domingo, 5 de junho de 2022

EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - CAPÍTULO 14

A influência, de acordo com o Cambridge Dictionary, é “o poder de afetar como alguém pensa ou se comporta, ou como algo se desenvolve”. O sal é dessas substâncias que exercem influência no ambiente onde é colocado. Pensando nisso e, muito provavelmente em outros aspectos que nossa mente limitada não alcança, Jesus anunciou que Seus discípulos eram “o sal da terra” [Mateus 5:13]! Eles, portanto, estavam vocacionados para exercer influência nesse mundo!

Mas, e se por algum motivo essa influência fosse interrompida? O capítulo 14 do Evangelho Segundo Lucas apresenta uma séria descrição desse fato. O Senhor afirma que o “sal é certamente bom” [Lucas 14:34]! O mesmo, porém, não se pode afirmar em relação ao sal que se tornou insípido. Em decorrência dessa insipidez, o sal não “presta para a terra, nem mesmo para o monturo.” [Lucas 14:35]!

Quando Jesus compara os Seus discípulos ao sal, Ele o faz anunciando que eles são o “sal da terra” ou, num certo sentido, o “sal para a terra”. Porém, caso se tornassem insípidos, eles já não mais poderiam ser considerados discípulos de Jesus e não mais poderiam ser úteis para a terra! Aquilo que perde sua utilidade passa a ser, na verdade, dispensável e desnecessário!

O sal insípido possui apenas a aparência de sal, e nessa hipótese, as aparências, não apenas enganam, elas são ardilosamente danosas, pois o sal de mera aparência, ou seja, desprovido do seu verdadeiro atributo, quando é misturado a outra substância não será capaz de lhe agregar nenhum valor! Um discípulo com mera aparência, ou seja, desprovido dos atributos que qualificam a verdadeira vida espiritual, estará absolutamente destituído do poder necessário para afetar os pensamentos ou o comportamento daqueles que estão a sua volta, sendo, portanto, incapaz de agregar qualquer valor a esse mundo!

De acordo com Jesus, para que um discípulo de Cristo exerça positiva influência nesse mundo, torna-se absolutamente necessário que esse discípulo adote um estilo de vida de desapego aos valores desse mundo e de profundo apego aos valores do Reino de Deus! Eis o motivo por que o Senhor afirma que todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” [Lucas 14:33]. A renúncia aqui mencionada, não é um mero abandono de algo, mas um abandono qualificado pelo desejo e pela efetiva busca de algo incomparavelmente melhor: Seguir a Jesus e viver conforme os valores que foram por Ele anunciados!

A. M. Cunha


EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - CAPÍTULO 13

“Saraiva” era o nome de um dos mais famosos personagens de Francisco Milani. Esse personagem foi responsável pela divulgação de um conhecido bordão cuja propósito era transmitir a ideia de “tolerância zero” com relação às perguntas que eram feitas sem a devida cautela.

O capítulo 13 do Evangelho Segundo Lucas conta-nos a parábola de certo homem que possuía uma figueira plantada em sua vinha. Esse homem, é bom que se diga, não poderia ser comparado ao Sr. “Saraiva” de Francisco Milani, uma vez que “tolerância zero” parecia não ser o seu lema de vida. Por outro lado, bem que ele poderia ser chamado de “tolerância três”, pois três foi o número de anos em que ele, sem sucesso, havia procurado fruto numa das figueiras que existia em sua vinha, para só então decidir cortá-la.

O texto de Lucas 13:6-7 possui a seguinte narrativa: “Então, Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não acho; podes cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?”.

A parábola apresenta ainda outro personagem, o viticultor, um funcionário do dono da vinha, que, movido por compaixão, suplicou ao dono da vinha que lhe concedesse mais um ano de tratamento para aquela figueira. As palavras que ele proferiu foram as seguintes: “Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la” [Lucas 13:8-9]. A compaixão sempre se predispõe a conceder uma nova oportunidade para o nosso próximo! Porém, a compaixão não se caracteriza apenas por uma mera concessão de uma nova oportunidade para alguém, mas, por vezes, ela impõe àquele que a exerce, um pouco mais de comprometimento e trabalho para que os meios necessários para a frutificação aconteçam na vida do próximo. Note que o texto diz [...] até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume”. Tudo isso requer trabalho, comprometimento, cuidado e especial zelo.

Quando o que está em jogo é a frutificação espiritual na vida de alguém, a filosofia da chamada “Tolerância zero” não pode dominar o nosso coração. Ao contrário, deixemos que a compaixão venha reger a sinfonia de amor que deve transbordar em nossas atitudes, de modo que, ainda que tenhamos que trabalhar um pouco mais, concedamos ao próximo uma nova oportunidade para gerar frutos!

A. M. Cunha