terça-feira, 15 de janeiro de 2019

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE MATEUS - Capítulo 27


Não é tarefa das mais fáceis promover a distinção entre “arrependimento” e “remorso”. O texto de Mateus 27:3-4 lança-nos diante de uma importante luz para compreendermos uma das peculiaridades do remorso. Nesta porção das Escrituras, Judas confessa seu pecado, porém, o faz para a pessoa errada. Ele escolhe confessá-lo aos sacerdotes e anciãos e não a Jesus. A frase por ele utilizada, “Pequei, traindo sangue inocente”, embora plasticamente bonita, não tem efeitos práticos e eficazes para a obtenção do perdão!

A Escritura afirma que “Se confessarmos os nossos pecados, ele [Jesus Cristo] é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” [1 João 1:9]. Judas não confessou o seu pecado a quem o podia perdoar!

Diferentemente, porém, foi a conduta do filho pródigo. A frase por ele utilizada, “Pai, pequei contra o céu e diante de ti” [Lucas 15:21], também plasticamente bonita, teve efeitos práticos e eficazes para a obtenção do perdão! Qual a diferença, então entre o filho pródigo e Judas? O filho pródigo confessou à pessoa adequada!

A Escritura, ademais, lança diante de nós outra importante luz para identificarmos que o episódio com Judas foi meramente remorso, e não arrependimento. Assim nos diz a Escritura: “Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso [...]” [Mateus 27:3]. Os olhos de Judas mantiveram-se focados no fato de Jesus ter sido condenado, e não em reconhecer que a sua atitude para com Jesus havia sido pecaminosa. Em resumo, Judas entristeceu-se pelo fato de Jesus ter sido condenado em decorrência de sua atitude, mas não pelo fato de sua atitude ser uma atitude draticamente pecaminosa. Ele não reconheceu o seu erro, mas, tão somente, se entristeceu pelas consequências da sua atitude. A tristeza provocada pela consequência da atitude, como foi o caso de Judas, não é uma manifestação da tristeza que surge quando se reconhece que a atitude praticada foi pecaminosa! Por isso a Escritura afirmou que Judas estava simplesmente “tocado de remorso”!
A. M. Cunha

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