segunda-feira, 7 de junho de 2021

EVANGELHO DE JOÃO - CAPÍTULO 11

Algumas pessoas experimentam momentos nos quais se deparam com o que se pode chamar de “quase morte”. Escapar com vida num cenário como esse pode ser descrito como uma situação em decorrência do qual a morte só não se tornou real por um minúsculo detalhe dos acontecimentos ou, como se diz, “escapou da morte por um triz”.

O capítulo 11 do Evangelho Segundo João apresenta um magnífico fragmento da história de Lázaro; porém, com uma significativa diferença em relação àquilo que acabamos de abordar, pois Lázaro não estava apenas diante de uma situação de “quase morte” – Ele de fato morreu! O evangelista resume esse episódio com as seguintes palavras: “Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu” [João 11:14].

Imagino que você saiba que o capítulo final da história de qualquer pessoa que se relaciona com Jesus sempre será surpreendente! Esse princípio também se aplicou na história de Lázaro, pois a seu respeito, o texto bíblico afirmou o seguinte: “Saiu aquele que estivera morto” [João 11:44]. Se em relação àquele que escapa ileso de uma situação de “quase morte”, é comum dizer que essa pessoa “nasceu de novo”, com muito mais razão se poderia dizer que Lázaro também “nasceu de novo”, pois ele, literalmente, saiu da morte para a vida!

Quando aborda o tema da salvação pela graça, o apóstolo Paulo revela sua relevante e acurada percepção teológica ao afirmar o seguinte: “Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo” [Efésios 2:4-5]. Sem dúvida, nesse texto o apóstolo Paulo está abordando o fenômeno espiritual do “novo nascimento”. E é possível perceber que ele fez uso de dois singulares vocábulos ao abordar este fenômeno: a “morte” e a “vida”.

Esses dois vocábulos também permeiam a história da ressurreição de Lázaro, pois ele estava morto e, portanto, literalmente saiu da “morte” para a “vida”. E é exatamente isso que analogamente ocorre com o “novo nascimento”: os pecadores, ou seja, aqueles que estavam mortos em seus delitos e pecados, saem da morte para a vida!

O “novo nascimento” tem sido biblicamente compreendido como a ação divina que faz com que aquele que crê em Jesus Cristo saia da morte para a vida! É por isso que, com essa perspectiva em mente, torna-se plenamente possível ter uma melhor compreensão quanto à seguinte afirmação do apóstolo Paulo: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” [Efésios 2.1].

Num certo sentido, portanto, pode-se afirmar que Lázaro, um dos membros de uma família muito amada por Jesus, quando foi ressuscitado tornou-se um recém-nascido! Seguindo essa linha de pensamento, podemos então analisar a ressurreição de Lázaro, não apenas como um fato histórico, como de fato o é, mas também como uma notável figura do novo nascimento.

Feitas essas considerações, olhemos um pouco mais detidamente para as seguintes palavras do evangelista João: “Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço. Então, lhes ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-o ir.” [João 11:44]

Sem dúvida, a ressurreição de Lázaro foi um grandioso milagre! Porém, é importante que saibamos que após aquele milagre, Jesus transmitiu uma instigante ordem para os que ali estavam: “Desatai-o e deixai-o ir”. Essa ordem de Jesus possui uma clara justificativa: Lázaro foi ressuscitado, porém, ele ainda tinha os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço. Isso, com certeza, causava-lhe sérios embaraços para andar, para movimentar suas mãos e para ver com perfeição.

Uma vez que estamos comparando a ressurreição de Lázaro com o “novo nascimento”, somos levados a concluir que o “novo nascimento”, que também é um grandioso milagre, sempre apontará para algo mais, pois, quem quer que tenha experimentado ou venha a experimentar o “novo nascimento”, sempre será apresentado a uma crucial e intransferível ordem de Jesus para o Seu povo, a saber: É necessário “desatar e deixar ir” aquele que nasceu de novo! Isso aponta para o fato de que aquele que nasceu de novo deve ser alvo de um especial cuidado por parte dos seguidores de Jesus, para que esta nova pessoa adquira a maturidade necessária e suficiente para experimentar em sua vida um “novo caráter”, “novas atitudes” e uma “nova visão”.

Muito provavelmente um recém-nascido – uma criança de colo –, é o melhor exemplo de alguém que necessita de cuidados especiais para sobreviver, pois não se têm notícias de nenhum recém-nascido que, para chegar à fase adulta, não tenha tido a necessidade de receber cuidados de um adulto.

Espiritualmente falando, a vida espiritual tem o seu início com o “novo nascimento”. Assim, todo aquele que espiritualmente é um recém-nascido, também necessita do cuidado dos outros irmãos para sobreviver, de modo que possa experimentar em sua vida esse “novo caráter”, essas “novas atitudes” e essa “nova visão”.

Olhemos novamente para a história de Lázaro: Ele saiu tendo os pés e as mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço”, o que demonstra que ele, tão logo ressuscitou, já necessitava de cuidados especiais. Sem dúvida, com os pés atados, Lázaro não poderia praticar, com total liberdade de movimentos, o seu “novo andar”. Igualmente, com as mãos atadas, ele não poderia praticar, com excelência de desempenho, suas “novas ações”. E por fim, com o rosto envolto num lenço, ele não poderia exercitar, com uma percepção ampla e profunda, a sua “nova visão”. Foi exatamente por isso que Jesus ordenou: “Desatai-o e deixai-o ir” [João 11.44].

Esta ordem de Jesus é, portanto, decisivamente uma importante figura do discipulado cristão! Como consequência de um discipulado intencional, bíblico, amoroso e comprometido, aquele que nasceu de novo receberá os cuidados necessários para que tenha as indispensáveis condições para experimentar o seu “novo andar”, dedicar-se à prática de “novas ações” e desfrutar dos gloriosos benefícios que uma “nova visão” pode proporcionar!

A. M. Cunha


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