segunda-feira, 12 de julho de 2021

A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
























 

EVANGELHO DE JOÃO - CAPÍTULO 16

É extremamente necessário que nos aproximemos da verdade, que Cristo seja glorificado em todos os aspectos de nossa vida e que tenhamos a mesma percepção que Deus tem em relação ao pecado, à justiça e ao juízo.

Estes, sem dúvida, são três importantes princípios para a vida cristã. Porém, tão necessário quanto nos aproximarmos da verdade, glorificarmos a Cristo em nossa vida e termos a mesma percepção que Deus possui acerca do pecado, da justiça e do juízo, é entendermos que não existe em nós, e a partir de nós, nenhuma habilidade natural que nos capacite ou habilite para isso.

Se interrompêssemos nossa narrativa aqui, ou seja, com a conclusão de que não existe em nós, e a partir de nós, nenhuma habilidade natural que nos capacite a nos aproximarmos da verdade, glorificarmos a Cristo em nossa vida e termos a mesma percepção que Deus possui acerca do pecado, da justiça e do juízo, isto, sem dúvida, faria com que nos sentíssemos desapontados, desiludidos e sem esperança!

O Senhor Jesus, porém, faz brotar uma firme esperança quando afirma o seguinte: “Quando ele vier” [João 16:8]! Mais adiante Jesus também afirma o seguinte: “quando vier, porém, o Espírito da verdade” [João 16:13]! Estas duas afirmações são poderosas e carregam uma inabalável esperança para nós! Jesus, em outras palavras, está dizendo: Não se sintam desapontados, desiludidos ou sem esperança, pois eu lhes anuncio uma grande mensagem: O Espírito Santo, o Consolador, virá para fazer por vocês o que vocês não podem fazer! Alinhado a estas palavras de Jesus, o apóstolo Paulo anunciou a primazia da obra do Espírito Santo em nossa vida com as seguintes palavras: “o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza” [Romanos 8:26]! Deus seja louvado, pois, embora sejamos fracos, o Espírito Santo é o auxílio que necessitamos em todos os aspectos de nossa fraqueza!

Sem dúvida, é maravilhoso saber que Jesus apresentou diante de nós um glorioso caminho, ou melhor, Ele apresentou para nós a Pessoa responsável por fazer com que nos aproximemos da verdade, glorifiquemos a Cristo em nossa vida e tenhamos a mesma percepção que Deus possui acerca do pecado, da justiça e do juízo! Essa pessoa, sem dúvida, é o Espírito Santo, que, inclusive já havia sido apresentado a nós no capítulo 14 do Evangelho Segundo João. E no capítulo 16 deste Evangelho, Jesus, não apenas anuncia a pessoa do Espírito Santo, mas apresenta a Sua obra para conosco.

De acordo com o capítulo 16 do Evangelho Segundo João, a missão do Espírito Santo possui três importantes perspectivas: A primeira delas dá-se quanto ao convencimento [João 16.8-11]; a segunda, quanto à verdade [João 16.13] e a terceira, quanto à pessoa de Cristo [João 16.14].

[1] Sua missão quanto ao convencimento é assim descrita por Jesus: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado” [João 16.8-9]. Em sua obra de convencimento, o Espírito Santo fará com que tenhamos a mesma percepção que Deus possui acerca do pecado, da justiça e do juízo;

[2] Sua missão quanto à verdade possui a seguinte configuração: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir” [João 16.13]. Em sua obra quanto à verdade, o Espírito Santo fará com que nos aproximemos dela;

[3] Sua missão quanto à pessoa de Cristo é assim descrita por Jesus: “Ele me [Jesus] glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” [João 16.14]. Em Sua obra quanto à pessoa de Cristo, o Espírito Santo fará com que glorifiquemos a Cristo em todos os aspectos de nossa vida.

Nessa linha de argumentação, é possível afirmar que a obra do Espírito Santo fará com que, em primeiro lugar, nos aproximemos da verdade, porque Ele nos conduzirá a toda verdade; em segundo lugar, Ele fará com que em tudo Cristo seja glorificado em nossa vida, porque essa será a mensagem que Ele nos há de anunciar; e, por fim, Ele, por meio de um poderoso convencimento, dobrará a nossa vontade para que tenhamos a mesma percepção que Deus tem em relação ao pecado, à justiça e ao juízo.

Percebemos, portanto, que o Espírito Santo é quem nos capacita e habilita a nos aproximarmos da verdade, a glorificarmos a Cristo em todos os aspectos da nossa vida e a termos a mesma percepção que Deus tem em relação ao pecado, à justiça e ao juízo. O Espírito Santo é o Consolador que nos foi prometido por Jesus. Guardemos firmes a promessa de que “todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” [Romanos 8:14]. É somente pelo Espírito, no Espírito e sob a influência do Espírito que desfrutaremos a vida que o Senhor Jesus desenhou para nós!

A. M. Cunha


terça-feira, 6 de julho de 2021

EVANGELHO DE JOÃO - CAPÍTULO 15

Manter-se conectado a Cristo para permanecer vivo e produtivo no Reino de Deus, este é o precioso conteúdo divulgado pelo capítulo 15 do Evangelho Segundo João. Não há habilidade humana que seja capaz de conferir a qualquer pessoa, por mais admiráveis que sejam suas qualificações naturais, a condição de se manter vivo e produtivo no Reino de Deus. A origem desta condição é unicamente divina, pois Jesus Cristo é a fonte, real e inesgotável, de todo ser e de toda vida produtiva! A figura bíblica apresentada por Jesus ao expressar esta tão singular verdade possui três importantes personagens estruturais:

[1] O primeiro personagem é Cristo, a videira verdadeira, Aquele em relação ao qual, e somente em relação a Ele, existe a efetiva possibilidade de frutificação. É preciso estar efetivamente conectado a Ele, pois o ramo não pode produzir fruto de si mesmo, se não permanecer conectado na videira, que é Cristo [João 15:1 e 4];

[2] O segundo personagem é o homem, que aqui é descrito como um ramo da videira. A imprescindível condição para que o ramo frutifique é manter-se conectado à videira. À luz desta parábola, nenhum homem poderá permanecerá espiritualmente vivo e produtivo se não se mantiver conectado a Cristo [João 15:5];

[3] O terceiro personagem é o Pai Celestial, descrito nessa parábola como o agricultor que exerce uma dupla função em relação ao homem: “cortar” e “podar” os ramos. É o nível de conectividade do ramo com a videira que determinará se ele será cortado ou podado.

O princípio é bem simples e direto: O ramo sem fruto, e que, portanto, não está verdadeiramente conectado à árvore, deve ser cortado fora. Por outro lado, o ramo com fruto, deve ser podado “para que produza mais fruto ainda” [João 15:2]. Há, como afirmado acima, um importante princípio espiritual revelado neste capítulo: Estar verdadeiramente conectado a Cristo é um intransferível e insubstituível requisito para se manter vivo e produtivo no Reino de Deus. Jesus resume a essência deste princípio nas seguintes palavras: “permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim” [João 15:4].

A. M. Cunha


Evangelho de João - Capítulo 14

As telas do cinema mundial fizeram ecoar, pela boca do “tio Ben”, a memorável frase dita para o seu sobrinho Peter Parker, o homem aranha: “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”. Alguns anunciam que esta frase reverbera o pensamento do filósofo Auguste Comte, um defensor da chamada responsabilidade social, cujo cerne parece ter sido o seguinte: ao detentor de alguma forma de poder impõe-se o dever de agir, não para usufruir, por si e para si, das benesses inerentes ao poder, mas para benefício da sociedade.

O capítulo 14 do Evangelho Segundo João inaugura os discursos de Jesus acerca do Espírito Santo, apresentando-O como o Supremo Doador de poder para os filhos de Deus. Por que tão grande poder tem sido dispensado para os filhos de Deus? Uma sugestão de resposta seria a seguinte: Tal poder é dispensado para os filhos de Deus, porque a eles foi incumbida uma grande responsabilidade, a saber: Propagar o Evangelho do Reino de Deus a toda criatura! [Marcos 16:15]. Eis a razão porque podemos afirmar que o poder do Espírito Santo nos foi concedido para que possamos cumprir a responsabilidade que o evangelho nos conferiu.

Sob a perspectiva do Evangelho, a frase do “tio Ben” assume a seguinte configuração: É necessário um grande poder para que uma grande responsabilidade possa ser cumprida. Noutras palavras, o evangelho impõe a nós uma grande responsabilidade e é o Espírito Santo que assegura que nós temos a nossa disposição um grande poder.

O capítulo 14 do Evangelho Segundo João assim descreve o poder que o Espírito Santo dispensa aos filhos de Deus: “mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito” [João 14:26].

A transformação da sociedade, como um dos necessários reflexos da missão primária dos discípulos de Jesus, requer que os filhos de Deus promovam um poderoso e impactante compartilhamento do Evangelho, sob a necessária, soberana e direta influência do Espírito Santo! Por ser uma atividade que somente será eficazmente realizada sob a tutela do Espírito Santo, o compartilhamento do Evangelho é, em sua essência, o compartilhamento do Poder de Deus para salvação de todo aquele que crê!

Uma interessante pergunta que surge é a seguinte: Por quanto tempo o Espírito Santo estará com os discípulos de Jesus? O Evangelho assim responde a esta pergunta: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco” [João 14:16]! O Consolador assegura Sua doce e amorosa presença na vida dos filhos de Deus, e é a partir desta presença e sob Sua poderosa influência que inesquecíveis biografias são construídas no palco da vida. Aqueles que vivem sob a influência do Espírito Santo ultrapassam a esfera do evangelho meramente teórico, para experimentá-lo na esfera do evangelho poderosamente prático, que incansavelmente age em amor. É com tal estilo de vida que os filhos de Deus podem deixar uma relevante e transformadora marca na sociedade a sua volta, proporcionando que aqueles com os quais se relacionam venham a desfrutar os reflexos eternos do evangelho de Cristo! Todo aquele que se dispõe a cumprir a responsabilidade que o evangelho lhe confere, sem dúvida honrará o poder que lhe foi concedido pelo Espírito Santo!

A. M. Cunha


sábado, 26 de junho de 2021

Evangelho Segundo João - Capítulo 13

Três perguntas são, até uma certa medida, cruciais para proporcionar a qualquer pessoa a possibilidade de compreender a razão para estar viva:

[1] De onde vim?;

[2] Para onde vou?; e,

[3] Qual a origem do potencial que a habilita a cumprir a sua missão?

Uma honesta resposta a estas três perguntas pode revelar o “Estado de Consciência” de uma pessoa a respeito da sua missão na vida, ou, em outras palavras, a razão para estar viva para um determinado tempo.

O “Estado de consciência de Jesus” era extremamente elevado. Há um versículo no Evangelho Segundo João que contém importantes afirmações, que podem, e muito, ajudar-nos a compreender quais respostas Jesus teria dado a estas três perguntas acima mencionadas. Estas respostas, sem dúvida, são muito reveladoras quanto ao acurado “Estado de consciência” que Jesus possuía com respeito a Sua missão para com a humanidade.

O texto a que me refiro é o versículo 3 do capítulo 13 do Evangelho Segundo João, que apresenta a seguinte narrativa sobre Jesus: “sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus” [João 13:3].

Portanto, o estado de consciência de Jesus com respeito a Sua missão entre nós pode ser assim delineado:

[1] Em resposta à primeira pergunta, qual seja, “De onde vim?”, Jesus estava plenamente consciente de Sua origem divina, por isso o texto bíblico afirma: “sabendo este [...] que ele viera de Deus”. Jesus, portanto, estava plenamente consciente quanto a sua origem;

[2] Em resposta à segunda pergunta, qual seja, “Para onde vou?”, Jesus estava plenamente consciente do lugar para onde Ele estava indo. O texto bíblico diz: “sabendo este que [...] voltava para Deus”. Jesus, desta forma, estava plenamente consciente de que a sua missão na terra estava quase concluída, e assim Ele poderia retornar para o Pai!

[3] Em resposta à terceira pergunta, Jesus estava plenamente consciente de que, não apenas possuía autoridade para realizar a Sua missão terrena, mas também, Ele estava convicto de que esta autoridade estava pautada no supremo poder que Ele recebera do Pai. Assim, o Pai Celestial era a origem do poder que habilitava Jesus a cumprir a sua missão, por isso o texto bíblico diz: “sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos”. Desta forma, percebemos que Jesus também possuía uma resposta à terceira pergunta: Qual a origem do potencial que me habilita a cumprir a minha missão?”. O potencial de Jesus para cumprir a Sua missão era absolutamente divino!

Quem possui um verdadeiro, definitivo e acurado “Estado de consciência” quanto a sua missão na vida, ou seja, quanto à razão para estar vivo para um determinado tempo, não precisa recorrer aos caminhos da arrogância. Tal pessoa não será dominada por qualquer tipo de insegurança, instabilidade, hesitação ou temor para trilhar o caminho da humildade!

Os versículos 4 e 5 do capítulo 13 do Evangelho Segundo João demonstram que Jesus, num ato de extrema humildade, e como manifestação da mais acurada expressão do Seu “estado de consciência”, “levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido”. Esta atitude, sem dúvida, foi uma magnífica demonstração da humildade de Jesus.

A prática de atos de humildade não desqualifica aquele que está consciente de sua missão; ao contrário, expressa sua habilidade para despertar outros a viverem sob o mesmo senso de missão!

Por ter tão sublime “Estado de Consciência”, estando, desta forma, plenamente convicto quanto à razão para estar vivo no tempo em que esteve entre nós, Jesus tornou-se o maior exemplo de vida para nós!

A respeito de Jesus, podemos dizer que o céu não era, nem o Seu destino, nem a Sua origem; ao contrário, considerando a essência divina de Cristo, Ele é quem é a gênese primária do céu e é Nele, por Ele e para Ele que o céu obtém a eternidade que lhe é inerente! As realidades do céu, sempre pautaram todos os atos de Cristo nesta terra, por meio dos quais Ele cumpriu a Sua missão terrena para com a humanidade.

Se quisermos seguir os passos de Cristo e experimentarmos, ainda que timidamente, um vislumbre do Seu acurado “Estado de consciência”, devemos igualmente pautar todos os nossos atos nas realidades do céu! Nossos atos, conquanto devam tocar o mundo em que vivemos e as pessoas com as quais nos relacionamentos, não podem estar pautados neste mundo, nem nas pessoas; mas nas realidades do céu, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo!

A. M. Cunha


segunda-feira, 14 de junho de 2021

A Casa sem Portas

“Ora, a fé é [...] a convicção de fatos que se não veem.”

Hebreus 11:1

 

Nesta madrugada eu acordei pensando numa casa sem portas. Se existisse uma casa assim, os de dentro não poderiam sair e os de fora, não poderiam entrar.

Sendo assim, as paredes seriam verdadeiros obstáculos para a entrada e a saída das pessoas. Mas o que seriam as portas caso elas existissem nessa casa imaginária? Elas seriam oportunidades para a entrada e para a saída das pessoas!

O que mais me intrigou nesta imagem foi o fato de que as portas são instaladas exatamente nas paredes. Não existem portas fora delas. Elas só existem lá, nas paredes!

Como afirmei, as paredes são obstáculos e as portas são oportunidades! Ouçamos cuidadosamente a seguinte frase: As portas são instaladas exatamente nas paredes! Olhemos para a nossa vida. Vivemos numa grande casa, cheia de “paredes”, cheia de “obstáculos”. Mas a vida tem também suas “portas”, que são as inúmeras oportunidades que nos são oferecidas.

Qual é o grande desafio da vida? Devemos olhar para as paredes, não para contemplarmos os obstáculos e exclusivamente nos lamentarmos diante da sua crueldade, mas devemos encontrar as inúmeras “portas” que estão instaladas nas “paredes” da vida, pois as “paredes” da vida não são apenas obstáculos, mas o perfeito lugar onde inúmeras “portas” são instaladas por Deus!

Oremos a Deus para que os nossos olhos sejam abertos para que possamos ver as “portas” que Ele instalou para nós nas “paredes” da vida! Acreditemos: As portas estão lá, estão instaladas lá, foram colocadas lá por Deus! Precisamos clamar como os apóstolos: “Aumenta-nos a fé” Senhor [Lucas 17:5]. Que Deus o abençoe, que os seus olhos sejam abertos e você possa perceber que as paredes da vida estão repletas de oportunidades, de portas que Deus colocou lá para você.

Que Deus o abençoe, que a graça do Senhor esteja sobre a sua vida.

A. M. Cunha


EU SOU O SENHOR TEU DEUS

“Eu sou o Senhor, teu Deus [...]”

Êxodo 20:2

Este texto é muito interessante pois, em primeiro lugar, ele afirma que Deus é. Não se diz que Deus que foi ou que Deus será, mas que Ele é. Portanto, Deus é imutável.

Em segundo lugar, este texto também diz que Ele é Senhor, ou seja, Ele é independente de qualquer outro para ser o que é, para falar o que fala, para pensar o que pensa, para estar onde está e para fazer o que faz.

E em terceiro lugar, o texto afirma que o Senhor é teu Deus. Portanto, Ele não é um Deus distante, Ele está próximo, Ele é um Deus pessoal, Ele quer ser chamado de teu Deus!

Que Deus te abençoe e que a graça do Senhor esteja com você, hoje e sempre!

A. M. Cunha


Evangelho de João - Capítulo 12

Eu fui, por volta dos meus 20 anos de idade, locutor de uma rádio evangélica em Brasília, Distrito Federal. Se naquela época Luís Lombardi Neto, o famoso Lombardi que anunciava produtos e quadros no Programa Silvio Santos, concorresse comigo ao prêmio de melhor locutor, eu não teria a menor chance. Lombardi seria, com absoluta certeza, o grande vencedor.

João, o Evangelista, bem que poderia ter sido o locutor de uma importante rádio em Betânia, ou ainda, quem sabe, o apresentador de um Podcast patrocinado pelos moradores daquela vila próxima de Jerusalém. Eu seria um dos primeiros a compor a audiência desse programa. Fico até a imaginar um Podcast que apresentasse os detalhes daquela extraordinária reunião preparada para Jesus e que está registrada no capítulo 12 do Evangelho Segundo João!

Além de Jesus e de Judas Iscariotes, três outros personagens foram os protagonistas naquela magnífica reunião, a saber, Lázaro, Marta e Maria. Destes três últimos, se eu tivesse que escolher quem teria mais condições de ter uma atuação mais ativa naquela reunião, este, sem dúvida, teria sido Lázaro! Pense comigo: Ele havia sido poderosamente ressuscitado há poucas horas! Quem, além dele teria um testemunho mais relevante para apresentar naquela reunião? Fico então a imaginar quantas coisas maravilhosas ele poderia compartilhar naquela tão sublime reunião!

Mas o texto bíblico, no que se refere à atuação de Lázaro naquela reunião, limita-se a dizer o seguinte a seu respeito: “sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa.” [João 12.2]. O texto foi incrivelmente omisso quanto ao registro de quaisquer palavras ou ações praticadas por Lázaro. Se eu estivesse lá, e, naturalmente, com algum poder de decisão, muito provavelmente Lázaro, além de Jesus, é claro, seria a única pessoa cuja atividade seria registrada, e muito provavelmente eu teria pedido que ele fizesse uma exposição detalhada sobre quais experiências ele havia desfrutado no exato momento em que foi ressuscitado por Jesus! Com certeza, ele não ficaria apenas sentado àquela mesa.

Ainda bem que eu não estava lá, do contrário, não teríamos a inspirada oportunidade de vermos o registro de duas importantes atividades que aconteceram naquela reunião! A primeira dessas atividades foi o serviço prestado por Marta [João 12.2]. E quão importante foi para nós o registro dessa atividade! E a segunda delas, foi a adoração de Maria que, “tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos” [João 12.3]! Com essa atitude, “encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo”. Sem dúvida, esse foi um relevante serviço prestado por Maria!

O fato é que, se Lázaro não tivesse se assentado à mesa para ser servido pelas irmãs, ele, muito provavelmente, não teria desfrutado do banquete oferecido por Marta e do agradável odor do perfume que foi docemente derramado por Maria!

Entre todos os nascidos os nascidos mulher que estavam naquela reunião, Lázaro era o mais habilitado a oferecer um grandioso testemunho acerca de Jesus. Mas ele permaneceu assentado à mesa, e com isto, Marta e Maria tiveram oportunidade para prestarem o seu serviço. Marta, num certo sentido, prestou seu serviço a todos os que estavam presentes, inclusive para o próprio Lázaro. Maria, por sua vez, prestou o seu serviço diretamente a Cristo, muito embora todos os presentes, incluindo Lázaro, tenham desfrutado do agradável aroma exalado pelo perfume que encheu toda a casa!

Concluímos que o silêncio de Lázaro, que se manteve assentado à mesa, foi muito importante para que a relevância do serviço prestado por Marta e por Maria fosse percebido naquele ambiente. Sem dúvida, prestamos um relevante serviço ao Reino de Deus quando permitimos que os outros membros da comunidade dos discípulos de Cristo sirvam a nós e à própria comunidade! Costumo chamar este relevante serviço de “O serviço de deixar-se ser servido”!

Que o nosso viver cristão seja amorosa e intencionalmente marcado pela atitude de permitirmos que nossos irmãos prestem, nos encontros da comunidade dos discípulos de Cristo, o seu valioso, indispensável e relevante serviço cristão.

A. M. Cunha

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Evangelho Segundo João - Capítulo 1

A visão, num certo sentido, pode ser entendida como resultado da interação de, pelo menos, três elementos:

[1] Um órgão visual que seja funcional, portanto, capaz de ver;

[2] Uma substância para ser vista; e

[3] A existência de luz em limites minimamente capazes de proporcionar uma visibilidade eficaz.

O capítulo 1 do Evangelho Segundo João, em suas iniciais palavras, faz uma breve narrativa acerca da pessoa de Jesus Cristo, como o Verbo Divino que se tornou humano. A respeito de Jesus o evangelista diz que a “vida estava nele e a vida era a luz dos homens” [João 1.4]. Portanto, Jesus foi comparado a uma luz – única, universal e vencedora –, pois o evangelista João diz que o Seu brilho resplandeceu com intensidade tal que “as trevas não prevaleceram contra ela” [João 1.5].

Por fim, um elemento humano é introduzido nessa narrativa: Refiro-me a João, o batista, a respeito de quem se diz que era “um homem enviado por Deus”, que ele “veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz” e que “Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz” [João 1.6-8].

Jesus Cristo é apresentado, nas letras iniciais deste Evangelho, como “a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” [João 1.9].

Este Evangelho, como toda Escritura Bíblica, tem Sua origem em Deus e é destinado ao homem. A Bíblia Sagrada, por ter sido escrita por Deus para o homem, pode ser compreendida como uma magnífica carta do amor divino para a humanidade.

Como falamos inicialmente, a visão é o resultado da interação de três elementos singulares. Os três elementos que falamos no início desta reflexão estão presentes na introdução do Evangelho Segundo João:

[1] O órgão visual é o “olho divino”, plenamente capaz de ver;

[2] A humanidade, por sua vez, é a substância a ser vista; e, por fim,

[3] Jesus é a verdadeira luz.

Este é, portanto, o maravilhoso quadro da “visão celestial” que alcança toda a humanidade, pois esta luz, Jesus Cristo, “ilumina a todo homem” [João 1.9]. A introdução do Evangelho Segundo João é, por assim dizer, uma extraordinária narrativa acerca do modo como Deus vê a história humana, uma singular descrição da “visão celestial” que pode ser assim resumida: Deus vê, a humanidade é vista e Jesus é a verdadeira luz que transforma aquele que crê, pois, como já falamos, a “vida estava nele e a vida era a luz dos homens” [João 1.4]!

Um último detalhe dessa introdução não pode ser esquecido. Existem duas classes de pessoas descritas neste Evangelho:

[1] Aqueles que, uma vez tendo sido iluminados, tornam-se filhos de Deus mediante a fé; e

[2] Aqueles que, por não possuírem fé e, portanto, serem cegos espiritualmente, continuam em trevas.

Jesus Cristo é a luz que contém a vida que humanidade necessita. Tudo neste Evangelho gravita em torno dessa vida e dessa luz! A “visão celestial” contempla toda a humanidade com o propósito de conceder-lhe vida mediante a fé e a partir da iluminação de Jesus Cristo.

Um grande abraço a todos.

Deus os abençoe!

A. M. Cunha


Evangelho Segundo João - Capítulo 2

O capítulo 2 do Evangelho Segundo João apresenta a narrativa do primeiro milagre que Jesus realizou. Nesse Evangelho, os milagres de Jesus são chamados de sinais. É necessário que eu faça um importante destaque quanto ao propósito dos sinais realizados por Jesus. Todo milagre divino é composto por, pelo menos, três elementos:

[1] A situação, a circunstância ou o problema que é solucionado pelo milagre;

[2] Aquele que é o destinatário do milagre; e, por fim,

[3] Aquele que realiza o milagre.

Por mais que pensemos que nós, como destinatários, sejamos o foco do milagre, ou ainda, por mais que pensemos que a mera transformação da situação, circunstância ou problema que nos assolava seja o destino último das ações de Jesus em nosso favor, a Bíblia nos dá conta de que os milagres não possuem este propósito. O próprio evangelista é bem direto quando esclarece o propósito dos milagres realizados por Jesus. Ele diz o seguinte: “Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome” [João 20:30].

Embora os milagres realizados por Jesus possuam, como afirmamos acima, pelo menos três elementos, apenas um deles pode ser definido como o propósito dos milagres, ou seja, os milagres apontam para Aquele que os realiza: Jesus Cristo! Os milagres destinam-se a fazer com que creiamos em Jesus como o Cristo e, consequente, tenhamos vida em Seu nome!

É muito significativo, contudo, que o primeiro sinal realizado pelo Senhor Jesus tenha ocorrido na Galileia. O profeta Isaías afirmou que a Galileia seria conhecida como “Galileia dos Gentios”, “povo que andava em trevas” e “região da sombra da morte” [Isaías 9.1-2]. A Galileia era, portanto, uma região de abundante pecado! Porém, as Escrituras lançam um brilho de esperança quanto a isso, pois, nas palavras do apóstolo Paulo, “onde abundou o pecado, superabundou a graça” [Romanos 5.20].

No capítulo 1º, Jesus foi apresentado como uma luz – única, universal e vencedora –, cujo brilho resplandeceu com uma fulgurante intensidade, de modo que “as trevas não prevaleceram contra ela” [João 1.5]. A respeito do povo da Galileia o profeta Isaías disse: “O povo que andava em trevas viu grande luz” [Isaías 9:2]. Jesus não poderia ter escolhido um lugar melhor para realizar o Seu primeiro milagre! A Galileia, sendo a “região da sombra da morte”, cujo “povo que andava em trevas”, era, não apenas um lugar físico, mas uma esplêndida representação deste “mundo tenebroso”. Sim, nós vivemos na “região da sombra da morte” e fomos contados como o “povo que andava em trevas”, mas Jesus é “a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” [João 1:9]. Louvado seja Deus, pois Jesus “habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória” [João 1:14].

O apóstolo João nos diz que Jesus, “em Caná da Galiléia; manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” [João 2.11]. No capítulo 1º desse evangelho nós fomos apresentados ao primeiro princípio: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” [João 1:1] E quanto a este primeiro princípio, Jesus foi exaltado sobremaneira, pois a Seu respeito se diz: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” [João 1:3]. No capítulo 2, no entanto, nós somos apresentados a um novo princípio – o princípio dos sinais realizados pelo Senhor Jesus, por isso se diz: “Com este, deu Jesus princípio a seus sinais” [João 2:11].

Vejamos um pouco sobre este primeiro “sinal” realizado por Cristo – Nele “a água foi transformada em vinho”. Aquela água, por ter adquirido uma nova natureza, foi, por conseguinte, transformada em vinho! A água possui uma natureza e o vinho, outra. Para que a natureza da água fosse transformada noutra natureza, foi necessária a ação de um poder superior, um poder capaz de penetrar nos seus minúsculos componentes, imprimir-lhes uma poderosa ação modificadora, e, desta forma, transformá-la noutra substância, o vinho!

Todo aquele que experimentou o novo nascimento, foi transformado da água para vinho! Este é o primeiro e o mais glorioso sinal que Cristo realiza na vida daquele que vivia na “região da sombra da morte”, o novo nascimento!

Quando Cristo realizou seu primeiro “sinal” na vida daquele que nasceu de novo, essa pessoa foi submetida a um poder superior que exerceu sobre si uma maravilhosa ação modificadora, que por fim, o transformou numa nova criatura! Isso se deu porque Cristo concedeu-lhe uma nova natureza. Nas palavras do apóstolo Paulo esse milagre é assim descrito: “se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” [1 Coríntios 5.17]. De acordo com Romanos 6:22, fomos libertados do pecado e transformados em servos de Deus. Essa gloriosa transformação encheu-nos de vida, a vida que, conforme João 1:4, é a luz dos homens”!

Um grande abraço a todos.

Deus os abençoe!

A. M. Cunha


Evangelho Segundo João Capítulo 3

Todo nascimento é uma oportunidade para a expansão de uma família. De fato, a casa nunca mais será a mesma quando nasce um novo membro. Quando uma nova pessoa surge em nossas famílias, todas as coisas sofrem uma radical transformação: os gastos, a agenda, os compromissos, o tempo, as tarefas, etc. Mas, sobretudo, os sentimentos, a visão de mundo, a experiência da renúncia e a capacidade de servir sem esperar retribuição, todas estas coisas serão transformadas e intensificadas! Sem dúvida o nascimento provoca mudanças!

O capítulo 3 do Evangelho Segundo João registra o diálogo de Jesus com Nicodemos, um dos principais líderes religiosos entre os judeus. O cerne desse diálogo foi o que Jesus chamou de “novo nascimento”. Jesus afirmou “que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” [João 3.3]. No entanto, a religiosidade de Nicodemos era um forte impedimento em sua capacidade de perceber as realidades espirituais, por isso ele era incapaz de discernir com clareza as palavras de Jesus.

Jesus, no entanto, não deixa aquele que O busca no escuro. Por isso Ele foi mais enfático em Suas palavras, dizendo: “É necessário nascer de novo” [João 3.7]! E no decorrer daquele diálogo, as coisas vão ficando bem mais claras para Nicodemos. Como falamos anteriormente, o nascimento natural provoca mudanças a nossa volta. O novo nascimento também provoca mudanças. Porém, as mudanças provocadas pelo nascimento espiritual são imensamente superiores e radicalmente muito mais transformadoras do que aquelas provocadas pelo nascimento natural. Sem dúvida, as mudanças provocadas pelo novo nascimento decorrem de uma poderosa ação do Espírito Santo em nossa vida! Tudo mudou quando nascemos de novo!

É por isso que devemos estar atentos para a seguinte realidade: Se mudanças profundas e transformadoras não são constatadas em nossa vida, isso significa que, muito provavelmente, o novo nascimento não aconteceu em nossa história! As mudanças são, portanto, uma formidável consequência e uma magistral evidência do novo nascimento!

Porém, o novo nascimento não provoca apenas mudanças em nossa vida, mas também promove a expansão da família de Deus, pois, de acordo com as Escrituras, todo aquele que nasceu de novo passa a fazer parte da família de Deus [João 1:12 e Efésios 2:19 comprovam esta realidade]! Quem experimenta o novo nascimento acaba por descobrir que não é o único a ter esta gloriosa experiência, mas descobrirá que ao seu lado existe uma multidão de outras pessoas que igualmente experimentaram o novo nascimento, e agora, juntamente com você, fazem parte da família de Deus!

Não nos esqueçamos, porém, que, à luz do capítulo 3 do Evangelho Segundo João, o novo nascimento promove duas singulares transformações na vida de uma pessoa:

[1] O novo nascimento concede àquele que o experimenta a capacidade para “ver o reino de Deus” [João 3.3];

[2] O novo nascimento concede àquele que o experimenta a capacidade para “entrar no reino de Deus” [João 3.5].

Observe a progressão: Primeiro “ver”, depois “entrar”. O Reino é primeiramente visto, contemplado, admirando, vislumbrado. Depois, irresistivelmente, aquele que o vê, desfruta da inigualável virtude de entrar no Reino de Deus. Assim, por meio do novo nascimento, o Reino de Deus passa a ser a nossa visão e o nosso ambiente! Ele é a nossa visão, porque ele é tudo o que vemos! Ele é o nosso ambiente, porque ele é o recinto onde nos sentimos agasalhados e que nos faz desfrutar a benção de pertencer à mais profunda realidade espiritual de nossa história: A família de Deus! Como é glorioso o novo nascimento!

A. M. Cunha


EVANGELHO DE JOÃO - CAPÍTULO 4

Ele não era quem eu pensava que fosse! Esta frase, por vezes, é pronunciada logo após uma angustiante e profunda decepção com uma determinada pessoa! Mas, e se essa frase não fosse fruto de uma decepção, mas viesse a ser pronunciada logo após uma fascinante e reveladora descoberta? De fato, é plenamente possível que venhamos a descobrir que alguém seja muito diferente daquela desagradável percepção que inicialmente nutríamos a seu respeito. Nesse caso, estaríamos diante, não de uma cruel e lamentável decepção, mas de uma fascinante descoberta, uma agradável e maravilhosa surpresa!

O capítulo 4 do Evangelho Segundo João é extremamente revelador quando a este ponto. Este capítulo narra a história do encontro de Jesus com a mulher samaritana. Mas não estamos diante de um encontro qualquer, pois a equivocada percepção daquela mulher com respeito a Jesus foi lentamente sendo desconstruída à medida que o encontro ia prosseguindo. Vejamos como se deu esta progressão:

[1] Em primeiro lugar, aquela mulher entendia que havia uma considerável barreira racial que jamais permitiria que ela conversasse com Jesus. Isto pode ser visto nas seguintes palavras que ela pronunciou: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana [...]? [João 4.9];

[2] Em segundo lugar, aquela mulher julgava que Jesus não possuía nenhum recurso, de modo que Ele, aos olhos daquela mulher, jamais poderia prestar-lhe qualquer auxílio ou contribuição para sua existência. Ela afirmou o seguinte: “O senhor não tem com que tirar a água, e o poço é fundo” [João 4.11];

[3] Em terceiro lugar, aquela mulher considerava Jacó em mais alta conta do que Jesus, de modo que ela o considerava muito maior e muito mais digno de respeito do que Jesus. Nesse sentido ela afirmou o que se segue: “És tu, porventura, maior do que Jacó, o nosso pai, que nos deu o poço [...]? [João 4.12];

[4] Em quarto lugar, aquela mulher, agora sob o impacto daquele encontro e das transformadoras palavras proferidas por Jesus, começou a descobrir que Ele não era quem ela inicialmente pensava. Seu conceito a respeito Dele mudou! Sua percepção a respeito Daquele que com ela dialogava foi radicalmente influenciado pelo transformador conteúdo de Suas palavras. Antes mesmo que aquele diálogo terminasse o evangelista João registra as seguintes palavras: “Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta” [João 4.19];

[5] Em quinto lugar, aquela mulher, cada vez mais impactada por aquele poderoso encontro, começa a cogitar a possibilidade de Jesus poder ser o Cristo, o prometido e aguardado Messias. Quanto a este ponto, o evangelista menciona o seguinte: “Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?” [João 4.28-29];

[6] Em sexto lugar, aquela mulher não apenas percebeu que Jesus era diferente de tudo daquilo que ela inicialmente pensava a seu respeito, como também, em decorrência do radical e transformador impacto de seu encontro com Cristo, ela tornou-se uma vibrante testemunha de Jesus. A Bíblia diz o seguinte: “Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher” [João 4.39].

Um verdadeiro encontro com Jesus desconstrói todo pensamento equivocado que se tenha tido sobre Ele! Todo pensamento que se tenha acerca de Jesus, sem que se tenha tido um encontro com ele, será equivocado! O encontro com Jesus sempre será transformador! Aquele que com Ele se encontra, desfrutará de uma das mais revolucionárias experiências da existência humana: A experiência de saber que Cristo é muito mais do que tudo aquilo que inicialmente pensávamos a Seu respeito!

A. M. Cunha


Evangelho de João - Capítulo 5

Perguntas cujo propósito é descobrir qual é o real desejo de alguém para um determinado momento são normalmente respondidas com uma clara, expressa e direta manifestação de vontade. Foi isso, por exemplo, o que aconteceu com o cego Bartimeu, quando Jesus lhe perguntou: “Que queres que eu te faça?”. A resposta de Bartimeu manifestou claramente sua vontade: “Mestre, que eu torne a ver” [Marcos 10.51].

No entanto, o Capítulo 5 do Evangelho Segundo João apresenta outra forma de responder a esse tipo de pergunta, onde o que se deseja é descobrir a vontade específica de alguém para um determinado momento.

Quando estava em Jerusalém para uma das festas dos judeus e percorria, nos arredores da Porta das Ovelhas, os pavilhões do tanque de Betesda, Jesus encontrou-se com um paralítico que estava enfermo há 38 anos. Durante esse encontro, Jesus fez àquele paralítico a seguinte pergunta, cujo propósito era descobrir a sua real vontade para aquele momento: “Queres ser curado?” [João 5.6].

A resposta naturalmente esperada diante de tais perguntas deveria ser uma clara e expressa manifestação de vontade. O paralítico poderia ter dito: “Sim, Senhor, quero ser curado!”. Mas essa não foi sua resposta direta. O paralítico fez uso das seguintes palavras para responder à pergunta feita por Jesus: “Senhor, não tenho ninguém que me ponha no tanque, quando a água é agitada; pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.” [João 5.7].

Observe que o paralítico, nessa resposta, não manifestou clara e diretamente sua vontade, muito embora, indiretamente sua resposta tenha expressado o desejo de ser curado.

Vejamos o que ele revelou em sua resposta:

[1] Em primeiro lugar, ele revelou que estava sozinho, pois, disse ele, “não tenho ninguém que me ponha no tanque”. Até este ponto de sua resposta, não havia a expressão de uma vontade clara e específica de ser curado; o que ele revelou, até este momento, porém, foi o seu estado de solidão;

[2] Em segundo lugar, a partir da resposta dada por aquele paralítico, concluímos que ele, não obstante estivesse sozinho, sua postura não havia sido a de um homem envolto num deplorável estado de autocomiseração, de lamentação ou queixume. Ao contrário, em suas palavras aquele homem demonstrou que, em vez de ficar lamentando o seu estado de paralisia, ele escolheu agir, ainda que nos limites de suas possibilidades. Eis o que ele disse: “enquanto eu vou”. Ele era alguém que, embora fosse paralítico, e, portanto, vivesse num estado de paralisia física, sua alma não se achava algemada, pois ele estava internamente em movimento.

Como afirmamos acima, aquele homem, em sua resposta, não manifestou expressamente a vontade de ser curado. No entanto, podemos ver que ele revelou de forma veemente, porém implícita, que ele realmente possuía uma real vontade de ser libertado do seu estado de paralisia física. Quando afirmou “enquanto eu vou”, ele estava, em outras palavras, demonstrando que, de fato, sua vontade era a de ser curado.

Assim, embora ele não tenha respondido à pergunta de Jesus com uma clara e expressa manifestação da vontade, isso não significava, porém, que ele não possuía, de fato, a vontade de ser curado! Ao contrário, em sua resposta, ele demonstrou sua vontade de ser curado com a ação de ir ao encontro das águas. Dito de outra forma, aquele paralítico não manifestou sua vontade de ser curado com palavras, mas com atitudes! Aquela foi, sem dúvida, uma resposta singular!

Desta narrativa bíblica colhemos o precioso ensinamento de que as nossas atitudes, não raro, demonstram nossa vontade, ainda que não usemos palavras para expressá-la! Se olharmos atentamente para os espaços mais ocultos de nossa alma, pode até ser que não consigamos contemplar uma clara expressão da nossa vontade. Mas isso não significa que ela não esteja lá. De fato, ela está lá, ainda que profundamente escondida. Porém, se atentamente olharmos para o complexo ambiente das nossas atitudes, contemplaremos a nossa real vontade!

Que nossas atitudes sejam o reflexo de corações impulsionados, não para os tanques da existência humana, mas para o Supremo arquiteto do Universo, Aquele, que com o sopro da Sua boca, criou todas as coisas e todas as fontes que temos à nossa disposição. O Nosso Deus é, portanto, poderoso para soprar em nossa existência estática e fazer com que entremos em movimento nas águas do rio do Seu infinito amor!

A. M. Cunha


Evangelho de João - Capítulo 6

Sem dúvida, a capacidade de identificar potencialidades, principalmente em situações de crise com o objetivo de superá-la, é uma notável e prodigiosa arte que a humanidade pode desfrutar! Esse particular aspecto da dinâmica da vida possui importância singular no processo de liderança eficaz e transformadora.

O capítulo 6 do Evangelho Segundo João narra um desses momentos, onde a descoberta de potencialidades tornou-se numa ferramenta muito útil para a solução de uma crise que, sorrateiramente, se aproximava. Refiro-me àquela narrativa bíblica onde a necessidade de alimentar uma numerosa multidão, que seguia Jesus, tornou-se algo urgente e inadiável [João 6.2 e 5]! Esta necessidade havia sido destacada por Jesus com as seguintes palavras: “Onde compraremos pães para lhes dar a comer?” [João 6:5].

O evangelista descreve a real motivação daquela multidão fazendo uso das seguintes palavras: “Seguia-o numerosa multidão, porque tinham visto os sinais que ele fazia na cura dos enfermos” [João 6:2]. Como se pode observar, não se tratava de uma multidão sedenta pelos ensinamentos de Jesus, mas, de uma multidão cujo interesse era, unicamente, receber os gloriosos milagres realizados por Jesus. O Cristo que estava diante daquela multidão já havia sido descrito neste Evangelho como sendo “cheio de graça e de verdade” [João 1:14]. Sendo assim, Jesus não é um portador apenas de graça para os Seus ouvintes, mas Ele é, também, o legítimo proprietário da verdade. O pleno desfrute desses atributos, tanto da graça quanto da verdade, requer, não apenas o recebimento da “graça”, mas a obediência à “verdade”!

Em resposta à pergunta feita por Jesus, um dos Seus discípulos chamado André informou o seguinte: “Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos” [João 6.9]. Aquele discípulo foi capaz de identificar algum nível de potencialidade na vida daquele rapaz. No entanto, sua fé ainda não estava aperfeiçoada o suficiente para crer que aqueles pães e aqueles peixinhos seriam o bastante para aquela multidão. Em sua incredulidade André disse: “mas isto que é para tanta gente?” [João 6.9].

É extraordinário saber que é possível identificar potencialidades ainda que a fé não tenha sido suficientemente aperfeiçoada! Nunca é demais destacar que uma potencialidade descoberta nada será, a menos que seja entregue nas mãos de Jesus! Essa é a descrição contida do texto de João 6.11, que nos diz: “Então, Jesus tomou os pães e [...] também igualmente os peixes”. Que as nossas potencialidades, por mais tacanhas que venham a ser, sejam entregues nas mãos daquele que é “cheio de graça e de verdade”!

O resultado obtido quando uma potencialidade é colocada nas mãos de Jesus é algo extraordinariamente magnífico! O texto bíblico diz o seguinte: “E, quando já estavam fartos” [João 6.12]! A fartura é o destino das potencialidades que são entregues nas mãos de Jesus! O Cristo que viu a fome que se aproximava, foi suficientemente poderoso para suplantá-la, abrindo espaço para a fartura! Que se levantem novos “Andrés” em nossa geração e que as potencialidades descobertas sejam lançadas aos pés daquele que pode transformar a fome em fartura!

A. M. Cunha


Evangelho de João - Capítulo 7

Três festas possuíam um singular valor para o povo de Israel: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculos. O capítulo 7 do Evangelho Segundo João apresenta uma dessas festas, a Festa dos Tabernáculos! O evangelista João diz o seguinte: “Ora, a festa dos judeus, chamada de Festa dos Tabernáculos, estava próxima.” [João 7:2]. Mais adiante, o evangelista diz: “Depois que seus irmãos tinham ido à festa, Jesus também foi, não publicamente, mas em segredo.” [João 7:10]. Agora aquela festa estava completa, pois Jesus estava presente!

A ordem acerca da celebração da Festa dos Tabernáculos está contida em Deuteronômio 16:13-15. Essa festa durava sete dias. E entre os sete dias de celebração dessa festa havia um ápice, o apogeu da sua celebração, o grande dia, que era o último dia da festa! O evangelista refere-se a este dia fazendo uso das seguintes palavras: “No último dia, o grande dia da festa [...] [João 7:37]. O grande e último dia, era, a um só tempo, majestoso, por ser grande, e saudoso, por ser o último! Sendo o último, portanto, aquele dia era, na verdade, a declaração acerca do fim daquela majestosa festa, pois a Festa dos Tabernáculos estava chegando ao fim! Isso implicava dizer que somente no próximo ano os judeus a celebrariam novamente!

 

Jesus, no entanto, fez uma sublime afirmação, cujo sentido apontava para uma festa que jamais se acabaria: A Festa do Espírito Santo! Jesus declarou: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” [João 7:37-39]. A eternidade dessa fonte está claramente descrita neste Evangelho nas seguintes palavras: [...] aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.” [João 4:14]. Que maravilhosa festa, inesgotável, interminável e inextinguível festa! De fato, uma festa infinita!

No último dia dessa festa singular, Jesus faz um inesquecível convite: [...] Se alguém tem sede, venha a mim e beba.” [João 7:37]. Sem dúvida, trata-se de um convite feito para aqueles que têm sede! O sedento que vem a Cristo saciará a sua sede, e não apenas isso, mas do seu interior fluirão rios de água viva!

Somente em Cristo nossa festa não terá fim! Não precisaremos esperar o próximo ano para celebrá-la novamente, pois todo dia é dia de Festa! Esta é uma autêntica festa do amor. O amor de Deus pelo homem e do homem para com Deus encontram-se nessa majestosa festa! Jesus disse algo maravilhoso acerca do amor do homem para com Deus: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” [João 14:21]. O Cristo da Festa dos Tabernáculos faz morada em todo aquele que O ama. É por isso que existe “uma fonte a jorrar para a vida eterna”. Eis a razão porque do seu interior fluirão rios de água viva.”. A eternidade é o fim último de todo aquele que ama a Cristo e Cristo é a fonte dos rios que emanam do seu interior!

A. M. Cunha


EVANGELHO DE JOÃO CAPÍTULO 8

Aquele que possui um olhar que é capaz de ver o que ninguém consegue ver: Esta é uma extraordinária forma de expressar a capacidade de percepção de Jesus Cristo! Por exemplo, quem seria capaz de vislumbrar que um pecador contumaz poderia, enfim, ser alcançado com o perdão divino? Jesus Cristo, sem dúvida, possui tão singular e aguçada percepção!

Aos olhos humanos, aquela mulher descrita nos versículos de 1 a 11 do capítulo 8 do Evangelho Segundo João, e que fora trazida aos pés de Jesus para julgamento, jamais seria merecedora de perdão. A Escritura, no entanto, nos diz: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” [Provérbios 28.13]. Não se sabe o que aconteceu com aquela mulher no trajeto entre o seu flagrante e sua apresentação a Jesus. Mas o singular e amoroso olhar de Jesus contemplou o que ninguém conseguiu ver! Teria aquela mulher se arrependido durante aquele trajeto? Sem dúvida, não temos um registro expresso acerca disso neste texto do Evangelho Segundo João, mas, o certo é que no desfecho dessa narrativa, Jesus perguntou: “Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” [João 8.10]. O evangelista prossegue apresentando-nos a seguinte resposta proferida por aquela anônima mulher: “Ninguém, Senhor!” [João 8.11]. Jesus, então, escreveu um magnífico epílogo para aquela narrativa ao fazer a seguinte afirmação: “Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” [João 8.11].

Esta afirmação de Cristo foi uma aguda e contundente declaração de que o perdão para aquela mulher, não era apenas uma possibilidade, mas uma gloriosa, profunda e transformadora realidade! O perdão concedido, porém, não significava que Jesus havia aprovado o ato pecaminoso cometido por aquela mulher! Mas, sem dúvida, o perdão concedido apontava para o fato de que aquela mulher estava diante de uma extraordinária oportunidade para construir uma nova biografia em sua história pessoal!

No desfecho daquela narrativa, Jesus proferiu uma advertência final, ao dizer: “vai e não peques mais” [João 8.11]. O perdão concedido não é um salvo-conduto para que se continue na prática do pecado, mas é, por um lado, o atestado de que o arrependimento, que é a força atrativa do perdão, foi real, efetivo e verdadeiro, e, por outro lado, é a plataforma a partir da qual aquele que foi perdoado é amorosamente convidado a não mais pecar!

Mão isso não é tudo o que vislumbramos nesta narrativa. É bom que se diga também, que nem de longe conseguiremos explorar toda a riqueza que este texto bíblico nos oferece. Mas há algo mais que precisamos abordar aqui. O texto diz: “Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo” [João 8:6]. Existem, pelo menos, três ocasiões em que as Escrituras registram Deus escrevendo algo:

[1] De acordo com Êxodo 31:18, Deus escreveu as tábuas dos Dez Mandamentos. Este texto, portanto, é o registro de que Deus escreveu para conceder a Lei;

[2] O livro do profeta Daniel descreve a queda do rei Belsazar, que ocorreu quando uma majestosa mão começou a escrever na parede onde estava ocorrendo um grande baquete oferecido pelo Rei. Aquela escrita era o juízo de Deus sobre aquele reino. Este texto, portanto, de que Deus escreveu para aplicar a justiça da Lei;

[3] A terceira ocasião em que Deus novamente escreve está registrada no capítulo 8 do Evangelho Segundo João, ocasião em que levaram até Jesus uma mulher surpreendida em adultério. Enquanto os acusadores daquela mulher desejam condená-la à morte, Jesus, com o Seu dedo, pacientemente escrevia algo na terra. Não sabemos ao certo o que Ele escreveu, mas sabemos que o resultado final foi a demonstração do Seu amor para com aquela mulher. De acordo com Romanos 13:10, o apóstolo Paulo afirmou o seguinte: “O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor”. Assim, num certo sentido, podemos afirmar que a terceira vez em que Deus escreveu algo, Ele o fez para cumprir a Lei, pois o cumprimento da Lei é o amor!

Portanto vemos três ocasiões em que Deus escreveu: A primeira, Ele escreveu para conceder a Lei; na segunda, Ele escreveu para aplicar a justiça da Lei; e na terceira, Ele escreveu para cumprir a Lei, ou seja, demonstrar o Seu infinito, inefável e majestoso amor!

A. M. Cunha