segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

(25) Conexões Bíblicas – A prática do perdão nos aproxima dos atos que, em sua essência, expressam aquilo que é divino.

Comentário
Abraço é uma palavra que carrega em si uma força especial. Ele pode significar uma despedida, uma gratidão, um consolo, uma felicitação ou uma evidência de perdão. Os seres humanos, quando praticam a ação de perdoar, aproximam-se dos atos que, em sua essência, expressam aquilo que é divino.
Jacó experimentou esse toque divino partindo de um ser humano. Um dos pontos marcantes de sua história foi a fuga que ele empreendeu porque seu irmão procurava matá-lo. O consolo de Esaú seria a morte de Jacó (Gênesis 27:42). Por ordem divina o reencontro dos dois tornou-se fato inevitável, pois Deus disse a Jacó: “levanta-te agora, sai desta terra e volta para a terra de tua parentela” (Gênesis 31:13). O temor dominou o coração de Jacó quando ele descobriu que não somente ele ia para Esaú, mas Esaú vinha para ele. Assim nos diz a narrativa bíblica: “também ele vem de caminho para se encontrar contigo, e quatrocentos homens com ele” (Gênesis 32:6). A reação de Jacó foi assim descrita: “Então, Jacó teve medo e se perturbou;” (Gênesis 32:7). Tal reação converteu-se na seguinte oração: “Livra-me das mãos de meu irmão Esaú, porque eu o temo, para que não venha ele matar-me e as mães com os filhos” (Gênesis 32:11). O temor de Jacó não se concretizou, o ódio carregado de peçonha mortal não se materializou. Ao contrário,“Esaú correu-lhe ao encontro e o abraçou; arrojou-se-lhe ao pescoço e o beijou; e choraram.” (Gênesis 33:4). A conduta de Esaú para com Jacó veio com o cheiro do que é divino. A força do perdão dissipou todos os temores de Jacó com relação ao seu irmão. Jacó ao final disse a Esaú: “vi o teu rosto como se tivesse contemplado o semblante de Deus” (Gênesis 33:10). De fato, a prática do perdão nos aproxima dos atos que, em sua essência, expressam aquilo que é divino. O perdão pertence ao Senhor (Daniel 9:9) e sua prática adestra o coração dos homens para temerem a Deus (Salmo 130:4).
O filho pródigo também experimentou a força do perdão. Após afastar-se voluntariamente da casa de seu pai e dissipar todos os seus bens como consequência de uma vida dissoluta (Lucas 15:13), o filho pródigo, reconhecendo o estado miserável que o acometeu, tomou a seguinte atitude: “Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti” (Gênesis 15:18). O reencontro entre os dois tornou-se inevitável. Reconhecendo sua indignidade de “ser chamado” filho, seu desejo era retornar ao ambiente da casa paternal, ainda que como um dos trabalhadores do seu pai (Lucas 15:19). O texto bíblico deixa evidente a força do perdão paterno ao dizer: “Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou” (Lucas 15:20). Aquela visão paterna, aquela compaixão, aquela corrida, aquele abraço e aquele beijo vinham carregados com a força do perdão! Ao filho pródigo lhe bastava ser um trabalhador, mas o pai afirma a sua filiação ao dizer, não apenas para o filho, mas para todos: “porque este meu filho estava morto e reviveu (Lucas 15:24).

Textos conexos
“Então, Esaú correu-lhe ao encontro e o abraçou; arrojou-se-lhe ao pescoço e o beijou; e choraram.
Gênesis 33:4

“E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.
Lucas 15:20
A. M. Cunha

Gravura extraída de: http://en.wikipedia.org/wiki/The_Return_of_the_Prodigal_Son_(Rembrandt).

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