sábado, 14 de dezembro de 2019

VIGÉSIMA SEÇÃO – SALMO 119:156

Salmo 119:156 – “Muitas, Senhor, são as tuas misericórdias; vivifica-me, segundo os teus juízos”. Este versículo está dividido em duas seções. A primeira delas é uma constatação: as misericórdias do Senhor são muitas! A segunda delas é uma súplica: vivifica-se, segundo os teus juízos! A súplica aqui contida parece referir-se ao desejo do salmista de experimentar em sua vida a misericórdia que ele havia constatado ao longo das Escrituras Sagradas. É como se ele dissesse: Eu quero experimentar as misericórdias que eu vejo e constato nas Escrituras! O vocábulo hebraico חָיָה [chayah], traduzido por “vivifica-me”, apresenta o seguinte conteúdo semântico: ter vida, permanecer vivo, sustentar a vida, viver prosperamente, viver para sempre, reviver, ter a vida ou a saúde recuperada, reviver, ser reanimado, reanimar, reavivar, revigorar. É firme, portanto, a consciência do salmista de que a fonte desta vivificação está na Palavra de Deus, por isso suas palavras na segunda seção deste versículo é: “vivifica-me, segundo os teus juízos”! A essência deste versículo aponta para o fato de que a razão última de nossas orações e o precioso conteúdo de nossas palavras enquanto oramos devem estar pautados nas Sagradas Escrituras!
A. M. Cunha

O PODER "JÁ" E "AINDA NÃO"


“Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!”
Efésios 3:14-21

O apóstolo parece sugerir que o “poder” pode ser percebido sob uma dupla perspectiva, a saber, o poder “já” e “ainda não”. Observe que em Efésios 3.16, o apóstolo Paulo, mencionando as orações que promove em favor dos cristãos de Éfeso, faz referência a um “poder”, em relação ao qual os cristãos ainda serão fortalecidos. Em sua oração, o apóstolo suplica que o “Pai [...] vos conceda que sejais fortalecidos com poder”.

Um pouco mais adiante, no entanto, o apóstolo, em Efésios 3.20, precedendo a adoração registrada em Efésios 3:21, faz menção a um “poder” que já atua em nós, por isso ele afirma que Deus “é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos”. O apóstolo Paulo descreve esse “poder” como o “poder que em nós opera”.

Somos alvos, portanto, de um poder “já” e “ainda não”. O “poder já” cuida do nosso presente e o “poder ainda não” pavimenta o nosso futuro! Em tudo, portanto, somos guardados pelo Senhor e por Seu inefável poder!
A. M. Cunha

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

VIGÉSIMA SEÇÃO – SALMO 119:155



Salmo 119:155 – “A salvação está longe dos ímpios, pois não procuram os teus decretos”. Quando o salmista faz uso da expressão “procuram os teus decretos”, ele o faz focado no fato de que as Escrituras são uma preciosa fonte de salvação, de modo que a busca pela Palavra do Senhor introduz o homem numa jornada de salvação. Noutro sentido, e este é o ponto destacado pelo salmista, os ímpios estão longa da salvação exatamente porque neles não há qualquer desejo de buscar a Palavra de Deus! O vocábulo hebraico traduzido por “procuram” é דָּרַשׁ [darash], que possui o sentido de “procurar com cuidado [...] buscar com aplicação”. O ímpio jamais poderá empreender uma busca diligente, a menos que seja alcançado pela graça divina e, por ela, seja conduzido ao arrependimento. O profeta Jeremias afirma: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” [Jeremias 29:13]. O líder Moisés deu mostras desta busca diligente, demonstrando que o arrependimento é importante modo pelo qual tal busca poderia ser realizada. Em suas palavras, Moisés faz o seguinte anúncio: “buscarás ao Senhor, teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma” [Deuteronômio 4:29]. O coração arrependido desperta no homem o desejo de buscar a Palavra de Deus, e esta, uma vez buscada diligentemente, introduz o homem nos caminhos da salvação.
A. M. Cunha

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

O AMOR, A FÉ E A RETROATIVIDADE DA SALVAÇÃO PELA GRAÇA


“a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma. Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada”.
1 Pedro 1:8-10

O texto de I Pedro 1:8 e 10 coloca-nos diante de dois grandiosos mistérios da salvação pela graça:
[1] O amor e a fé em Cristo não dependem daquilo que vemos: I Pedro 1:8 afirma que amamos a quem não vimos e cremos em quem ainda não vemos. O texto não pretende afirmar que é falso o amor que, por vezes, baseia-se naquilo que se vê. Seu propósito, porém, é tão somente afirmar que é possível amar ainda que não se tenha visto. A fé segue idêntico caminho: É possível crer ainda que não se tenha visto. Foi Cristo quem disse: “Bem-aventurados os que não viram e creram” [João 20:29].
[2] A retroatividade da salvação pela graça: I Pedro 1:10 diz que os profetas profetizaram acerca da graça destinada a nós. Uma pergunta, portanto, precisa ser respondia: Mas, e eles? Como aqueles que profetizaram foram alcançados pela graça se Cristo morreu centenas de anos após o tempo em que eles profetizaram? Eles foram alcançados pela retroatividade da salvação pela graça! O texto de Hebreus 9:15 afirma que Jesus “é o Mediador da nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles que têm sido chamados”. Os profetas viveram no período da primeira aliança. Portanto, eles também foram alcançados pela salvação pela graça! Isto foi possível porque Jesus, o Cordeiro de Deus, “foi morto desde a fundação do mundo” [Apocalipse 13:8].
A. M. Cunha

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

SACRIFÍCIO VIVO, SANTO E AGRADÁVEL


“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”
Romanos 12:1-2

Paulo inicia a exposição bíblica deste precioso capítulo transmitindo a ideia a apresentação do nosso corpo a Deus. O vocábulo grego traduzido por “apresenteis” é παριστάνω [paristemi], que possui interessantes usos na língua grega, tais como: [a] colocar ao lado ou próximo a; [b] deixar à mão ou colocar uma pessoa ou algo à disposição de alguém; [c] apresentar uma pessoa para outra ver e questionar; [d] trazer ao próprio círculo de amizade ou íntimidade. Paulo poderia ter em mente qualquer um destes usos, pois o nosso ato de entrega a Deus revela [a] proximidade, [b] disponibilidade, [c] vulnerabilidade e [d] intimidade.

De acordo com esta porção das Escrituras, existem três importantes configurações que nossa vida deve assumir para que então, a ofereçamos a Deus: Nossa vida deve ser: [1] Um sacrifício vivo; [2] Um sacrifício santo; e [3] Um sacrifício agradável.

[1] O sacrifício deve ser vivo, pois a nossa vida somente pode ser aceita se houver vida espiritual, ou seja, o ofertante tiver experimentado o novo nascimento. A Bíblia nos fala de um testemunho segundo o qual “Deus nos deus a vida eterna; e esta vida está no seu filho” [1 João 5:11].

[2] O sacrifício deve ser santo, pois sem a santificação ninguém verá o Senhor [Hebreus 12:14]. A santificação não se resume a conjunto de atitudes pelas quais fazemos ou deixamos de fazer algo. A santificação é a própria pessoa de Jesus em nossa vida, pois nós, os que nascemos de novo, somos de Deus, “em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus [...] santificação” [1 Coríntios 1:30].

[3] O sacrifício deve ser agradável, pois o ofertante deve promover a entrega de sua vida mediante a fé, uma vez que, sem fé é impossível agradar a Deus [Hebreus 11:6], pois aquele que é da fé não retrocede para a perdição, mas avança nos caminhos da “conservação da alma” [Hebreus 10:39].
A. M. Cunha