto de João 1.29 há uma ênfase tanto no que Jesus é, quanto no que Ele faz, pois Jesus é o Cordeiro de Deus que possui o absoluto poder para retirar o pecado do mundo!

[4] O quarto aspecto está presente no seguinte texto do Evangelho Segundo João: “E João testemunhou, dizendo: — Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: ‘Aquele sobre quem você vir descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo.’ Pois eu mesmo vi e dou testemunho de que ele é o Filho de Deus.” [João 1.32-34]. Esse texto, à semelhança do anterior, enfatiza tanto “Quem Jesus é”, quanto “O que Jesus faz”. Desta forma, o texto de João 1.32-34 enfatiza que Jesus é o Filho de Deus, o detentor do magnífico poder de batizar com o Espírito Santo!

[5] O quinto e último elemento, desta série de aspectos acerca do conteúdo do testemunho de João Batista, está contido na seguinte expressão: “Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como o seu precursor [...] Convém que ele cresça e que eu diminua.” [João 3.28 e 30]. Quando João Batista afirma que Jesus deve crescer à medida que ele deve diminuir, ele está enfatizando “Quem Jesus é”. Com a chegada de Jesus, ele estava convicto de que já havia cumprido sua missão como precursor do Messias. João, o mensageiro, não deveria mais continuar sendo seguido, pois chegou o Rei, o Messias divino, aquele para o qual o testemunho de João apontava: É a Ele que todos devem seguir! Portanto, o texto de João 3.28 e 30 enfatiza “Quem Jesus é”, ou seja, Ele é aquele que deve ser seguido!

Como já havíamos anunciado, o verdadeiro testemunho possui três importantes perspectivas: [a] Quem promove o testemunho; [b] o conteúdo do testemunho; e [c] a consequência do testemunho. Até aqui, no que se refere ao testemunho de João Batista, abordamos as duas primeiras perspectivas. Há ainda uma última perspectiva que deve ser abordada, e ela está contida nos dois últimos versículos do capítulo 10 do Evangelho Segundo João, que nos dizem o seguinte: “E muitos iam até ele e diziam: — João não fez nenhum sinal, mas tudo o que ele disse a respeito deste homem era verdade. E naquele lugar muitos creram nele.” [João 10.41-42].

O capítulo 10 do Evangelho Segundo João reconhece a força do testemunho de João Batista ao afirmar que tudo quanto João Batista disse a respeito de Jesus era verdade [João 10.41]! Que testemunho maravilhoso, provado e atestado pelo tempo como verdadeiro! Este testemunho não somente era verdadeiro, mas era suficientemente poderoso para provocar o despertar da fé: Esta é a gloriosa consequência do testemunho de João Batista! Eis a razão porque a Escritura afirma que muitos confirmaram que tudo o que João Batista disse sobre Jesus era verdade, e como consequência creram em Jesus [João 10.42]. Esta é a maravilhosa consequência do verdadeiro testemunho: proporcionar uma eficiente maneira para que as pessoas creiam em Jesus!

A. M. Cunha

quarta-feira, 26 de junho de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE JOÃO - Capítulo 9


Como é angustiante, aflitivo e tormentoso sofrer a dor de cruéis, bárbaras e hediondas fatalidades, quer sejam aquelas provocadas pela maldade e pela incompreensão das pessoas, quer sejam aquelas que, independentemente da ação humana, ocorram conosco ao longo de nossa trajetória! O capítulo 9 do Evangelho Segundo João é dedicado a narrar a história de um homem, cuja vida foi alcançada por estes dois tipos de fatalidades.

[1] A primeira dessas fatalidades aconteceu à revelia da ação humana, ou seja, nenhum homem a provocou. Aquele homem, sem nome, desconhecido, e quem sabe até ignorado, nasceu cego, totalmente privado da capacidade para contemplar a face dos seus pais, a beleza do sol e as multiformes tonalidades do verde das árvores. Incapaz de ver o que estava à sua volta, só lhe era permitido perceber o cheiro, o som, a textura ou o gosto. A seu respeito o texto bíblico simplesmente diz: [...] um homem cego de nascença” [João 9.1]. Esta era a sua breve biografia;

[2] A segunda dessas fatalidades foi provocada pela maldade e pela incompreensão inerente às ações humanas, com a agravante de ter acontecido exatamente no ambiente onde não se esperava que acontecesse – o ambiente da prática da religiosidade [João 9.13-34]. O lugar onde as pessoas deveriam ser acolhidas, amparadas, compreendidas e abraçadas, tornou-se o lugar das críticas, da desconfiança, das injúrias, dos insultos e da rejeição. Os fariseus foram incapazes de celebrar com ele a vitória sobre a cegueira. Não se alegraram porque aquele homem agora podia ver o que estava a sua volta! Não comemoraram o fato de que aquele homem, além de perceber o cheiro, o som, a textura ou o gosto das coisas ao seu redor, agora podia ver a multiforme beleza que a natureza proporciona aos seres humanos. O farisaísmo, por ser invejoso, legalista e tirano, transgride a lei da alegria compartilhada, pois nele não há espaço para alegrar-se com os que se alegram [Romanos 12.15].

A breve narrativa daquele homem que, após seu encontro com Jesus, venceu a cegueira que o assolava desde o nascimento, é uma forte voz que nos transmite a mensagem de que as fatalidades, onde quer que elas ocorram e independentemente de quem as pratique contra nós, jamais terão a palavra final em nossas vidas, desde que tenhamos um transformador encontro com Jesus Cristo! Não, definitivamente as fatalidades não terão este sabor!

De acordo com o texto bíblico, aquele homem teve dois encontros com Jesus. No que se refere ao primeiro encontro, o texto bíblico afirma: “Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença” [João 9.1]! Ele foi visto, não apenas pelos olhos físicos de Jesus, mas foi também visualmente capturado pela compaixão do Mestre Divino que o percebeu com os olhos da Sua benignidade! O resultado desse encontro foi o seguinte: E “Ele [o homem cego] [...] lavou-se e voltou vendo.” [João 9.7]!

Por outro lado, quanto ao segundo encontro de Jesus com aquele homem, logo após a segunda fatalidade, quando os fariseus o haviam expulsado do ambiente da religiosidade, as Escrituras afirmam: “Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o, lhe perguntou: Crês tu no Filho do Homem? Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? E Jesus lhe disse: Já o tens visto, e é o que fala contigo. Então, afirmou ele: Creio, Senhor; e o adorou.” [João 9.35-38]. Após o primeiro encontro, aquele homem passou a ver fisicamente. Após o segundo, o seu sentido espiritual foi ativado, e ele viu, creu e adorou o Senhor do Universo!

Aquele homem, após ter sido completamente curado por Jesus, prostrou-se diante de Dele e O adorou! Como é maravilhoso encontrar-se com Jesus, ainda que esse encontro tenha ocorrido após a dor das fatalidades inerentes à vida! A maravilha desta narrativa bíblica está no fato de que aquele homem, duplamente alvo de fatalidades, foi duplamente encontrado por Jesus! O primeiro encontro concedeu-lhe a dádiva da visão natural. O segundo encontro, por outro lado, concedeu-lhe a benção da visão espiritual, a saber, a dádiva de crer no Senhor e O adorar!

A. M. Cunha

segunda-feira, 24 de junho de 2019

A VIDA DEVE ESTAR FUNDAMENTADA NA GRAÇA DE JESUS CRISTO


“Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.”
1 Pedro 1:13

No oriente era comum o uso de vestimenta com uma túnica comprida e solta sobre o corpo. Essa túnica impedia a liberdade de movimentos. Quando se desejava obter uma maior mobilidade nos movimentos, principalmente antes de uma caminhada ou de começar a trabalhar, colocava-se um cinto sobre a túnica. Essa prática recebia o nome de: Cingir os lombos. A expressão “[...] cingindo o vosso entendimento [...]”, portanto, significava que os cristãos, para continuarem caminhando e peregrinando no Senhor, deveriam ocupar suas mentes com as verdades do Evangelho de Cristo. O apóstolo Pedro adiciona dois importantes imperativos para uma vida cristã de qualidade: 1) “Sede sóbrios”, ou seja, não estar embriagados por nada, nem mesmo pelos sofrimentos que assolavam os cristãos aos quais Pedro escrevia sua carta. Muitas vezes os sofrimentos nos tiram a sobriedade, até mesmo para orar [I Pedro 4:7]; e 2) “Esperai inteiramente na Graça”: O que Pedro diz aqui, é que toda a vida, todos os projetos, todos os planos, todas as expectativas, principalmente quanto à salvação, devem estar construídos, alicerçados e fundamentados na Graça de Jesus Cristo, pois esta é a verdadeira sobriedade, que confere à vida a estabilidade necessária para resistir às intempéries e permanecer inabalável. [Lucas 6:47-48].
A. M. Cunha