domingo, 5 de junho de 2022

EVANGELHO SEGUNDO LUCAS - CAPÍTULO 13

“Saraiva” era o nome de um dos mais famosos personagens de Francisco Milani. Esse personagem foi responsável pela divulgação de um conhecido bordão cuja propósito era transmitir a ideia de “tolerância zero” com relação às perguntas que eram feitas sem a devida cautela.

O capítulo 13 do Evangelho Segundo Lucas conta-nos a parábola de certo homem que possuía uma figueira plantada em sua vinha. Esse homem, é bom que se diga, não poderia ser comparado ao Sr. “Saraiva” de Francisco Milani, uma vez que “tolerância zero” parecia não ser o seu lema de vida. Por outro lado, bem que ele poderia ser chamado de “tolerância três”, pois três foi o número de anos em que ele, sem sucesso, havia procurado fruto numa das figueiras que existia em sua vinha, para só então decidir cortá-la.

O texto de Lucas 13:6-7 possui a seguinte narrativa: “Então, Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não acho; podes cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra?”.

A parábola apresenta ainda outro personagem, o viticultor, um funcionário do dono da vinha, que, movido por compaixão, suplicou ao dono da vinha que lhe concedesse mais um ano de tratamento para aquela figueira. As palavras que ele proferiu foram as seguintes: “Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la” [Lucas 13:8-9]. A compaixão sempre se predispõe a conceder uma nova oportunidade para o nosso próximo! Porém, a compaixão não se caracteriza apenas por uma mera concessão de uma nova oportunidade para alguém, mas, por vezes, ela impõe àquele que a exerce, um pouco mais de comprometimento e trabalho para que os meios necessários para a frutificação aconteçam na vida do próximo. Note que o texto diz [...] até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume”. Tudo isso requer trabalho, comprometimento, cuidado e especial zelo.

Quando o que está em jogo é a frutificação espiritual na vida de alguém, a filosofia da chamada “Tolerância zero” não pode dominar o nosso coração. Ao contrário, deixemos que a compaixão venha reger a sinfonia de amor que deve transbordar em nossas atitudes, de modo que, ainda que tenhamos que trabalhar um pouco mais, concedamos ao próximo uma nova oportunidade para gerar frutos!

A. M. Cunha


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