quarta-feira, 26 de junho de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE JOÃO - Capítulo 9


Como é angustiante, aflitivo e tormentoso sofrer a dor de cruéis, bárbaras e hediondas fatalidades, quer sejam aquelas provocadas pela maldade e pela incompreensão das pessoas, quer sejam aquelas que, independentemente da ação humana, ocorram conosco ao longo de nossa trajetória! O capítulo 9 do Evangelho Segundo João é dedicado a narrar a história de um homem, cuja vida foi alcançada por estes dois tipos de fatalidades.

[1] A primeira dessas fatalidades aconteceu à revelia da ação humana, ou seja, nenhum homem a provocou. Aquele homem, sem nome, desconhecido, e quem sabe até ignorado, nasceu cego, totalmente privado da capacidade para contemplar a face dos seus pais, a beleza do sol e as multiformes tonalidades do verde das árvores. Incapaz de ver o que estava à sua volta, só lhe era permitido perceber o cheiro, o som, a textura ou o gosto. A seu respeito o texto bíblico simplesmente diz: [...] um homem cego de nascença” [João 9.1]. Esta era a sua breve biografia;

[2] A segunda dessas fatalidades foi provocada pela maldade e pela incompreensão inerente às ações humanas, com a agravante de ter acontecido exatamente no ambiente onde não se esperava que acontecesse – o ambiente da prática da religiosidade [João 9.13-34]. O lugar onde as pessoas deveriam ser acolhidas, amparadas, compreendidas e abraçadas, tornou-se o lugar das críticas, da desconfiança, das injúrias, dos insultos e da rejeição. Os fariseus foram incapazes de celebrar com ele a vitória sobre a cegueira. Não se alegraram porque aquele homem agora podia ver o que estava a sua volta! Não comemoraram o fato de que aquele homem, além de perceber o cheiro, o som, a textura ou o gosto das coisas ao seu redor, agora podia ver a multiforme beleza que a natureza proporciona aos seres humanos. O farisaísmo, por ser invejoso, legalista e tirano, transgride a lei da alegria compartilhada, pois nele não há espaço para alegrar-se com os que se alegram [Romanos 12.15].

A breve narrativa daquele homem que, após seu encontro com Jesus, venceu a cegueira que o assolava desde o nascimento, é uma forte voz que nos transmite a mensagem de que as fatalidades, onde quer que elas ocorram e independentemente de quem as pratique contra nós, jamais terão a palavra final em nossas vidas, desde que tenhamos um transformador encontro com Jesus Cristo! Não, definitivamente as fatalidades não terão este sabor!

De acordo com o texto bíblico, aquele homem teve dois encontros com Jesus. No que se refere ao primeiro encontro, o texto bíblico afirma: “Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença” [João 9.1]! Ele foi visto, não apenas pelos olhos físicos de Jesus, mas foi também visualmente capturado pela compaixão do Mestre Divino que o percebeu com os olhos da Sua benignidade! O resultado desse encontro foi o seguinte: E “Ele [o homem cego] [...] lavou-se e voltou vendo.” [João 9.7]!

Por outro lado, quanto ao segundo encontro de Jesus com aquele homem, logo após a segunda fatalidade, quando os fariseus o haviam expulsado do ambiente da religiosidade, as Escrituras afirmam: “Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o, lhe perguntou: Crês tu no Filho do Homem? Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? E Jesus lhe disse: Já o tens visto, e é o que fala contigo. Então, afirmou ele: Creio, Senhor; e o adorou.” [João 9.35-38]. Após o primeiro encontro, aquele homem passou a ver fisicamente. Após o segundo, o seu sentido espiritual foi ativado, e ele viu, creu e adorou o Senhor do Universo!

Aquele homem, após ter sido completamente curado por Jesus, prostrou-se diante de Dele e O adorou! Como é maravilhoso encontrar-se com Jesus, ainda que esse encontro tenha ocorrido após a dor das fatalidades inerentes à vida! A maravilha desta narrativa bíblica está no fato de que aquele homem, duplamente alvo de fatalidades, foi duplamente encontrado por Jesus! O primeiro encontro concedeu-lhe a dádiva da visão natural. O segundo encontro, por outro lado, concedeu-lhe a benção da visão espiritual, a saber, a dádiva de crer no Senhor e O adorar!

A. M. Cunha

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