domingo, 25 de dezembro de 2022

ASPECTOS PRÁTICOS DA VIDA CRISTÃ - EPISÓDIO 3

Quando nos deparamos com alguém que está desanimado demais para prosseguir e cansado o bastante para continuar esperando, não raro costumamos dizer que a vida é um processo. Contudo, quantos de nós já paramos para verificar o que realmente significa a palavra “processo”?

Uma das definições que o Dicionário Michaelis apresenta para a palavra “processo” é a seguinte: “Sequência contínua de fatos ou fenômenos que apresentam certa unidade ou se reproduzem com certa regularidade; andamento, desenvolvimento. Noutras palavras, “processo” é o conjunto de fatos ou fenômenos que ocorre ao longo do tempo fazendo com que determinado resultado aconteça.

Nosso objetivo com a lição de hoje é compreender como aconteceu o processo de humanização de Cristo. Portanto, precisamos ter em mente que uma das nossas tarefas como discípulos de Jesus é reproduzir, em nosso viver cristão diário, um processo de humanização semelhante ao que Cristo experimentou! Como se processou a humanização de Cristo? Este é o questionamento que pretendemos responder nesta lição. Ousamos afirmar que o processo de humanização de Cristo foi concluído porque três importantes fenômenos ocorreram em sua biografia: A visão da necessidade, a convicção da necessidade e o suprimento da necessidade! Vejamos uma breve exposição de cada um desses fenômenos:

A VISÃO DA NECESSIDADE: Cristo contemplou a miserável situação da humanidade. O diagnóstico da Escritura é incisivo: Todos, sem qualquer exceção, pecaram e carecem da glória de Deus [Romanos 3:23]! Jesus Cristo teve a visão da necessidade humana. Ele não apenas contemplou o pecado, mas contemplou o efeito do pecado na vida humana.

De acordo com Isaías 59:1-2, o efeito imediato do pecado é a separação, o rompimento da comunhão entre o homem e Deus! Aos olhos de Cristo, a real necessidade da humanidade é a comunhão! Assim como Cristo, nós também devemos erguer os nossos olhos e contemplar esta necessidade. A grande necessidade da humanidade é viver em comunhão! As pessoas a nossa volta têm uma grande necessidade. E eu gostaria de reiterar aqui: A grande necessidade da humanidade é Comunhão.

Assim, por exemplo, quando alguém estiver enfrentando o desafio do sofrimento, o que elas mais necessitam é da nossa presença, muito mais do que das nossas palavras! A comunhão requer que a erva daninha da desunião seja eliminada. O apóstolo Paulo discorre sobre isso em 1 Coríntios 12:25-26, com as seguintes palavras: “para que não haja divisão no corpo, mas para que os membros cooperem, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, todos os outros se alegram com ele.”.

O primeiro fenômeno, como vimos, foi a visão da necessidade. O segundo fenômeno é A CONVICÇÃO DA NECESSIDADE: Ao contemplar a necessidade humana e os nefastos efeitos do pecado na vida humana, Cristo assumiu o compromisso de apresentar um escape para a humanidade perdida. Eis a razão por que Cristo assumiu o compromisso de esvaziar-se a Si mesmo! Cristo viu a necessidade humana, mas não apenas isso, Ele estava plenamente convicto de que a restauração da comunhão com Deus era a real necessidade da humanidade! Por isso, Ele esvaziou-se a Si mesmo e veio a este mundo com o propósito de apresentar um escape para a necessidade humana!

Portanto, apenas a visão da necessidade não é suficiente para a manifestação de uma autêntica vida cristã. Será indispensável que aquele que contempla a necessidade esteja absolutamente convencido de que aquela necessidade é real e que algo precisa ser feito para que a necessidade seja suprida! Esse convencimento deve ser muito profundo, a ponto de provocar um forte e intransferível incômodo na vida na vida daquele que contempla a necessidade. Este incômodo, por sua vez, despertará a necessidade de que mudanças ocorram na vida daquele que contempla a necessidade, transformando-o num instrumento divino para que o necessitado tenha as suas necessidades finalmente supridas. Esta é uma poderosa dinâmica que fará com que a vida cristã autêntica saia da teoria e penetre no cotidiano dos relacionamentos humanos.

O terceiro fenômeno, por fim, é O SUPRIMENTO DA NECESSIDADE: Cristo não desistiu enquanto não apresentou o escape para a necessidade humana! O mecanismo utilizado pelo Senhor Jesus para desfazer a separação que havia entre o homem e Deus foi a promover a comunhão. Como Ele fez isso? Tornando-se homem! Isto somente foi possível, porque Ele experimentou mudanças no Seu estilo de vida: Ele esvaziou-se a Si mesmo, assumiu a forma de servo, tornou-se em semelhança de homens, foi reconhecido em figura humana e a Si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de Cruz! A humanidade estava devastada pelo pecado e irremediavelmente condenada a viver sem Deus, num eterno estado de sofrimento e dor! Cristo não ficou indiferente a esse estado de miséria humana! Usando a linguagem da parábola do bom samaritano, nós poderíamos dizer: Cristo não passou de largo em relação àquele que estava à beira do caminho da miséria. Ao contrário, Ele envolveu-se com o homem caído à beira do caminho – João 10:30-35.

Somente assim, a necessidade foi suprida. A humanização somente estará completa quando a necessidade for enfim suprida! Este foi o conjunto de fenômenos que Cristo vivenciou ao longo do tempo para providenciar o escape para a necessidade humana! Primeiramente, Ele viu a necessidade humana. Em seguida, Cristo compreendeu que a restauração da comunhão da humanidade com Deus era, de fato, a real necessidade que pesava sobre a história humana. Por fim, Ele agiu para suprir esta necessidade!

Ver a necessidade, convencer-se dela e, enfim, supri-la: Eis o caminho que devemos percorrer para experimentarmos o mesmo processo de humanização que Cristo experimentou! Deus deseja que vejamos a necessidade das pessoas que estão a nossa volta. O Espírito de Deus nos envolverá com uma poderosa convicção acerca da real necessidade das pessoas. O que elas mais precisam é ter a sua comunhão com Deus restaurada. Isso não ocorrerá sem que nos envolvamos com as pessoas e lhes apresentemos o Glorioso Evangelho de Jesus Cristo! De acordo com o texto de 2 Coríntios 5:20, nós falamos em nome de Cristo quando dizemos às pessoas: “Reconciliem-se com Deus!”.

Cristo experimentou a humanização para transformar a vida daqueles que estavam separados de Deus. Assim também nós devemos experimentar a humanização para que sejamos auxiliares de Cristo na gloriosa tarefa de restaurar a comunhão dos homens com Deus!

A. M. Cunha


domingo, 18 de dezembro de 2022

ASPECTOS PRÁTICOS DA VIDA CRISTÃ - EPISÓDIO 2

Os teólogos costumam fazer uso do vocábulo “encarnação” para descrever o processo por meio do qual Jesus Cristo veio a este mundo para salvar os pecadores! Nesta breve Série, nós faremos uso da ideia por trás deste do vocábulo “encarnação”, para transmitirmos algumas reflexões em torno do processo da encarnação de Cristo, que aqui denominaremos de “humanização de Cristo”, tudo com o propósito de identificar algumas posturas por Ele adotadas e, a partir de tais posturas, tentarmos extrair algumas lições que possam orientar qual deve ser a nossa postura nesta vida! Ressaltamos, ainda, que nesta Série, denominaremos essas posturas de “Aspectos Práticos da Vida Cristã”!

Sendo assim, para compreendermos os aspectos práticos da vida cristã, será imprescindível e extremamente revelador seguirmos os passos de Cristo, pois Ele é o nosso modelo! O que Ele fez é a expressão de tudo aquilo que nós devemos fazer! Por conseguinte, identificaremos, ao longo desta Série, algumas posturas adotadas por Cristo para que compreendamos qual deve ser a nossa postura Cristã durante os dias em que estamos peregrinando nesta Terra!

Inicialmente, faremos uma breve análise do modo como as ações ocorreram durante o processo de humanização de Cristo! Vejamos, portanto, alguns preciosos versículos da Palavra de Deus:

 

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.”

João 1:1-3 

Cristo foi apresentado nestes versículos com “O Verbo Divino”, como “Deus”, como “Criador de todas as coisas”. Sem ele, nada do que existe existiria! Este texto mostra onde Cristo estava no princípio: No melhor ambiente para se viver – Na presença do Pai e em comunhão com o Espírito Santo. A escritura denomina este lugar de “Pátria Celestial”!

Enquanto Cristo desfrutava deste glorioso ambiente de comunhão, a humanidade estava vivenciando um profundo estado de perdição, o extremo oposto desta “Pátria Celestial”! O texto de Romanos 3:23, assim descreve a condição humana: “pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”.

A humanidade, sem nenhuma exceção, foi descrita neste versículo como sendo formada por pecadores que estão afastados da glória de Deus! A humanidade, portanto, foi descrita como imersa no pecado, cujo salário, conforme Romanos 6:23, é a morte!

Cristo, porém, não se manteve em estado de inércia diante do deplorável estado espiritual no qual a humanidade se encontrava. Os textos de João 1:14 e Filipenses 2:5-8 são extremamente reveladores quanto o que Cristo fez diante deste deplorável estado:

 

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.”

João 1:14 

“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.”

Filipenses 2:5-8

De acordo com estes textos, Cristo abandonou o lugar onde estava, esvaziou-se a Si mesmo e assumiu uma nova forma, a forma humana. Por que Cristo tomou tal decisão? A resposta é, porque Ele contemplou a situação da humanidade caída e compadeceu-se do seu deplorável estado espiritual.

Outro texto bíblico que é muito importante para a nossa análise é o texto de Gálatas 4:4-5, que nos diz o seguinte:

 

“vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos.”

 

Esse precioso texto bíblico anuncia que o homem seria resgatado por Cristo e receberia uma nova natureza: A natureza de filho de Deus! O homem seria, portanto, libertado da escravidão de pecado! Isso somente foi possível porque Cristo tomou a decisão de esvaziar-se a Si mesmo e assumir a forma humana, com o propósito de morrer para que todo aquele que nele cresse pudesse obter a vida eterna!

Vejamos mais um importante texto bíblico:

 

“Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos.”

1 João 3:16

Este texto possui duas cruciais informações: Em primeiro lugar, vemos que Cristo deu a Sua vida por nós. Em segundo lugar, somos confrontamos com o mandamento de que nós devemos dar a nossa vida pelos irmãos! Noutras palavras, o texto bíblico apresenta a seguinte orientação: Se agirmos do mesmo modo como Cristo agiu, nós seguiremos os Seus passos!

Sim irmãos, todo este conjunto de textos bíblicos serviu de base para que pudéssemos compreender que Cristo é o nosso modelo! Há uma crucial informação em tudo isso: Para mudar a nossa vida, Cristo mudou a dele! Ele saiu do lugar onde estava, mudou a Sua forma, esvaziou-se a Si mesmo: Tudo para mudar a nossa vida! Por conclusão, podemos inferir que se quisermos mudar a vida de alguém, precisamos mudar a nossa própria vida!

A essa radical e importante mudança denominaremos de “humanização”. A humanização de Cristo está muito claramente descrita em Filipenses 2:5-8, onde se diz que Ele esvaziou-se a Si mesmo, assumiu a forma de homem. Noutras palavras, Ele penetrou na vida cotidiana dos homens! Foi desta forma que Cristo humanizou-se, pois passou a fazer parte da vida dos homens, tudo com o propósito de lhes oferecer uma oportunidade para serem transformados para sempre!

Quando olhamos para a nossa vida, o que percebemos? Normalmente, desfrutamos de uma vida espiritual particular, pois ficamos presos em nosso cantinho individual – vivendo de nós para nós mesmos! Se continuarmos assim, nossa visão será limitada. Veremos apenas o que está em nosso “mundo particular” e jamais veremos as outras pessoas, ou sentiremos necessidade de ajudá-las, ou de compartilhar suas alegrias e suas dores! É por isso que precisamos de humanização! Precisamos sair de nosso mundo particular e penetrar na vida cotidiana das pessoas que estão ao nosso redor! Em resumo, DEVEMOS PRATICAR JOÃO 1:14. O nosso “mundo particular” é a nossa vida, a nossa casa, o nosso templo, o nosso cantinho de vida. Porém, assim como Cristo, nós devemos experimentar o processo de humanização, e, por conseguinte, experimentarmos uma mudança em nossa vida para que possamos auxiliar na mudança da vida de outras pessoas. Se fizermos isso, tornaremos João 1:14 uma realidade em nossa vida!

A. M. Cunha


domingo, 11 de dezembro de 2022

ASPECTOS PRÁTICOS DA VIDA CRISTÃ - EPISÓDIO 1

A vida cristã é um extraordinário convite à prática das virtudes anunciadas pelo Evangelho de Jesus Cristo! Descobrir quais são estas virtudes é algo muito bom, contudo, colocá-las em prática é algo extraordinariamente melhor! O apóstolo Tiago disse certa vez: “Sejam praticantes da palavra, e não apenas ouvintes, enganando-se a si mesmos” [Tiago 1:22]. De fato, sem a prática da Palavra de Deus, tudo o que teremos será engano. Na ótica de Jesus, a ausência de prática da Palavra significava que os alicerces, nos quais a vida foi construída, não serão capazes de garantir a estabilidade espiritual que somente pode ser obtida por uma criteriosa e perseverante prática das Escrituras!

A Grande Comissão, por exemplo, é extremamente pedagógica quanto a este aspecto. Em suas Palavras, Jesus nos ordenou o seguinte: “fazei discípulos de todas as nações [...] ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” [Mateus 28:19-20]. Observe cuidadosamente as palavras destes versículos: Jesus não nos deu um mandamento para ensinarmos “todas as coisas que Ele ordenou”, mas para “ensinarmos a guardar” todas as coisas que Ele ordenou. Embora pareça insignificante, há uma diferença crucial entre estas duas expressões!

A primeira delas, qual seja, “ensinar todas as coisas”, reproduz o comando de meramente ensinar o que Jesus ordenou. A segunda, a saber, “ensinar a guardar todas as coisas”, por outro lado, possui a seguinte essência: Ensinar a guardar! Em outras palavras, “ensinar a obedecer”! Essa segunda ordem requer muito mais do que uma mera reprodução das coisas que Jesus ensinou, pois, tal ordem, por outro lado, requer que pontes sejam construídas pela igreja para que os seguidores de Cristo, aprendam a ir além de meramente ouvir sobre o que Jesus ordenou. Noutro giro, os seguidores de Cristo devem ser profundamente encorajados a obedecer as coisas ensinadas por Jesus no Seu Evangelho!

Voltemos novamente para as orientações do apóstolo Tiago. De acordo com Tiago, se apenas ouvirmos a Palavra sem colocarmos em prática os Seus ensinamentos, enganaremos a nós mesmos! Há uma sutil tentação que tem assolado o povo de Deus: Ser apenas ouvinte da Palavra! Muitos dos seguidores de Cristo estão sendo tentados a apenas ouvirem a Palavra de Deus, sem, contudo, colocá-la em prática! Este comportamento tem provocado grandes males para a espiritualidade do povo de Deus! E tudo isso tem ocorrido muito em função desse sutil engano. Jamais deveríamos nos esquecer que Satanás é a fonte do engano. Foi isso que ele fez com Eva no sagrado solo do Paraíso: Ele a enganou distorcendo as palavras que Deus lhe havia proferido! E agora, de acordo com o apóstolo Tiago, somos orientados no sentido de que, se formos apenas ouvintes da Palavra, sem, contudo, praticá-la, seremos enganados, assim como Eva foi enganada.

O engano causará um profundo esfriamento em nossa vida espiritual, até que sejam completamente destruídos! Contudo, se conhecermos a verdade, seremos libertados, pois, de acordo com Jesus em João 8:32, se conhecermos a verdade ela nos libertará!

Uma grande questão que devemos responder é a seguinte: Como as Verdades do Evangelho chegaram até nós? A primeira ação, por meio da qual tudo o que conhecemos acerca das verdades do Evangelho tornou-se possível, foi a Encarnação de Jesus Cristo! Nesta série, chamarei a encarnação de Jesus Cristo de “A humanização de Cristo”. Noutras palavras, tudo o que sabemos sobre as Verdades do Evangelho somente foi possível porque Cristo, que é Deus preexistente, tornou-se homem e habitou entre nós! O evangelista João assim descreve esse momento: “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.” [João 1:14].

Nesta série de reflexões bíblicas, nosso propósito será olhar para a Humanização de Cristo, e tentar identificar algumas posturas adotadas por Ele e, a partir destas posturas, extrair algumas lições que possam orientar qual deve ser a nossa postura nesta vida! Uma vez que somos seguidores de Cristo, é crucial e indispensável seguirmos os Seus passos! Assim, para compreendermos adequadamente quais são os aspectos práticos da vida cristã, será fundamental seguirmos os passos de Cristo, pois Ele é, indiscutivelmente, o supremo modelo para a nossa vida cristã!

Portanto, nesta série, denominada de “Aspectos Práticos da Vida Cristã”, tentaremos percorrer algumas posturas adotadas por Cristo, tudo com o propósito de identificarmos qual deve ser a nossa postura cristã durante o tempo em que estivermos nesta terra, vivendo como seguidores de Cristo!

A. M. Cunha


domingo, 4 de dezembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 16

O capítulo 16 do Evangelho Segundo Marcos reserva uma especial ordem dada por Jesus aos Seus discípulos: “Vão ao mundo inteiro, e anunciem as boas-novas a todos.” [Marcos 16:15]. Esta ordem, conhecida como “A Grande Comissão”, é a ordem final contida neste Evangelho. Antes dela, mais precisamente no início da caminhada espiritual dos discípulos de Jesus, outra ordem impactaria suas vidas para sempre: “Venham! Sigam-me, e eu farei de vocês pescadores de gente.” [Marcos 1:17]. O mandamento “Venham” precedeu o mandamento “Vão”! Sempre será assim, para “ir” é preciso primeiro “vir”! Esta primeira ordem pode ser chamada de “O Grande Chamamento”. Ao lhes dar esta ordem, Jesus estava convidando os Seus discípulos para uma “imersão”: [a] primeiramente, uma imersão nas verdades inerentes ao Reino de Deus; [b] depois, uma imersão numa jornada de íntima comunhão com Ele; e [c] por fim, uma imersão num extraordinário treinamento prático quanto aos ensinamentos e ao poder inerentes ao Reino de Deus! Num certo sentido, pode-se dizer, portanto, que eles foram imersos na “Cultura do Reino de Deus”.

Quando a “Cultura do Reino de Deus” tornou-se a essência de suas vidas, aqueles discípulos foram, por fim, alvos de um novo mandamento: “A grande Comissão”. Este último mandamento não foi uma ideia de última hora do Filho de Deus, pois ele já integrava o âmago do “Grande Chamamento”, como se pode observar nas palavras: “e eu farei de vocês pescadores de gente” [Marcos 1:17]. “Ser um pescador de homens” era, portanto, o embrião do mandamento que viria a ser conhecido como “A Grande Comissão”. Se o “Grande Chamamento” foi um convite para que os discípulos de Jesus fossem “imersos” na “Cultura do Reino de Deus”, a “Grande Comissão” veio a ser um convite para que eles “compartilhassem” a “cultura do Reino de Deus” com um mundo perdido e afastado dos valores verdadeiramente espirituais!

A. M. Cunha

domingo, 27 de novembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 15

Assim como na língua portuguesa, a língua grega também possui um verbo de ligação que significa “ser” ou “estar”: Trata-se do verbo εἰμί [aimi]. O presente do indicativo deste verbo, relativamente à terceira pessoa do singular é ἐστί [esti], que significa “ele é” ou “ele está”. No tempo imperfeito, este verbo é conjugado na terceira pessoa do singular da seguinte forma: ἦν [ein], cujo significado é “ele era” ou “ele estava”.

No capítulo 15 do Evangelho Segundo Marcos, o centurião, que presenciou o exato momento da morte de Jesus, fez uso do verbo εἰμί no tempo imperfeito para declarar algo a respeito de Jesus. Ele disse: “Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus.” [Marcos 15:39]. Esta, embora seja uma linda declaração, não revela toda a essência de Jesus Cristo. E por que faço esta afirmação? Justifico afirmando que, à luz da declaração daquele centurião romano, Jesus era o Filho de Deus e deixou de ser, pois a morte o destituiu desse atributo!

No entanto, as Escrituras afirmam algo extraordinariamente maravilhoso a respeito do Messias divino que estava diante daquele centurião romano. As Escrituras dizem: “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.” [Hebreus 13:8]! À luz dessa porção das Escrituras, Jesus é, foi e continuará sendo o Filho de Deus! A morte não poderia destituí-lo deste glorioso atributo! Provavelmente, o centurião tenha usado o verbo εἰμί no tempo imperfeito, quando se referiu a Jesus, porque até então não lhe havia sido revelado que a morte jamais seria a palavra final na história do Filho de Deus, pois a ressurreição de Jesus romperia “os grilhões da morte”, numa veemente declaração de que “não era possível fosse ele retido por ela.” [Atos 2:24]. Definitivamente, Jesus não apenas era o Filho de Deus. Ele era, é e sempre será o Eterno Filho de Deus!

A. M. Cunha


domingo, 20 de novembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 14

“Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” Este foi um maravilhoso convite que Jesus fez a Pedro e seu irmão André, conforme Marcos 1:17. Durante um considerável período de sua peregrinação com Cristo, o apóstolo Pedro andou bem em sua tarefa como discípulo de Jesus. Contudo, o capítulo 14 do Evangelho Segundo Marcos revela uma negra página na história desse apóstolo, que culminou com o momento em que Pedro negou Jesus.

Quem nunca deslizou? Quem nunca, ainda que por um breve momento, deixou de atender adequadamente o convite de Jesus? Assim que Jesus foi preso, Pedro, talvez por medo de ter o mesmo destino, inaugurou uma nova forma de desobediência: uma desobediência sutilmente disfarçada de obediência! O texto bíblico anuncia que Pedro ainda continuava seguindo Jesus, porém, ele O estava seguindo de longe [Marcos 14:54]! Seguir a Jesus de longe era uma sutil forma de desobediência! Aparentava obediência, pois ele ainda estava seguindo o mestre. Contudo, a forma como Pedro passou a seguir Jesus naquela ocasião, era, na verdade, uma clara demonstração de desobediência!

Esta sutil desobediência traria suas consequências para a vida de Pedro! Toda desobediência, ainda que sutil, tem o seu custo! Pedro negou Jesus três vezes, este foi o custo! Seguir a Jesus de longe faz com que o “seguidor” experimente um esfriamento do seu amor para com Cristo. Aquele que segue a Cristo de longe não estará verdadeiramente comprometido com o Divino Mestre! Por conta dessa falta de comprometimento, o apóstolo Pedro negou Jesus três vezes [Marcos 14:72]. Numa dessas ocasiões em que ele negou Jesus, Pedro começou a praguejar e a jurar, afirmando veementemente que não conhecia Jesus [Marcos 14:71]!

Felizmente, assim que ouviu o galo cantar, Pedro se arrependeu! Diz o texto bíblico que ele, “caindo em si, desatou a chorar” [Marcos 14:72]! É óbvio que o choro nem sempre significa arrependimento, mas aquele choro sim, pois a Escritura, ao registrar o choro de Pedro, menciona uma gloriosa expressão: “E, caindo em si”! Esta é uma declaração que revela arrependimento, a mesma expressão utilizada para o “filho pródigo” [Lucas 15:17]. O arrependido filho teve um novo começo para sua vida. Idêntico recomeço, estava reservado para Pedro, pois o arrependimento é o único remédio para os momentos em que deslizamos em nossa fé!

A. M. Cunha


domingo, 13 de novembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 13

O primeiro versículo do capítulo 13 do Evangelho Segundo Marcos contém uma expressão muito interessante: “Ao sair Jesus do templo, disse-lhe um de seus discípulos”. Uma espiritualidade superficial poderá ser capaz de nos preparar para sabermos o que devemos fazer quando entramos no templo. Contudo, uma importante, crucial e instigante pergunta deve ser cuidadosamente enfrentada pelos discípulos de Cristo: Realmente sabemos o que devemos fazer quando saímos do templo?

Os versículos de 3 a 36 do capítulo 13 do Evangelho Segundo Marcos contém um conjunto de revelações proféticas que foram proferidas quando Jesus saiu do templo. O que se espera, como uma condição de normalidade da vida espiritual, é a existência de revelações que são proferidas quando entramos no templo! O texto de hoje, contudo, mostra que um importante conjunto de revelações proféticas foi proferido por Jesus assim que Ele saiu do templo. A narrativa do capítulo 13 do Evangelho Segundo Marcos possui um conteúdo profético muito interessante, cujo propósito era preparar os discípulos para o que eles haveriam de enfrentar no futuro. Naquela ocasião, Jesus anunciou aos Seus seguidores que os últimos dias seriam o palco para os seguintes acontecimentos:

 

[Em primeiro lugar] O surgimento de falsos mestres, cujo propósito será enganar sorrateiramente os seguidores de Cristo, fazendo com que eles se desviem do caminho reto e sejam dominados pelo erro e pelo pecado [versículos 6, 21 e 22];

[Em segundo lugar] O surgimento de guerras e rumores de guerras, terremotos e fome [versículos 7 e 8];

[Em terceiro lugar] O surgimento de uma implacável perseguição contra os seguidores de Cristo, inclusive no ambiente familiar [versículos 9, 11 a 13];

[Em quarto lugar] O surgimento de sinais extraordinários nos céus [versículos 24 e 25]; e, por fim;

[Em quinto lugar] O retorno de Cristo! Isto mesmo, Cristo voltará novamente [versículos 26 e 27]!

 

Todas estas coisas foram profeticamente anunciadas por Jesus. O evangelista Marcos registra as seguintes palavras de Jesus: “Estai vós de sobreaviso; tudo vos tenho predito” [Marcos 13:23].

Voltemo-nos, agora, à pergunta anteriormente formulada: Realmente sabemos o que devemos fazer quando saímos do templo? O texto bíblico responde de forma contundente: “vigiai e orai” [Marcos 13:33]. Oração e vigilância espiritual não são tarefas que devem ser praticadas unicamente quando estamos no templo. Também devemos praticá-las quando estamos fora do templo, e isso, com mais intensidade e com um acurado sentimento de perseverança!

Há, porém, algo revelado nas entrelinhas deste precioso capítulo que revela algo mais que devemos fazer: Mas é necessário que primeiro o evangelho seja pregado a todas as nações.” [Marcos 13:10]. Assim, temos uma magnífica revelação acerca do que devemos fazer quando saímos do templo: pregar, orar e vigiar! Esta prática promoverá um extraordinário impacto em nossa geração!

Contudo, devemos ter especial atenção, pois pregar envolve muito mais do que falar; envolve viver o que é pregado, tão intensamente quanto possível e nas mais variadas circunstâncias da vida! As verdades do evangelho de Jesus Cristo devem ser o objeto de nossa pregação e o modelo a partir do qual nós devemos expressar a vida cristã!

Assim, sob a luz das Escrituras, nós devemos viver conforme as diretrizes do Evangelho de Jesus Cristo, de modo que possamos afirmar: Nós vivemos como vivemos porque o Evangelho aponta o caminho, ele inspira o nosso estilo de vida! Quem vive conforme o fluxo do Evangelho, nada pode pregar senão o próprio Evangelho, pois o Evangelho de Jesus Cristo é, a um só tempo, o marco teórico da nossa pregação e a diretriz final para o nosso estilo de vida!

A. M. Cunha

domingo, 6 de novembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 12

“Débito ou crédito?”, “Vai comer aqui ou vai levar?”, estes são alguns exemplos de perguntas que estão sendo costumeiramente realizadas, nesta era de rasos relacionamentos. Esta é a forma como o amado irmão e pastor Davi Lago tem alertado sobre a superficialidade das perguntas atuais. Perguntas superficiais podem, invariavelmente, apontar para diálogos superficiais.

O capítulo 12 do Evangelho Segundo Marcos, no entanto, contém a narrativa de um diálogo muito profundo. Um escriba faz a seguinte pergunta para Jesus: “Qual é o principal de todos os mandamentos?” [Marcos 12:28]. Se a pergunta é profunda, muito provavelmente o diálogo que dela emergirá será igualmente profundo. Este é o caso do diálogo entre Jesus e aquele escriba, conforme podemos observar na narrativa apresentada pelo evangelista Marcos.

Em Sua resposta, Jesus aprofunda o discurso para apontar, não apenas um mandamento, mais dois mandamentos: O principal: Amar o Senhor Deus, de todo o coração, de toda a alma, de todo o entendimento e de toda a força [Marcos 12:29-30]; e O segundo: Amar o próximo como a si mesmo [Marcos 12:31].

Jesus afirma que não “há outro mandamento maior do que estes” [Marcos 12:31]. O escriba, por sua vez, seguindo o aprofundamento proposto por Jesus, afirma que estes dois mandamentos excedem “a todos os holocaustos e sacrifícios” [Marcos 12:33]. De fato, o amor para com Deus e o próximo está infinitamente além do que quaisquer dos rituais articulados pela religiosidade! Este diálogo foi finalizado com a afirmação de que as palavras do escriba revelaram sabedoria! Eis o modo como o evangelista Marcos destaca esta passagem: “Vendo Jesus que ele havia respondido sabiamente, declarou-lhe: Não estás longe do reino de Deus.” [Marcos 12:34]!

Que maravilha, pois quem faz uma pergunta profunda desfrutará de um diálogo profundo! Lembre-se: Perguntas profundas anunciam um diálogo profundo! E quando tais perguntas são dirigidas ao Soberano Senhor do Universo, Jesus Cristo, as respostas não serão apenas profundas, mas transformadoras!

A. M. Cunha

domingo, 30 de outubro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 11

Molha-se quem constrói pontes no mar. Com esta pequena frase tenho a intenção de apontar para o fato de que, a construção de uma ponte no mar requer que os construtores se molhem. O Evangelho Segundo Marcos, no seu capítulo 11, revela-nos um intrigante princípio espiritual acerca do perdão: Quem deseja obter perdão, deve tornar-se um perdoador! Assim como se molha quem constrói uma ponte no mar, assim também, quem deseja receber perdão, deve tornar-se um perdoador! Observemos as palavras do Senhor Jesus sobre este tema: “E, quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.” [Marcos 11:25].

Alguém já disse, talvez se inspirando em William Shakespeare, que “não perdoar é como tomar veneno e esperar que o outro morra”. Jesus foi enfático ao afirmar: “se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [...], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” [Mateus 6:14-15]. Aquele que deseja ser perdoado deve molhar-se no mar dos perdoares, pois perdoar constrói pontes no mar da vida para aquele que necessita ser perdoado!

A. M. Cunha

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 10

Falar, ouvir e ver são três importantes faculdades que Deus nos concedeu e que nos conectam com o mundo à nossa volta. O capítulo 10 do Evangelho Segundo Marcos conta-nos a história de um homem. Pouco se diz a seu respeito, apenas que era mendigo, cujo nome era Bartimeu, filho de Timeu e cego, portanto, desprovido de uma das três faculdades acima mencionadas. O texto sugere que aquele cego estava assentado à beira do caminho, empreendendo sua luta diária pela sobrevivência!

Quando Jesus saía de Jericó, aquele cego fez uso das outras duas faculdades que possuía, falar e ouvir, de modo que a falta da visão não o impediria de ter um poderoso encontro com Jesus Cristo! Primeiramente, ele “ouviu” que era Jesus que estava passando por aquele caminho e depois, usando a fala, “pôs-se a clamar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” [Marcos 10:47]. Concluímos, portanto, que Bartimeu agarrou-se às faculdades que possuía [ouvir e falar], com o objetivo de, uma vez tendo se encontrado com Jesus, recuperar a faculdade que não possuía [a visão]!

Obstáculos, no entanto, sempre surgem quando usamos o que temos para conquistar o que não temos! Não foi diferente com Bartimeu, que teve que enfrentar a repreensão de muitos que pediram que ele se calasse [Marcos 10:48]. Ele, no entanto, “cada vez gritava mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” [Marcos 10:48].

Qual não deve ter sido sua alegria quando ouviu: “Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.” [Marcos 10:49]? Encontros eternos e maravilhosamente transformadores aguardam aqueles a quem Jesus chama! A narrativa histórica de Bartimeu foi assim concluída: “E imediatamente tornou a ver e seguia a Jesus estrada fora.” [Marcos 10:52]!

A. M. Cunha

domingo, 16 de outubro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 9

No exato momento em que escrevia esta breve meditação nas Escrituras, o sol entrava sorrateiramente na minha sala. Há pouco menos de duas horas, no entanto, antes da minha meditação matinal, nesta mesma sala, o sol não irradiava a sua luz. O ambiente estava tomado pela escuridão. A escuridão de outrora fora, então, substituída pela luz matinal.

A vida é repleta destes momentos em que os opostos se encontram: alegria e tristeza, saúde e doença, riqueza e pobreza, entre tantos outros. Até mesmo no ambiente da espiritualidade estes opostos podem ocorrer. O capítulo 9 do Evangelho Segundo Marcos apresenta um destes encontros, quando um pai, aflito com seu filho possesso por um espírito mudo, procura Jesus. Tomado por cruéis angústias, aquele pai disse a Jesus: “Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam.” [Marcos 9:18].

Após fazer um breve relato sobre o tempo e as condições suportadas pelo jovem desde a sua possessão, o aflito pai dirigiu a Jesus as seguintes palavras: “se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.” [Marcos 9:22]. Em resposta, Jesus lhe disse: “Se podes! Tudo é possível ao que crê.” [Marcos 9:23]. Foi exatamente nesse ponto que o Pai exclamou, em lágrimas: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” [Marcos 9:24]. É como se ele tivesse dito: “Eu creio, mas não o bastante”!

Nós somos, muitas vezes, iguais àquele pai, pois a nossa existência também sofre o impacto da descoberta de que “cremos, mas não o bastante”! Eis o paradoxo: Promover uma declaração de fé, desprovida de fé! Calma, é confuso mesmo! É paradoxo, é luz e trevas, é dia e noite! Somos assim mesmo!

Esta porção da Escritura revela que os nossos lábios lamentavelmente podem declarar uma fé que não possuímos! Contudo, o Nosso Amado Salvador, amavelmente revelará a nossa incredulidade, não com o propósito de nos envergonhar, mas com a amável intenção de revelar que, por sermos tão frágeis, somente triunfaremos se reconhecermos que somos dependente Dele, até mesmo para termos fé! Esse importante reconhecimento de nossa parte, abrirá os nossos olhos para percebermos que podemos nos achegar a Cristo e clamar: Ajuda-nos em nossa falta de fé! O glorioso Cristo, pleno em compreensão, ternura e amor há de nos socorrer. Somente assim, com um coração cheio de fé poderemos triunfar diante das adversidades da vida!

A. M. Cunha

domingo, 9 de outubro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 8

Uma das características dos milagres realizados por Jesus era o fato de serem instantâneos! Os enfermos que Dele se aproximavam ou que a Ele haviam sido trazidos, experimentavam uma cura instantânea que invariavelmente ocorria, ou por uma Palavra dita por Cristo, ou por um toque realizado por Ele, ou, por vezes, a cura ocorria quando os enfermos Nele tocavam! Quanto a estas curas instantâneas, o Evangelho Segundo Marcos oferece alguns exemplos, tais como: “No mesmo instante, lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo” [Marcos 1:42], ou outro exemplo e “Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos” [Marcos 2:12].

O capítulo 8 desse maravilhoso Evangelho, no entanto, apresenta a narrativa de um milagre singular! Um cego foi apresentado a Jesus em Betsaida. O texto bíblico apresenta a seguinte narrativa: “Então, chegaram a Betsaida; e lhe trouxeram um cego, rogando-lhe que o tocasse. Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia e, aplicando-lhe saliva aos olhos e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?” [Marcos 8:22-23].

A resposta oferecida por aquele cego à pergunta que Jesus lhe fizera foi, aos nossos olhos, espontânea, inesperada e incomum! Ele disse: “Vejo os homens, porque como árvores os vejo, andando” [Marcos 8:24]! Sem dúvida aquele homem estava vendo! No entanto, sua visão não estava perfeita, pois os homens não são como árvores e as árvores não andam! Diante desses fatos, o texto bíblico nos diz que Jesus adotou a seguinte atitude: “Então, novamente lhe pôs as mãos nos olhos” [Marcos 8:25]. Somente após esse “segundo toque” é que o texto bíblico afirmou: “e ele, passando a ver claramente, ficou restabelecido” [Marcos 8:25]!

Por mais que possa inicialmente parecer estranho aos nossos olhos, esse milagre oferece uma singular lição para cada um de nós! Cristo sempre oferecerá para nós a oportunidade de recebermos um segundo toque de Suas maravilhosas mãos! Se, porventura, não formos completamente abençoados em decorrência do primeiro toque de Cristo em nossas vidas, será crucial que não usemos essa situação para começarmos a murmurar contra Ele! Diante de uma situação tão inusitada como essa, nossa melhor atitude será abrirmos os nossos olhos para percebermos que tal situação é, antes de tudo, um convite para que clamemos por um segundo toque do Senhor em nossa vida! Portanto, é muito importante que saibamos que Jesus sempre estará disposto a realizar um segundo toque em nossas vidas!

A. M. Cunha

domingo, 2 de outubro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 7

O que pode contaminar o homem? O capítulo 7 do Evangelho Segundo Marcos oferece-nos uma resposta muito interessante, pois Jesus afirma em Marcos 7:15, que nada “há fora do homem que, entrando nele, o possa contaminar”! Obviamente Jesus não estava falando em termos fisiológicos, pois sabemos, evidentemente, que o homem pode ser contaminado quando microrganismos [bactérias, fungos, leveduras, vírus, entre outros], entram em contato com seu organismo.

A contaminação anunciada por Jesus, contudo, não é aquela decorrente do que entra no homem, mas a que é decorrente daquilo que sai do homem, pois, de acordo com Jesus, o “que sai do homem, isso é o que o contamina” [Marcos 7:20]. Para que não restem dúvidas sobre o que contamina o homem, Jesus oferece o seguinte diagnóstico: “O que sai do homem é que o torna impuro. Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem impuro.[Marcos 7:20-23]!

Tal diagnóstico parece ser implacavelmente a sentença final de todo homem. Porém, as Sagradas Escrituras fazem ecoar a Sua potente voz para anunciar uma gloriosa promessa: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra” [Ezequiel 36:26]! Nada pode conceder uma transformação tão radical; senão, um profundo encontro com Deus, conforme nos diz a Escritura: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” [Jeremias 29:13]! Busquemos, pois, a Deus, pois somente Nele será possível receber um novo coração!

A. M. Cunha

domingo, 25 de setembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 6

Instigante, provocante e desafiador, essa é a forma como poderíamos nos referir ao capítulo 6 do Evangelho de Marcos. Nesse precioso capítulo, somos apresentados a um glorioso princípio das Escrituras: O exercício da compaixão desafia o nosso direito de descansar! De acordo com Marcos 6:31, Jesus disse aos Seus discípulos: “Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto”. O divino mestre realizou este convite, pois os Seus discípulos “não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham”. A palavra repousar significa, literalmente, “provocar ou permitir que alguém pare com algum movimento ou trabalho a fim de recuperar e recompor suas energias”.

Jesus, então, acompanhado dos Seus discípulos, foi para um lugar solitário, com o firme propósito de descansar! O texto bíblico afirma: “Então, foram sós no barco para um lugar solitário.” [Marcos 6:32]. Este seria um momento separado para o descanso. O lugar era solitário, pois esta seria a melhor maneira de encontrar uma oportunidade de descanso!

O versículo 33 do capítulo 6 do Evangelho Segundo Marcos registra um curioso movimento de algumas pessoas. Diz-nos o texto bíblico: “Muitos, porém, os viram partir e, reconhecendo-os, correram para lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram antes deles”. Logo a seguir, o texto bíblico afirma que quando “Jesus saiu do barco, viu a grande multidão e teve compaixão dela, pois eram como ovelhas sem pastor.” [Marcos 6:34]. Foi exatamente nesse momento que a compaixão desafiou o pretendido descanso de Jesus! A narrativa bíblica contida no versículo 34 continua: Então começou a lhes ensinar muitas coisas! Jesus, mesmo cansado, não descuidou de Sua responsabilidade para com aquele povo, seguiu o fluxo de Sua vocação espiritual e passou a servi-los, pois a compaixão que O movia, desafiava o Seu direito de descansar!

A. M. Cunha


segunda-feira, 19 de setembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 5

Quando eu era criança, sentia-me extremamente seguro ao lado do meu pai. Para mim, ele era um homem indestrutível, intocável e inatingível. Esta sensação de segurança, no entanto, não se compara com a segurança de estar ao lado de Jesus! Este é o prêmio que aguarda os que se prostram aos pés de Cristo!

O capítulo 5 do Evangelho Segundo Marcos conta-nos a história de um dos líderes da sinagoga, chamado Jairo. Ele prostrou-se aos pés de Jesus, porém, não sem antes tê-Lo visto! Observe o que o texto diz: “e, vendo-o, prostrou-se a seus pés” [Marcos 5:22]! O coração de Jairo pulsava de angústia pelo estado de saúde de sua filha. O texto bíblico afirma que ele insistentemente fez a seguinte súplica para Jesus: “Minha filhinha está à morte; vem, impõe as mãos sobre ela, para que seja salva, e viverá.” [Marcos 5:23]. Nenhum aflito ficará sem um compassivo feedback do divino mestre! A resposta inicial de Jesus foi além de palavras! Diz-nos o texto bíblico: “Jesus foi com ele” [Marcos 5:24]. Que agradável companhia! Nos momentos em que a aflição sufoca a alma, o desespero arrefece a alegria e a atrocidade da angústia faz asfixiar qualquer vislumbre de esperança, Jesus coloca-se ao lado daquele que, gemendo suas dores, suplica o socorro divino!

A. M. Cunha

domingo, 11 de setembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 4

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE MARCOS

Capítulo 4

O atento leitor do Evangelho de Marcos encontrará no seu capítulo 4 muitas parábolas cujo propósito é apresentar o Reino de Deus. Uma delas é a conhecida parábola do “grão de mostarda”, cujo tamanho é absolutamente insignificante aos olhos humanos! O texto bíblico diz que o grão de mostarda “é a menor de todas as sementes sobre a terra” [Marcos 4:31]. O semeador, no entanto, não se deixa influenciar pela aparência externa do “grão semeado. Que sublime parábola, pois nada detém o semeador, nem mesmo a aparente insignificância do grão de mostarda, pois ele sabe que esse grão, embora seja a menor de todas as sementes, possui um extraordinário potencial para produzir vida! O resoluto semeador, lançando mão desse minúsculo grão, semeia-o na terra, crendo que nada poderá deter o surgimento da vida nele contida! Como são confortadoras as palavras relativas àquela pequena semente: “uma vez semeada, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças e deita grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra” [Marcos 4:32]! Basta ao grão ser semeado, pois o resto, a vida faz acontecer: ele cresce, torna-se uma árvore com grandes ramos e oferece ninho às aves do céu! O Reino de Deus é assim, quanto mais ele se expande, mais ele oferecerá abrigo aos seus súditos!

A. M. Cunha

domingo, 4 de setembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 3

A fonte de todo olhar está no coração. Se o coração não possuir um bom tesouro, o olhar humano será drasticamente maléfico. De acordo com as palavras de Jesus, o “homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal [...] [Lucas 6:45]. É por isso que podemos concluir que olhar para Jesus, por mais piedosa que tal atitude possa parecer, nem sempre será uma atitude tão piedosa assim. Isso pode soar estranho à primeira vista, mas este é um dos princípios anunciados nos versículos de 1 a 6 do capítulo 3 do Evangelho Segundo Marcos. De fato, se o olhar humano estiver sob a influência de um coração mau, esse olhar não poderá ser um piedoso olhar!

O capítulo 3 do Evangelho Segundo Marcos registra que algumas pessoas estavam na sinagoga olhando para Jesus. E por que eles estavam olhando para Jesus? O texto bíblico responde: Elas “estavam observando Jesus” para ver se Ele realizaria alguma cura em dia de sábado, a fim de O acusarem. [Marcos 3:2]. Naquela sinagoga também estava presente um homem, oculto pela penumbra do anonimato, pois o seu nome não é mencionado. Esse homem possuía uma das mãos ressequida.

Como vimos, de acordo com a narrativa bíblica, as pessoas que estavam observando Jesus naquele dia, não o fizeram porque intentavam receber as virtudes celestiais que Dele emanavam, mas porque procuravam ocasião de o acusar caso Ele realizasse alguma cura em dia de sábado.

Algo que deve ser notado é que, aquele que é alvo do olhar de acusação poderá sentir-se terrivelmente intimidado, pois esse tipo de olhar possui o poder de rasgar a alma com o propósito de ampliar a sua dor e intensificar o seu lamento! De acordo com o texto de Marcos, o olhar de acusação é, na verdade, uma expressão da “dureza do coração humano” [Marcos 3:5].

Jesus, no entanto, realiza duas singulares atitudes ao se deparar com esse tipo de situação. Em primeiro lugar, Jesus olha para aqueles que O contemplavam com os olhos cheios de acusação, e, vendo-lhe a essência do coração, sentiu-se condoído com a dureza dos seus corações! Em segundo lugar, Jesus, mesmo estando olhando para os Seus acusadores, abre a Sua boca para falar com aquele anônimo personagem que estava enfermo. A eloquência do texto bíblico fala por si só: “E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra.” [Marcos 3:5].

Ainda que um ambiente de incredulidade estivesse dominando aquele ambiente, Jesus encontrou na vida daquele desconhecido enfermo, uma ocasião para, a um só tempo, confrontar a falsa religiosidade daqueles que O observavam e manifestar Sua incomparável compaixão para restaurar a saúde daquele enfermo. Ninguém pode ser considerado anônimo para com Jesus, pois Ele conhece a todos, contempla, como ninguém, a história de todos os seres humanos, e possui um inesgotável estoque de misericórdia e compaixão para distribuir com todos aqueles que estão a Sua procura e necessitam da Sua intervenção.

A. M. Cunha

domingo, 28 de agosto de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 2

Surpresas indescritíveis continuam a fluir do Evangelho de Marcos!  Agora, somos apresentados à realidade de que ações são mais importantes do que nomes! É assim que se inicia o segundo capítulo do Evangelho Segundo Marcos: Algumas pessoas, “não identificadas” foram ter com Jesus, conduzindo um “anônimo” paralítico, que havia sido levado por quatro homens “desconhecidos”! O texto bíblico afirma que “Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens.” [Marcos 2:3].

A compaixão moveu aquelas pessoas na empreitada de conduzirem o paralítico até a presença de Jesus. Não há qualquer indício de que o foco daquelas pessoas era tornar os seus nomes célebres, ou quem sabe, até mesmo tornar famoso aquele paralítico! O que eles ansiavam, movidos por um incontrolável desejo, de acordo com o que o texto deixa transparecer, era promover o encontro daquele paralítico com Jesus!

É certo que eles enfrentariam alguns obstáculos em sua trajetória. Contudo, a força dessa compaixão não lhes permitiria parar diante das dificuldades que aparecessem! Ao contrário, aquela compaixão despertaria neles a coragem necessária para continuarem adiante! A genuína compaixão é ousada e destemida! E foi exatamente isso o que aconteceu com aqueles homens! Como não puderam, por causa da multidão que ali estava, entrar pela porta, eles criaram uma “nova porta”, uma inesperada abertura que eles fizeram no telhado daquela casa, e foi por esse novo acesso que eles desceram o leito onde estava o paralítico! E como consequência dessa destemida atitude, o almejado encontro entre Jesus e o paralítico aconteceu!

O texto não nos dá qualquer evidência de que Jesus tenha dito alguma coisa para aquelas pessoas que lhe haviam trazido o paralítico. Contudo, há um singular registro que não pode ser negligenciado! O texto bíblico diz: “Vendo-lhes a fé” [Marcos 2:5]! Não se trata da fé de apenas um, como se fosse unicamente a fé do paralítico, mas uma fé colegiada que, de mãos dadas com a compaixão, trouxe aquele paralítico até Jesus! Eles esperavam cura, Jesus, no entanto, concedeu ao paralítico a cura e o perdão dos pecados! É surpreendente o que pode acontecer quando alguém se encontra com Jesus, ainda que esse encontro tenha ocorrido como consequência da compaixão de outras pessoas!

A. M. Cunha


EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 1

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE MARCOS – Capítulo 1

O Evangelho de Marcos apresenta uma abordagem extremamente intensa. Por exemplo, no primeiro capítulo, imediatamente após o anúncio de uma profecia a respeito de Jesus Cristo, o evangelista apresenta a seguinte narrativa: Jesus foi batizado, venceu a tentação no deserto, pregou o evangelho do Reino, escolheu discípulos, ensinou na sinagoga, curou enfermos e expulsou demônios. Registra-se ainda, que Jesus levantava-se alta madrugada para orar! Sem dúvidas, esse início está repleto de ação! 

Todas as realizações de Jesus, Suas palavras e Suas ações, O qualificavam para ser um inigualável modelo para a vida cristã, uma referência a ser seguida! E é exatamente nessa qualidade, como modelo e referência, que está fundamentado o chamado contido no versículo 17 do capítulo primeiro deste Evangelho, que nos diz o seguinte: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”. 

O chamado “Vinde após mim” é, portanto, uma importante evidência de que Jesus Cristo é o modelo dos Seus discípulos. Essa expressão poderia muito bem ser assim reproduzida: Venham, observem o que estou fazendo, e assim como eu fizer, façam vocês também! Jesus, de fato, não apenas chamava os discípulos para fazerem algo, nem, tampouco, ficava inerte, apenas observando cada um deles enquanto eles realizavam alguma atividade espiritualmente relevante. Jesus chama com o propósito de que os Seus discípulos, ao verem o que Ele faz, saibam o que fazer, como fazer e em que tempo fazer! Jesus, o Mestre que chama para fazer, é, antes de tudo, o mestre que faz para poder chamar! Ele jamais chamará alguém para fazer o que Ele mesmo não tenha feito! O chamado de Jesus para que os Seus discípulos fizessem algo espiritualmente relevante, foi um chamado de alguém que, por ser um autêntico modelo e uma profunda referência para aqueles que foram chamados, era plenamente experimentado em fazer tudo aquilo que estava ordenando que os Seus discípulos fizessem! Sem dúvida, Jesus estava plenamente qualificado para dizer aos Seus discípulos: observem o que estou fazendo, e assim como eu fizer, façam vocês também!

A. M. Cunha

domingo, 7 de agosto de 2022

EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - CAPÍTULO 23

Uma sociedade pode muito bem ser representada e devidamente identificada por seu idioma. Nos tempos bíblicos, o mundo grego e seu idioma representavam a esfera social do conhecimento; o mundo romano e seu idioma, por sua vez, faziam alusão à esfera social do domínio bélico e político; e, por fim, o mundo hebraico e seu idioma correspondiam à esfera social da religiosidade. Pode-se dizer, num certo sentido, o seguinte a respeito destas três esferas sociais: [1] A esfera social do domínio bélico e político abrange o governo e suas múltiplas manifestações de domínio; [2] A esfera social da religião abrange a igreja; e [3] A esfera social do conhecimento abrange a economia, a educação, o entretenimento, a família e, finalmente, a comunicação e as artes.

O capítulo 23 do Evangelho Segundo Lucas contém um texto singular acerca da crucificação de Jesus Cristo. O texto bíblico diz o seguinte: “E também, por cima dele, estava um título, escrito em letras gregas, romanas e hebraicas: Este é O Rei dos Judeus” [Lucas 23.38]. É possível observar que as três esferas sociais acima mencionadas estavam sendo representadas naqueles três idiomas, nos quais foi escrito o título que havia sido colocado sobre a cruz de Jesus Cristo. Assim, estes três idiomas, grego, romano e hebraico, parecem sugerir que o mundo inteiro, em todos os aspectos de sua manifestação social [as três esferas sociais: a esfera social do conhecimento, a esfera social do domínio bélico e político e a esfera social da religiosidade], a partir da cruz, deve estar ciente de que Jesus Cristo é o Supremo, Poderoso e Absoluto Rei do Universo!

Foi exatamente em decorrência da cruz que Deus exaltou Cristo sobremaneira “e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” [Filipenses 2:9-11].

A. M. Cunha


domingo, 31 de julho de 2022

EVAGELHO SEGUNDO LUCAS - CAPÍTULO 22

Uma das características do ministério de Jesus foi a escolha de seguidores. Ele era muito criterioso na escolha dos Seus discípulos, o que o levava a se envolver em longos períodos de oração, aos pés do Seu Pai Celestial, para realizar Suas escolhas. Eis a razão por que os Seus convites para segui-Lo eram tão precisos e profundamente poderosos.

Por exemplo, Levi, conhecido como Mateus, foi alvo do seguinte convite de Jesus: “Segue-me!”, cuja resposta foi extraordinariamente imediata. Diz o texto bíblico: “Ele se levantou e o seguiu” [Mateus 9.9]! Aquele que segue, somente o fará com excelência caso se mantenha perto o suficiente daquele que deve ser seguido. Somente estando perto o suficiente de Jesus será possível ter um constante aprendizado, ouvir os Seus ensinamentos, obedecer as Suas ordens e seguir o Seu exemplo. Este “estar perto o suficiente” pode ser adequadamente percebido na expressão “junto dele”, contida no texto de Marcos 3.13, que nos diz: “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele”.

O capítulo 22 do Evangelho de Lucas, no entanto, demonstra que um dos seguidores de Jesus, o apóstolo Pedro, não observou à risca este princípio, num determinado estágio de sua caminhada com Jesus, pois o texto bíblico afirma que “Pedro seguia de longe” [Lucas 22.54]. Manter-se longe de Jesus é uma conduta perigosa que, inclusive, poderá fazer com que o seguidor de Cristo trilhe os tortuosos caminhos do esfriamento espiritual, que culminam com a trágica atitude de negá-lo.

Foi exatamente isso o que Pedro fez, e o fez por três vezes, conforme podemos ver na seguinte narrativa bíblica contida no Evangelho Segundo Lucas: “Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do sumo sacerdote. Pedro seguia de longe. E, quando acenderam fogo no meio do pátio e juntos se assentaram, Pedro tomou lugar entre eles. Entrementes, uma criada, vendo-o assentado perto do fogo, fitando-o, disse: Este também estava com ele. Mas Pedro negava, dizendo: Mulher, não o conheço. Pouco depois, vendo-o outro, disse: Também tu és dos tais. Pedro, porém, protestava: Homem, não sou. E, tendo passado cerca de uma hora, outro afirmava, dizendo: Também este, verdadeiramente, estava com ele, porque também é galileu. Mas Pedro insistia: Homem, não compreendo o que dizes. E logo, estando ele ainda a falar, cantou o galo” [Lucas 22:54-60]. A negação de Pedro pode ser vista nas seguintes expressões: “Mulher, não o conheço” [Lucas 22.57], “Homem, não sou” [Lucas 22.58] e “Homem, não compreendo o que dizes” [Lucas 22.60].

A cruel negação de Pedro foi drasticamente interrompida pelo canto do galo. O silêncio que se seguiu reverberou com inquietante estrondo na vulnerável alma do apóstolo Pedro, principalmente após o fato de Jesus, mesmo estando aprisionado, ter fixado os Seus olhos nele. O texto bíblico afirma: “Então, voltando-se o Senhor, fixou os olhos em Pedro” [Lucas 22:61]. Dois foram os reflexos que se seguiram a este singular acontecimento. Em primeiro lugar, Pedro lembrou-se da Palavra de Jesus que havia previamente sido proferida, com o propósito de revelar a fragilidade da sua disposição para seguir o divino mestre. Quanto a este ponto, o texto bíblico afirma: [...] e Pedro se lembrou da palavra do Senhor, como lhe dissera: Hoje, três vezes me negarás, antes de cantar o galo” [Lucas 22:61]. Em segundo lugar, Pedro, abandonando o lugar da queda, vê-se imerso no amargo choro de uma alma que percebeu o seu próprio fracasso e quão vulnerável era a sua disposição para seguir o Filho de Deus! Quanto a este aspecto, o texto bíblico diz o seguinte: “Então, Pedro, saindo dali, chorou amargamente” [Lucas 22:62].

Caso tais momentos de afastamento atinjam a nossa alma, o escape que estará a nossa disposição será clamar ao Senhor. Desta forma, o Senhor Jesus, por Sua graça e misericórdia, fará com que sejamos sensíveis o suficiente, para percebermos o Seu olhar, e, a partir dele, lembrarmo-nos de Sua Palavra e assim, imersos em profundo arrependimento por Tê-lo negado, correremos velozmente ao encontro do Seu abraço acolhedor.

A. M. Cunha


domingo, 24 de julho de 2022

EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - CAPÍTULO 21

O que pode levar alguém a levantar bem cedo? Talvez matricular o filho na escola mais próxima ou na melhor escola do bairro? Quem sabe para conseguir aquela consulta médica tão esperada? Alguns o fazem para manter seu corpo em forma e outros porque a jornada de trabalho exige que o horário seja rigorosamente cumprido!

O capítulo 21 do Evangelho Segundo Lucas mostra um povo tão sedento por conhecer as verdades celestiais, que não media esforços para estar reunido no templo, todos os dias de madrugada, para ouvir os ensinamentos de Jesus [Lucas 21.37-38]!

Duas verdades, que podem e devem ser aplicadas ao nosso viver diário, estão extraordinariamente reveladas nos versículos 37 e 38 do capítulo 21 do Evangelho Segundo Lucas:

[1] A disposição de Jesus para ensinar é diária, por isso se diz que “Jesus ensinava todos os dias” [Lucas 21.37]. O comprometimento de Jesus com essa atividade era total! Mesmo sabendo que Sua traição, prisão e crucificação estavam próximos, Jesus não se escondeu durante os dias em que esteve em Jerusalém! Ao contrário, Ele escolheu ensinar no local mais público da cidade, o Templo! Seu propósito era ensinar a maior quantidade de pessoas! Sabendo que precisaria de muita energia, tanto para permanecer ensinando todas as manhãs, quanto para enfrentar a dureza da tortura que enfrentaria quando fosse preso, julgado e condenado, Jesus, durante aqueles dias, saía à noite para repousar no monte das Oliveiras, onde poderia orar e descansar livre da agitação da cidade! Tudo isso revela o Seu comprometimento com a tarefa de ensinar a sedenta multidão que diariamente o procurava desde as madrugadas!

[2] A busca e a sede pelo aprendizado espiritual deve ser uma prioridade em nossas vidas, por isso se diz: “E todo o povo madrugava para ir ter com ele no templo, a fim de ouvi-lo.” [Lucas 21.38]. O vocábulo grego traduzido como “madrugava” é o vocábulo ὀρθρίζω [orthrizo], e ele está no Tempo Imperfeito, o que representa uma ação contínua ou repetida. Isso significa que, se Jesus ensinava todos os dias no templo, o povo estava presente para ouvi-lo, todos os dias de madrugada.

Que maravilhosos encontros de aprendizagem ocorreram naqueles dias! Conhecer as verdades divinas foi e continua sendo um verdadeiro encontro de amor entre Jesus e os Seus seguidores! Que este seja nosso desejo diário: Experimentarmos diariamente um encontro de amor com Jesus; e não apenas experimentar esses encontros, mas fazer deles uma prioridade diária em nossa vida! Jesus, o Supremo Mestre, que deseja ter encontros diários com os Seus discípulos, está a postos, todos os dias, ávido por compartilhar Seus gloriosos ensinamentos com a alma sedenta! Na outra ponta desta relação estamos nós. A pergunta que permanece é: Estamos realmente dispostos a fazer desses encontros uma prioridade em nossa vida?

A. M. Cunha