domingo, 31 de julho de 2022

EVAGELHO SEGUNDO LUCAS - CAPÍTULO 22

Uma das características do ministério de Jesus foi a escolha de seguidores. Ele era muito criterioso na escolha dos Seus discípulos, o que o levava a se envolver em longos períodos de oração, aos pés do Seu Pai Celestial, para realizar Suas escolhas. Eis a razão por que os Seus convites para segui-Lo eram tão precisos e profundamente poderosos.

Por exemplo, Levi, conhecido como Mateus, foi alvo do seguinte convite de Jesus: “Segue-me!”, cuja resposta foi extraordinariamente imediata. Diz o texto bíblico: “Ele se levantou e o seguiu” [Mateus 9.9]! Aquele que segue, somente o fará com excelência caso se mantenha perto o suficiente daquele que deve ser seguido. Somente estando perto o suficiente de Jesus será possível ter um constante aprendizado, ouvir os Seus ensinamentos, obedecer as Suas ordens e seguir o Seu exemplo. Este “estar perto o suficiente” pode ser adequadamente percebido na expressão “junto dele”, contida no texto de Marcos 3.13, que nos diz: “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele”.

O capítulo 22 do Evangelho de Lucas, no entanto, demonstra que um dos seguidores de Jesus, o apóstolo Pedro, não observou à risca este princípio, num determinado estágio de sua caminhada com Jesus, pois o texto bíblico afirma que “Pedro seguia de longe” [Lucas 22.54]. Manter-se longe de Jesus é uma conduta perigosa que, inclusive, poderá fazer com que o seguidor de Cristo trilhe os tortuosos caminhos do esfriamento espiritual, que culminam com a trágica atitude de negá-lo.

Foi exatamente isso o que Pedro fez, e o fez por três vezes, conforme podemos ver na seguinte narrativa bíblica contida no Evangelho Segundo Lucas: “Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do sumo sacerdote. Pedro seguia de longe. E, quando acenderam fogo no meio do pátio e juntos se assentaram, Pedro tomou lugar entre eles. Entrementes, uma criada, vendo-o assentado perto do fogo, fitando-o, disse: Este também estava com ele. Mas Pedro negava, dizendo: Mulher, não o conheço. Pouco depois, vendo-o outro, disse: Também tu és dos tais. Pedro, porém, protestava: Homem, não sou. E, tendo passado cerca de uma hora, outro afirmava, dizendo: Também este, verdadeiramente, estava com ele, porque também é galileu. Mas Pedro insistia: Homem, não compreendo o que dizes. E logo, estando ele ainda a falar, cantou o galo” [Lucas 22:54-60]. A negação de Pedro pode ser vista nas seguintes expressões: “Mulher, não o conheço” [Lucas 22.57], “Homem, não sou” [Lucas 22.58] e “Homem, não compreendo o que dizes” [Lucas 22.60].

A cruel negação de Pedro foi drasticamente interrompida pelo canto do galo. O silêncio que se seguiu reverberou com inquietante estrondo na vulnerável alma do apóstolo Pedro, principalmente após o fato de Jesus, mesmo estando aprisionado, ter fixado os Seus olhos nele. O texto bíblico afirma: “Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro” [Lucas 22:61]. Dois foram os reflexos que se seguiram a este singular acontecimento. Em primeiro lugar, Pedro lembrou-se da Palavra de Jesus que havia previamente sido proferida, com o propósito de revelar a fragilidade da sua disposição para seguir o divino mestre. Quanto a este ponto, o texto bíblico afirma: [...] e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo” [Lucas 22:61]. Em segundo lugar, Pedro, abandonando o lugar da queda, vê-se imerso no amargo choro de uma alma que percebeu o seu próprio fracasso e quão vulnerável era a sua disposição para seguir o Filho de Deus! Quanto a este aspecto, o texto bíblico diz o seguinte: “Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente” [Lucas 22:62].

Caso tais momentos de afastamento atinjam a nossa alma, o escape que estará a nossa disposição será clamar ao Senhor. Desta forma, o Senhor Jesus, por Sua graça e misericórdia, fará com que sejamos sensíveis o suficiente, para percebermos o Seu olhar, e, a partir dele, lembrarmo-nos de Sua Palavra e assim, imersos em profundo arrependimento por Tê-lo negado, correremos velozmente ao encontro do Seu abraço acolhedor.

A. M. Cunha