sexta-feira, 24 de maio de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE LUCAS - CAPÍTULO 22


Uma das características do ministério de Jesus foi a escolha de seguidores. Levi, conhecido como Mateus, por exemplo, foi alvo do seguinte chamado de Jesus: “Segue-me!” [Mateus 5.27]. O conteúdo das palavras desse chamado, em sua essência, revelava o fato de que o seguidor, caso pretendesse seguir Jesus adequadamente, deveria manter-se perto o suficiente dele para, de fato e com constante aprendizado, ouvir os Seus ensinamentos, obedecer as Suas ordens e seguir o Seu exemplo. Tal fato pode ser adequadamente percebido na expressão “junto dele”, contida no texto de Marcos 3.13, que nos diz: “Depois, subiu ao monte e chamou os que ele mesmo quis, e vieram para junto dele”. O capítulo 22 do Evangelho de Lucas, no entanto, demonstra que um dos seguidores de Jesus, o apóstolo Pedro, não observou à risca este princípio, pois o texto bíblico afirma que “Pedro seguia de longe” [Lucas 22.54]. Manter-se longe de Jesus é uma conduta perigosa que, inclusive, poderá fazer com que o seguidor de Cristo trilhe os tortuosos caminhos do esfriamento espiritual que culminam com a trágica atitude de negá-lo. Foi exatamente isso o que Pedro fez, e o fez por três vezes: “Mulher, não o conheço” [Lucas 22.57], “Homem, não sou” [Lucas 22.58] e “Homem, não compreendo o que dizes” [Lucas 22.60]. A cruel negação de Pedro foi drasticamente interrompida pelo canto do galo. O silêncio que se seguiu reverberava com inquietante estrondo na vulnerável alma do apóstolo. Dois foram os reflexos que se seguiram: Em primeiro lugar, Pedro lembrou-se da Palavra do Senhor que previamente havia sido proferida para revelar a fragilidade das suas convicções no que se refere a sua disposição em seguir o divino mestre. Em segundo lugar, Pedro, abandonando o lugar da queda [por isso se diz “Então, Pedro, saindo dali”], vê-se imerso no amargo choro de uma alma que percebeu o seu próprio fracasso.
Caso tais momentos de afastamento nos atinjam, que o Senhor nos dê abundante graça para sermos sensíveis o suficiente, a ponto de percebermos o Seu olhar, e, a partir dele, lembrarmo-nos de Sua Palavra e assim, arrependidos de fato de Tê-lo negado, corrermos velozmente ao encontro do Seu abraço acolhedor.
A. M. Cunha

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