sexta-feira, 21 de setembro de 2018

A PEDRA FOI REMOVIDA ANTES DO MILAGRE ACONTECER


O episódio da ressurreição de Lázaro marca a narrativa de um realinhamento temporal que aconteceu na vida de Marta com respeito à sua fé. Observe o que ela, num primeiro momento, afirmou para Jesus: “Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão” [João 11:21]. Não é difícil notar que essa frase sugere que Marta estava com os seus olhos voltados para o passado. Em outras palavras, Marta havia depositado sua fé no passado. Ontem era o único tempo em que Jesus, aos olhos de Marta, poderia ter realizado algum milagre com respeito à vida de Lázaro.

Prosseguindo Seu diálogo com Marta, Jesus afirmou: “Teu irmão há de ressurgir” [João 11:23]. Marta, porém, respondeu: “Eu sei [...] que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia” [João 11:24]. Não é igualmente difícil perceber que os olhos de Marta estavam voltados para o futuro, para a crença na ressurreição que ocorrerá no futuro. Amanhã será o tempo em que Jesus, aos olhos de Marta, poderá realizar a gloriosa ressurreição dos que morreram, inclusive do seu irmão, Lázaro.

O momento presente parecia ser irrelevante para Marta. Para ela, esse momento seria apenas o momento de chorar e lamentar a morte do seu irmão. Quanto à fé, ela estava oscilante entre o passado e o futuro. O momento presente, porém, não lhe parecia propício para o exercício da fé, pois aos seus olhos a situação de Lázaro lhe parecia definitiva.
O tempo parecia ecoar uma música cruel e a surdez da sua fé era insuportável, a ponto de sepultar qualquer sopro de esperança. Marta não conseguia dançar alegremente entre o tempo e a fé, pois ela não era capaz de ouvir a melodia que emanava da presença do Mestre divino que estava ao seu lado. Sua dúvida, porém, começaria a ser firmemente demovida ante o poder da voz do divino mestre: “Tirai a pedra” [João 11:39].

A dúvida, porém, respondeu: “já cheira mal”! A incredulidade soltou o seu último suspiro: “já é de quatro dias”! Elas, porém, não resistiriam ao poder do divino mestre que perguntou: “Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus?” [João 11:40].

A pedra foi removida antes do milagre acontecer, porque a fé não espera ver para crer, ela crê ainda que o impossível seja a realidade do momento presente. É o autor da vida que está diante da morte! Ela não terá a menor condição de lhe oferecer qualquer resistência!

Ao que estivera morto bastou-lhe a palavra: “Lázaro, vem para fora!” [João 11:43]. E ele saiu! O milagre estava feito! Não ontem e nem no futuro, mas hoje!
A. M. Cunha

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

DÉCIMA SÉTIMA SEÇÃO – SALMO 119:135

Salmo 119:135 – “Faze resplandecer o rosto sobre o teu servo e ensina-me os teus decretos.” O salmista invoca para si um dos elementos da bênção com que o sacerdote Arão e seus filhos abençoavam os filhos de Israel. Este modelo abençoador está registrado em Números 6:24-26, que registra o seguinte: “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz. Assim, porão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. A expressão “resplandecer o rosto” é equivalente a “resplandecer a luz divina”. A luz somente pode brilhar e exercer todo o potencial de sua influência sobre aquilo ou o que está próximo. Esse clamor do salmista evidencia o seu desejo pela presença de Deus. Sua alma anelava por comunhão com Deus, pois ele sabia que somente estando próximo a Deus é que a luz divina resplandeceria sobre si. Uma vez iluminado pela divina luz, sua alma estaria aberta para a Palavra de Deus. É por isso que ele clama: “ensina-me os teus decretos”. Eis aqui um homem, cuja alma estava sedenta, não apenas pela Palavra de Deus, mas também pelo Deus da Palavra!

A. M. Cunha

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

O ARREPENDIMENTO APROXIMA QUEM ESTÁ LONGE


“Certo homem tinha dois filhos”, é assim que se inicia a conhecida parábola do Filho Pródigo. O título “filho pródigo” tem o efeito de nos fazer ficar focados em apenas um dos filhos, “o mais moço”. Os olhos do texto bíblico, porém, estavam focados nos dois filhos: no “mais moço” e no “mais velho”.

Do mais moço se diz que ele, após ter recebido sua parte da herança, “ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante” e, após ter gastado tudo e começado a passar necessidade, voltou novamente para a casa do pai.

Do mais velho se diz que ele, após mais um dia de atividade no campo, retornou para a casa do pai. Deparou-se, no entanto, com a notícia de que o seu irmão havia retornado e sido muito bem recebido pelo pai. Contudo, o seu coração não tinha espaço para a compaixão paterna, por isso “Ele se indignou e não queria entrar”.

O mais moço, arrependido, após retornar de uma terra distante, desejava entrar novamente na casa do pai. O mais velho, indignado, após retornar do campo, não desejava entrar na casa do pai.

O que se percebe da narrativa acerca desses dois filhos? O mais moço estava longe, mas o arrependimento o aproximou. O mais velho estava perto, mas sua indignação o distanciou! Ambos necessitavam de arrependimento: O mais moço porque havia estado longe e o mais velho porque havia se indignado! Para ambos, somente o arrependimento poderia aproximá-los novamente!

A. M. Cunha