terça-feira, 25 de dezembro de 2018

MEDITAÇÕES NO EVANGELHO DE MATEUS - Capítulo 17


O monte da transfiguração, conforme narrativa contida no capítulo 17 do Evangelho Segundo Mateus, foi o local para o qual Jesus convidou três dos Seus discípulos: Pedro, Tiago e João. A expressão “tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte” [Mateus 17:1], sugere que aquele local havia sido escolhido para ser o ambiente onde os discípulos escolhidos experimentariam uma particular, intensa e profunda comunhão com Jesus. Eles presenciaram a transfiguração, ocasião em que o rosto de Jesus “resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz” [Mateus 17:2]

Duas figuras singulares do Velho Testamento apareceram nesse ambiente: Moisés, representante do Pentateuco, portanto, da Lei Divina e Elias, representante dos Profetas. O texto de Mateus 17:3 assegura que Moisés, Elias e Jesus dialogavam entre si. O evangelista Lucas apresenta-nos um vislumbre daquele diálogo ao assinalar que “Eles falavam com Jesus a respeito da morte que, de acordo com a vontade de Deus, ele ia sofrer em Jerusalém” [Lucas 9:31]. Dessa narrativa emerge o entendimento de que o Pentateuco e os Profetas apontam, a um só tempo, para a morte de Jesus, anunciando-a como estando em conformidade com a vontade de Deus.

Em meio ao cenário da transfiguração, Pedro começou a falar [Mateus 17:4]. Aparentemente, ele interrompeu do diálogo celestial entre Cristo e os representantes do Velho Testamento, Moisés e Elias. O conteúdo do discurso de Pedro tinha aparência de piedade, pois ele ofereceu seus esforços para edificarem três tendas: Uma para Cristo, uma para Moisés e uma para Elias. Nenhum assunto humano, ainda que tenha a mais vistosa aparência piedosa, poderia interromper um diálogo celestial. A expressão “Falava ele ainda” [Mateus 17:5], juntamente com a expressão “e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” [Mateus 17:5] foi o sinal de que Deus desejava restabelecer o diálogo celestial que havia sido interrompido, conferindo ao Seu filho a primazia no direito de ser ouvido. Dessa forma, os discípulos foram desafiados a ouvir apenas a Jesus [Mateus 17:5].

O pavor tomou conta dos discípulos ao ouvirem a voz como de muitas águas vinda da nuvem [Mateus 17:6]. Eles “caíram de bruços, tomados de grande medo”. O maravilhoso Jesus, porém, não os deixou sozinhos: Ele se aproximou, tocou-lhes com ternura e anunciou-lhes uma preciosa palavra de encorajamento: “Erguei-vos e não temais!”.

Sob a influência do toque divino e protegidos pelo consolo que adveio do divino falar, os discípulos ergueram os seus olhos e “a ninguém viram, senão Jesus” [Mateus 17:8].
A. M. Cunha

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