sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE MATEUS - Capítulo 10


O capítulo 10 do Evangelho Segundo Mateus parece sugerir uma significativa mudança no cenário da narrativa bíblica nele contida. Nos capítulos anteriores, o foco pareceu estar mais centrado no “Rei”, Jesus Cristo, e na “Mensagem do Reino”, composta pelas “leis inerentes ao Reino de Deus”. Agora, o novo foco aponta para os “Mensageiros do Reino”.

Os mensageiros do Reino de Deus, de acordo com Mateus 10:1, foram inicialmente “chamados” por Jesus, por isso o texto diz: “Tendo chamado os seus”. Nessa ocasião, o texto bíblico denominou-os de “discípulos”. Posteriormente, conforme Mateus 10:5, tais mensageiros são “enviados” para proclamarem o Reino de Deus. Por conta desse envio eles são denominados de “apóstolos” [Mateus 10:2].

O vocábulo grego αποστολος [apostolos] faz referência a alguém que é enviado para uma missão depois de ter recebido poderes para cumpri-la. Conforme afirmado acima, o envio dos mensageiros deu-se em Mateus 10:5. O poder foi concedido antes do envio, em Mateus 10:1, conforme se pode observar nas seguintes palavras do texto bíblico: “deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades”.

A obra divina, de acordo com o capítulo 10 do Evangelho Segundo Mateus, possui a seguinte estrutura necessária para a proclamação da mensagem do Reino de Deus: O “Rei”, “Mensagem do Reino” e os “Mensageiros do Reino”! A escritura, conforme 1 Coríntios 4:1-2, chama os mensageiros do Reino de “despenseiros dos mistérios de Deus” e, de acordo com o apóstolo Paulo, “o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel”.
A. M. Cunha

DEUS É A NOSSA SOMBRA


“O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita”
Salmo 121:5

É natural que a sombra seja uma reprodução do perfil do objeto/substância sobre o qual a luz incide. Do texto do Salmo 121:5, porém, decorre a conclusão de que a luz que incide sobre nós reproduzirá a sombra do Senhor!

O Senhor é a nossa sombra, isto significa, portanto, que toda a sombra que projetamos deve ser uma expressão do Senhor. Duas são as possibilidades para que a sombra projetada seja a sombra divina: [1] Na primeira delas, Deus deve ser, a um só tempo, a luz que dá origem à sombra e a própria substância sobre a qual a luz incide, por isso a sombra projeta é a sombra Dele; [2] Na segunda, Deus é a luz que dá origem à sombra e nós devemos ser a exata reprodução da imagem divina. Em decorrência, a sombra projetada, embora nossa, será uma reprodução da imagem divina. Tanto numa possibilidade quanto na outra, Deus, por ser a luz, sempre será a origem e a razão única da sombra que se projeta em nosso caminho! Isto ocorre porque Ele está tão próximo de nós e tão mesclado com a nossa vida que a sombra que projetamos deve ser a sombra divina. Tal realidade, porém, só se torna possível se nós, como afirma o salmista em outro Salmo, habitarmos no esconderijo do Altíssimo e descansarmos à sombra do Onipotente [Salmo 91:1].
A. M. Cunha

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE MATEUS - Capítulo 9


A cura de um paralítico em Cafarnaum é uma das maravilhosas narrativas que compõem o capítulo 9 do Evangelho Segundo Mateus. O texto afirma que “trouxeram um paralítico deitado num leito” [Mateus 9:2]. Jesus percebe muito mais do que a atitude daqueles que lhe trouxeram o paralítico: Ele vê a fé por trás da atitude. O texto bíblico é, nesse aspecto, incisivo: “Vendo-lhes a fé” [Mateus 9:2].

O autor da Carta aos Hebreus afirmou que “é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam” [Hebreus 11:6]. Isso é o que se pode chamar de “o duplo aspecto da fé”: [1] Crer que Deus existe; e [2] Crer que Deus é galardoador dos que O buscam.

Os escribas – quase sempre eles –, ferrenhos opositores da obra de Cristo, questionaram, na intimidade dos seus pensamentos, a atitude de Jesus quando, ao ver a fé daqueles que Lhe trouxeram o paralítico, liberou uma palavra de perdão para o enfermo que lhe fora trazido [Mateus 9.1-3].

Em resposta, Jesus, o divino onisciente e onipotente, curou o paralítico, mas não sem antes declarar o seguinte: “[...] o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados [...]” [Mateus 9.6]. Tais palavras reverberam com força magistral para anunciar que perdoar não é apenas um ato de amor e obediência que praticamos, mas uma vívida demonstração de autoridade. Jesus já havia, portanto, demonstrado Sua gloriosa autoridade quando liberou perdão ao anônimo paralítico! O mesmo se dá conosco, pois quando perdoamos exercemos autoridade sobre a mancha que a ofensa intentou deixar em nossa história!
A. M. Cunha

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

O ANTÍDOTO CONTRA A AVAREZA É O CONTENTAMENTO COM AQUILO QUE JÁ SE POSSUI


“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei”
Hebreus 13:5

Alguns há que se enveredam pela senda da desenfreada busca por tesouros nesta terra, movidos por um desejo ávido por ter sempre mais. Nosso Senhor já havia dito: “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” [Lucas 12:15]. O antídoto contra a avareza, ou seja, o ávido desejo por ter sempre mais, é o contentamento com aquilo que já se possui. O contentamento é aqui descrito como um inequívoco ato de fé, pois aquele que se contenta com o que possui, está dominado pela convicção de que o Senhor de maneira alguma o deixará, nunca jamais o abandonará! Consequentemente, seria a avareza uma nefasta expressão de incredulidade?
A. M. Cunha

DÉCIMA NONA SEÇÃO – SALMO 119:146


Salmo 119:146 – “Clamo a ti; salva-me, e guardarei os teus testemunhos.” O salmista recorre, não ao homem ou às suas próprias habilidades, mas a Deus! O clamor do salmista revela o que está em seu coração: Um profundo desejo pela salvação que somente pode ser encontrada em Deus!

O vocábulo hebraico קרא [qara’], traduzido como “clamo”, está no modo perfeito, que, quando se refere a uma ação no tempo presente, é frequentemente usado para descrever verdades gerais ou ações de ocorrência frequente. Assim, pode-se concluir que o salmista estava afirmando que clamou por salvação naquele momento e que esta era uma ação que ele frequentemente praticava. Portanto, o clamor a que se refere este versículo não é um clamor esporádico, mas contínuo. Esse constante clamor por salvação possuía o poder de ativar a obediência no coração do salmista, por isso ele afirmou:  “e guardarei os teus testemunhos”.
A. M. Cunha

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE MATEUS - Capítulo 8


Os capítulos de 5 a 8 do Evangelho Segundo Mateus formam um conjunto de 4 capítulos muito interessantes. No capítulo 5 somos apresentados ao que se pode chamar de a teoria do Reino de Deus. O capítulo 6, focado na justiça do Reino de Deus, lista uma série de condutas que norteiam e capacitam os cristãos a se tornarem sal da terra e luz do mundo. O capítulo 7 é concluído com a ideia de que os ensinamentos de Jesus podem e devem ser praticados pelos cristãos. O capítulo 8, por fim, mostra o modo como o poder de Deus interfere na esfera humana.

No capítulo 8 do Evangelho Segundo Mateus somos apresentados a vários exemplos de intervenção poderosa de Deus na esfera humana: [a] A cura de um leproso – Mateus 8:1-4; [b] A cura do criado do centurião de Cafarnaum – Mateus 8:5-13; [c] A cura da sogra de Pedro – Mateus 8:14-15; [d] Jesus acalma a tempestade – Mateus 8:23-27; [e] Libertação dos endemoninhados gadarenos – Mateus 8:28-34; e [f] Jesus realiza muitas outras curas – Mateus 8:16-17.

Entre estas intervenções divinas na esfera humana, abordaremos alguns aspectos da cura do leproso, conforme registro contido em Mateus 8:1-4.

Sem dúvida, esta é uma vívida demonstração, não apenas da derrota da enfermidade, no caso a lepra, pelo “poder curador de Deus”, como também, da derrota do preconceito e da indiferença pelo “poder da compaixão divina”. O leproso, afastado do convívio com familiares, vizinhos e amigos, era alvejado pela crueldade da segregação social que a lepra lhe impunha. A ação do “poder curador de Deus” e do “poder da compaixão divina” nessa cura foram admiráveis!

O leproso, de acordo com o livro de Levíticos, não poderia ser tocado sem que aquele que o tocasse se tornasse impuro. Assim, conforme a lei mosaica, Jesus não poderia tocar naquele homem sob pena de se contaminar. No entanto, sabendo que aquele leproso seria imediatamente curado, Jesus intencionalmente tocou naquele homem antes mesmo da realização da cura. O princípio revelado aqui é especialmente maravilhoso: Jesus agia no tempo presente de acordo com os efeitos futuros de suas Palavras e Ações! Jesus, pela lei mosaica, não poderia tocar num leproso, mas poderia tocar num ex-leproso! Aos olhos de Jesus, Seu toque foi, não num homem leproso, mas num homem que invariavelmente seria curado!

Aquele toque não foi, tão somente, o toque do “poder curador de Deus”, mas o toque do “poder da compaixão divina”. Por isso se pode afirmar que aquele toque era o selo do amor e do poder de Cristo sobre aquele homem que, em decorrência daquela enfermidade, enfrentava longos anos de rejeição social, a ponto de achar-se privado de ser tocado, inclusive por aqueles a quem amava e por quem era amado. O glorioso Cristo, porém, contra todas as expectativas humanas, toca, não apenas a pele enferma daquele homem, mas sua própria alma e modifica sua história para sempre!
A. M. Cunha

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

ORAÇÃO E ENCONTRO: A VIA DE MÃO DUPLA CONSTRUÍDA POR DEUS


“[12] Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. [13] Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração.”
Jeremias 29:12-13

Relacionar-se com o autor da criação é como trilhar uma via de mão dupla projetada por Deus para a humanidade. Ele, como o grande construtor celestial, edificou uma maravilhosa via de mão dupla, por meio da qual os homens podem desfrutar os benefícios de uma surpreendente intimidade com Ele. Esta via possui dois sentidos:

[1] O sentido da “oração”: “[...] me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei” [Jeremias 29:12] – A oração é um direito/privilégio concedido por Deus aos homens. Que privilégio é poder falar com o criador do universo!

[2] O sentido do “encontro”: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” [Jeremias 29:13] – O “encontro” é o resultado direto da busca por Deus. Não se trata, porém, de uma busca qualquer, mas de uma busca de todo coração!

Como é maravilhosa a via de mão dupla construída por Deus! Se trilharmos o sentido da “oração”, inevitavelmente desfrutaremos a dádiva do “encontro” com o grande construtor celestial!
A. M. Cunha

ESTÁ CHEGANDO O DIA EM QUE SEREMOS O QUE HAVEREMOS DE SER


“Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é.”
I João 3:2

Um dia, como nos disse o apóstolo João, haveremos de ver o Senhor como Ele realmente é. Será exatamente nesse dia que verdadeiramente seremos o que haveremos de ser. Sim, Billy Graham estava certo: “Tudo vai acabar bem”!
A. M. Cunha

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

A BÍBLIA É UM LIVRO CENTRADO EM DEUS E EM SUA GLÓRIA


“Grande é o Senhor nosso e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir”
Salmo 147:5

A Bíblia é teocêntrica, pois está eternamente centrada em Deus e em Sua glória! Este versículo, em especial, possui alguns vocábulos maravilhosos, profundamente teocêntricos: Grande, Senhor, poderoso e entendimento ilimitado. De acordo com o texto, aquele que é grande é “Senhor nosso”. Ele não é apenas poderoso, mas sim “mui” poderoso. Ele não apenas detém entendimento, mas o “seu entendimento não se pode medir”! De todos esses vocábulos, porém, o que mais me sensibiliza é o vocábulo “Senhor”! Quando se afirma que Deus é Senhor, afirma-se, na verdade, que Ele é absolutamente independente de qualquer outro para “ser” o que é, “falar” o que fala, “pensar” o que pensa, “estar” onde está e “fazer” o que faz!
A. M. Cunha