terça-feira, 30 de julho de 2019

A DUPLA ADMOESTAÇÃO - A JUSTA MEDIDA PARA A EDIFICAÇÃO DA IGREJA


“E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros”
Romanos 15:14

A Escritura claramente prescreve a necessidade de que os membros do Corpo de Cristo pratiquem a mútua admoestação. O critério eleito pela Escritura, à luz de Romanos 15:14, para esta aptidão é o seguinte: o discípulo de Cristo apto para admoestar deve ser “possuído de bondade” e “cheio de todo conhecimento”. Assim, o limite da admoestação é a bondade e o conhecimento. Não se deve promover admoestação se o coração não estiver motivado pela bondade, bem como, não se deve promovê-la além do conhecimento obtido, por uma dupla razão:

1) A admoestação sem bondade promoverá o surgimento de feridas e rupturas na comunhão cristã; e

2) A admoestação não será eficaz se for promovida sem o devido conhecimento.

Quanto ao limite da admoestação pelo conhecimento obtido, nunca é demais lembrar que a Escritura apresenta a busca do conhecimento de Deus como uma atividade contínua do discípulo de Cristo [Colossenses 1:10], pois tal busca é uma expressão da vontade de Deus, conforme podemos observar em I Timóteo 2:4.

A Escritura ordena que cresçamos no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo [II Pedro 3:18]. Assim, a ausência de conhecimento não pode servir de desculpa para não promover a admoestação bíblica, pois o discípulo de Cristo é chamado a crescer no conhecimento de Jesus Cristo. Portanto, o cristão não pode ser relapso na busca do conhecimento, caso contrário, não adquirirá a aptidão para admoestar e, por fim, não promoverá a edificação do Corpo de Cristo.

O próprio apóstolo Paulo aplicava em sua vida estes dois limites; senão vejamos: 1) Ele promovia sua admoestação a partir do conhecimento que obteve ao longo de sua jornada espiritual. É isto o que entendemos da leitura de Romanos 15:18, que nos diz o seguinte: “não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu intermédio”; e 2) Paulo promovia sua admoestação a partir de um coração cheio de bondade. É o vemos em Romanos 15:1, quando Paulo afirma que “nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos”. O que é isto, senão a expressão de um coração cheio de bondade? Por fim, devemos alertar que tais limites não devem ser observados apenas por aquele que admoesta, mas também por aquele que recebe a admoestação. Desta forma, a recusa em receber uma admoestação pode revelar a existência de um duplo problema na vida do discípulo de Cristo: 1) Ausência do domínio da bondade; e 2) Ausência de conhecimento. Um coração bondoso e cheio de conhecimento está apto para receber a admoestação. É por isso que o apóstolo Paulo utiliza a expressão “uns aos outros”.

A admoestação, no entanto, não deve ser apenas oferecida aos outros, deve também ser recebida por nós, pois não fomos chamados apenas para oferece-la, mas também para recebe-la. É exatamente nesta dupla via, quanto a admoestação vai e vem, que a igreja experimenta uma poderosa e vívida edificação, pois uma das evidências da saúde de uma igreja é a existência de uma mútua atmosfera de admoestação. Os limites para a admoestação recebida são os mesmos adotados na admoestação oferecida, ou seja, estar “possuído de bondade” e “cheio de todo conhecimento”!
A. M. Cunha

domingo, 28 de julho de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE JOÃO – Capítulo 18


Um jardim é comumente percebido como um lugar de flores e de perfumes agradavelmente naturais! A narrativa contida no capítulo 18 do Evangelho Segundo João tem o seu início num jardim conhecido como Getsêmani. O texto bíblico afirma que [...] Jesus [...] saiu juntamente com seus discípulos [...] para [...] onde havia um jardim; e aí entrou com eles” [João 18.1]. O texto é ironicamente trágico, pois Jesus, ao mesmo tempo em que “entrava no jardim”, estava também entrando numa atmosfera onde os odores do sofrimento e da dor seriam agressivamente suportados por Ele. E isto, era só o início das dores! O final da narrativa, porém, quando Jesus já se encontrava diante de Pilatos, revela uma das mais belas peças da teologia da redenção: a “expiação substitutiva”, ou seja, o ato pelo qual Jesus Cristo, tomando o lugar dos pecadores, morreu por eles e no lugar deles. O apóstolo Paulo aborda este evento espiritual afirmando que “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões [...] Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” [2 Coríntios 5.19-21]. O capítulo 18 do Evangelho Segundo João refere-se à “expiação substitutiva”, ao registrar as seguintes palavras de Pilatos: É costume entre vós que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?” [João 18.39]. O traço final deste desenho expiatório foi concluído com as seguintes palavras: “Então, gritaram todos, novamente: Não este, mas Barrabás! Ora, Barrabás era salteador” [João 18.40]. Barrabás tornara-se um representante de todos os homens. Ele deveria morrer, mas Cristo morreu em seu lugar, “para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” [João 2.16-17]! Todos os homens deveriam permanecer espiritualmente mortos [ou seja, permanecer eternamente separados de Deus], mas Cristo morreu em lugar deles! O Espírito Santo, pela boca do apóstolo Pedro já havia afirmado: “Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos” [1 Pedro 3.18]. Como é forte a expressão “Não este, mas Barrabás!” [João 18.40]! Barrabás foi libertado do cativeiro romano, mas Jesus Cristo foi momentaneamente aprisionado e definitivamente condenado à morte para, por Sua morte e ressurreição, oferecer a “verdadeira liberdade”!
A. M. Cunha