domingo, 4 de setembro de 2022

EVANGELHO SEGUNDO MARCOS - CAPÍTULO 3

A fonte de todo olhar está no coração. Se o coração não possuir um bom tesouro, o olhar humano será drasticamente maléfico. De acordo com as palavras de Jesus, o “homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal [...] [Lucas 6:45]. É por isso que podemos concluir que olhar para Jesus, por mais piedosa que tal atitude possa parecer, nem sempre será uma atitude tão piedosa assim. Isso pode soar estranho à primeira vista, mas este é um dos princípios anunciados nos versículos de 1 a 6 do capítulo 3 do Evangelho Segundo Marcos. De fato, se o olhar humano estiver sob a influência de um coração mau, esse olhar não poderá ser um piedoso olhar!

O capítulo 3 do Evangelho Segundo Marcos registra que algumas pessoas estavam na sinagoga olhando para Jesus. E por que eles estavam olhando para Jesus? O texto bíblico responde: Elas “estavam observando Jesus” para ver se Ele realizaria alguma cura em dia de sábado, a fim de O acusarem. [Marcos 3:2]. Naquela sinagoga também estava presente um homem, oculto pela penumbra do anonimato, pois o seu nome não é mencionado. Esse homem possuía uma das mãos ressequida.

Como vimos, de acordo com a narrativa bíblica, as pessoas que estavam observando Jesus naquele dia, não o fizeram porque intentavam receber as virtudes celestiais que Dele emanavam, mas porque procuravam ocasião de o acusar caso Ele realizasse alguma cura em dia de sábado.

Algo que deve ser notado é que, aquele que é alvo do olhar de acusação poderá sentir-se terrivelmente intimidado, pois esse tipo de olhar possui o poder de rasgar a alma com o propósito de ampliar a sua dor e intensificar o seu lamento! De acordo com o texto de Marcos, o olhar de acusação é, na verdade, uma expressão da “dureza do coração humano” [Marcos 3:5].

Jesus, no entanto, realiza duas singulares atitudes ao se deparar com esse tipo de situação. Em primeiro lugar, Jesus olha para aqueles que O contemplavam com os olhos cheios de acusação, e, vendo-lhe a essência do coração, sentiu-se condoído com a dureza dos seus corações! Em segundo lugar, Jesus, mesmo estando olhando para os Seus acusadores, abre a Sua boca para falar com aquele anônimo personagem que estava enfermo. A eloquência do texto bíblico fala por si só: “E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra.” [Marcos 3:5].

Ainda que um ambiente de incredulidade estivesse dominando aquele ambiente, Jesus encontrou na vida daquele desconhecido enfermo, uma ocasião para, a um só tempo, confrontar a falsa religiosidade daqueles que O observavam e manifestar Sua incomparável compaixão para restaurar a saúde daquele enfermo. Ninguém pode ser considerado anônimo para com Jesus, pois Ele conhece a todos, contempla, como ninguém, a história de todos os seres humanos, e possui um inesgotável estoque de misericórdia e compaixão para distribuir com todos aqueles que estão a Sua procura e necessitam da Sua intervenção.

A. M. Cunha